O esmoler pontifício, monsenhor Konrad Krajewski , nega que o Santo Padre o tenha acompanhado nas suas rondas entre os marginalizados de Roma mas admite: Há sempre o risco de que venha comigo"
Roma, 29 de Novembro de 2013
Muitos já tinham imaginado a cena: um homem vestido de
branco que, na calada da noite, distribui esmola aos pobres nas ruas de
Roma. É uma das tantas “lendas urbanas” sobre o Papa Francisco mas com
um fundo de verdade.
Quem realmente executa esta actividade é monsenhor Konrad Krajewski,
esmoler de sua Santidade, que admitiu: "Quando eu lhe contava que
estava indo com eles, me perguntava se podia vir comigo".
Encontrando com um grupo de jornalistas, dom Corrado (por esse nome é
familiarmente conhecido monsenhor Krajewski no Vaticano) tratou de
forma alegre aqueles que lhe perguntavam se alguma vez o Papa o tinha
efectivamente acompanhado nas suas saídas nocturnas. “Por favor, vos peço,
façam-me outra pergunta”, disse sorrindo o bispo polaco.
Sabe-se que, durante os anos de seu ministério episcopal em Buenos
Aires, o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, normalmente era encontrado entre
as pessoas marginalizadas da capital argentina. Em Roma, porém, isso
seria logisticamente muito inconveniente , tanto para o Papa, quanto
para a Gendarmeria Vaticana. Ao Papa foi, então, desaconselhado uma
presença nocturna “on the road” por motivos de oportunidade e segurança.
"Nós rapidamente percebemos que poderia haver problemas de segurança.
É uma coisa complicada. Mas ele é assim, não pensa nos problemas”,
explicou o esmoler.
O próprio facto de que monsenhor Krajewski não tenha confirmado, nem
negado, uma presença do Papa ao seu lado, durante as visitas nocturnas
aos pobres, fez pensar que algumas vezes o Santo Padre possa ter
realmente ido.
Além disso, o prelado brincou: “Quando falo para o Papa, saio esta noite para a cidade, há sempre o risco de que venha comigo".
O que é certo é que o pontífice argentino tem particularmente no
coração a actividade do seu esmoler ao qual disse um dia: “os teus braços
serão uma extensão dos meus braços”. Cada pobre que encontre, “dom
Corrado”, abrace, dando-lhe simbolicamente o abraço do Papa.
"Olhe - disse uma vez Francisco - estes são os meus braços, são
limitados, se os estendemos aos de Corrado podemos tocar os pobres de
toda a Itália”.
Desde o momento da sua nomeação, no passado mês de Agosto, monsenhor
Krajewski , que dá voltas por Roma a bordo de um Fiat Qubo, visitou 15
casas, dormitórios e famílias necessitadas.
Há pouco tempo foi à Lampedusa, onde levou 1600 cartões telefónicos aos sobreviventes depois do último naufrágio perto da ilha.
Seguindo o conselho do mesmo Papa Francisco, o esmoler pontifício
renunciou a sua escrivaninha: “não combina contigo, você pode vendê-la”,
disse o papa. “Dom Corrado” não espera que os pobres toquem na porta dos Muros
Leoninos: é ele mesmo que sai por aí procurando-os, e também esta é uma
indicação precisa de Bergoglio.
Sempre foi o papa a dizer-lhe: "Toda vez que alguém te chame de "excelência", peça a taxa para os pobres: 5 euros!”
Normalmente monsenhor Krajewski distribui aos pobres de 200 a 1000
euros por dia. A instituição de caridade que dirige, é definida por ele
como o "Pronto Socorro do Papa”: só em 2002, este departamento
pontifício distribuiu aos pobres um milhão (1.000.000) de euros.
Toda vez que Francisco encontra o seu esmoler, pergunta se precisa de
dinheiro. Um vez lhe disse: “a conta está boa quando está vazia,
significa que o dinheiro saiu para fazer o bem”.
in
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