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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Morre aos 94 um bispo que passou 23 anos na cadeia por defender a Igreja Católica na China

Actualizado 14 de Novembro de 2013

Fides 

O bispo Liu Guandong em 2006
Em 28 de Outubro regressou à casa do Pai, com a idade de 94 anos, Pedro Liu Guandong, bispo emérito da Prefeitura Apostólica de Yixian (Yihsien), na província de Hebei (China continental).

O Prelado nasceu em 19 de Junho 1919 no condado de Qingyuan, província de Hebei. Em 1935 entrou no seminário e em 29 de Junho de 1945 foi ordenado sacerdote.

Encarcerado por defender a Igreja Católica
Em 1955 foi encarcerado pela primeira vez por causa da sua oposição à criação da Igreja independente da China. Em 1958 foi novamente detido pela sua dissidência contra a Associação patriótica dos católicos chineses.

Depois de 23 anos de prisão, foi libertado em 1981. Apenas saiu da cadeia, apesar de que lhe foi solicitado explicitamente que não se ocupasse da Igreja, dedicou-se com todas as suas forças à evangelização e à renovação da Igreja na China.

Bispo Coadjutor
Em 25 de Julho de 1982, foi consagrado secretamente Bispo Coadjutor da Prefeitura Apostólica de Yixian por Francisco Javier Zhou Shanfu, a quem sucedeu em 1986, convertendo-se no terceiro Ordinário da mesma prefeitura apostólica.

De 1989 a 1992 foi submetido à reeducação através do trabalho. Em Julho de 1993, ao sofrer um ataque cardíaco e paralisia, perdeu a sua capacidade de movimento e de fala.

Protegido por fiéis, religiosas e sacerdotes
Apesar do seu precário estado de saúde, foi submetido a prisão domiciliária, mas tratado com afecto pelos fiéis, as religiosas e os seus sacerdotes, que em 1997 o arrebataram do controlo da polícia ocultando-o. Passou, o resto dos seus dias na terra imobilizado pela idade e a longa enfermidade.

Segundo a recordação daqueles que o tiveram como Pastor, e choram pela sua perca, o bispo Pedro Liu sempre viveu no meio do seu povo com grande humildade e com fé firme.

Com o fim de preservar a fé católica das manipulações do regime ou dos controlos injustos, manteve uma posição clara, e sem nenhum compromisso.

Exemplar intérprete da comunhão com o Papa
Era considerado um homem de Deus, um homem de fé, um bom pastor que dá a sua vida pelas suas ovelhas, e, sobretudo, um exemplar intérprete da comunhão com o Papa, pela qual sofreu muito.

Digno sucessor dos Apóstolos, foi um homem de profunda espiritualidade: as pessoas que viveram junto a ele recordam que várias vezes durante o dia se dedicava à oração e especialmente ao rezar do Rosário.

Alguns observadores crêem que com a sua morte se pôs fim a uma era histórica da Igreja na China, mas as novas gerações hoje caminham atrás das pegadas do seu valente testemunho da fé.


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