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segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A comovedora oração de um soldado soviético convertido antes de morrer na batalha

«Disseram-me sempre que Tu não existes» 

Um jovem soldado russo escreve durante a guerra
O pregador do Papa, o padre Raniero Cantalamessa, conta o testemunho de um jovem soldado russo, ao qual quando morreu na II Guerra Mundial encontraram uma preciosa oração no bolso do seu casaco.

Actualizado 13 de Novembro de 2013

Javier Lozano / ReL

Uma das essências do comunismo que se evidenciou de maneira mais clara onde esta ideologia totalitária se pôs em prática foi a de tentar arrancar a alma à pessoa, tentar arrebatar-lhe o seu ser espiritual para que passe a ser unicamente um número, um ente ao serviço dos interesses do partido ou do estado. China, Coreia do Norte ou a URSS são alguns exemplos disso.

A URSS foi um claro exemplo disso e tentou eliminar a religião e a fé do seu povo. O seu radical programa de ateísmo deixou um país muito diminuído espiritualmente, com muita gente que não conhece Deus e que não encontra um sentido à sua vida. Sem dúvida, o comunismo não pode vencer e são numerosos os exemplos de conversão no meio da perseguição e da perseverança numa fé inquebrantável que nenhum partido nem nenhum corpo de inteligência pode apagar.

A perseguição alimenta a fé e assim ficou acreditado. Na URSS floresceram vocações no meio de uma educação ateísta e anticristã e inclusive em ocasiões as autoridades soviéticas não puderam travar a religiosidade popular do povo.

Isto mesmo ocorreu com milhares de jovens soldados russos durante a II Guerra Mundial.

Apesar de que tinham sido educados no ateísmo soviético muitos deles encomendavam-se à Virgem de Kazán e outros tantos ainda que não tivessem ouvido falar de Deus, encontravam a fé no meio da batalha. Como ocorria isto só Deus o sabe.

De facto, o pregador da Casa Pontifícia, o padre Raniero Cantalamessa durante uma homília recordou uma preciosa história sobre um destes jovens soldados russos durante a II Guerra Mundial.

Contava o frade capuchinho como introdução a esta história que “a fé não exime os crentes da angústia de ter que morrer, mas a alivia com a esperança. O prefácio da missa da manhã disse: ‘se nos entristece a certeza de ter que morrer, consola-nos a esperança da imortalidade futura’.

Deste modo, enquadra este “comovedor testemunho” na Rússia soviética e conta como em 1972 se publicou numa revista clandestina a oração encontrada no bolso do casaco do soldado Aleksander Zacepa.

Acharam-no morto mas a oração tinha sido escrita poucas horas antes da batalha na qual perdeu a vida durante a guerra. Tinha sido preparado por Deus para este momento.

O jovem soldado dirige-se a um Deus que não conhecia, de que não lhe tinham falado. Mas no meio da morte tinha-o descoberto e ainda sabendo que a sua vida estava em jogo confessava já não ter medo de morrer pois tinha descoberto precisamente onde estava a verdadeira vida.

Esta é a oração íntegra achada no bolso de Aleksander Zacepa:

Escuta, oh Deus! Na minha vida não falei nem uma só vez contigo,
mas hoje me vem vontade de fazer festa.
Desde pequeno disseram-me sempre que Tu não existes...
E eu, como um idiota, acreditei.

Nunca contemplei as tuas obras,
mas esta noite vi desde a cratera de uma granada o céu cheio de estrelas
e fiquei fascinado pelo seu resplendor.
Nesse instante compreendi que terrível é o engano...

Não sei, oh deus, se me darás a tua mão,
mas digo-te que Tu me entendes...
Não é algo raro que no meio de um espantoso inferno
se me tenha aparecido a luz e te tenha descoberto?

Não tenho nada mais para dizer-te.
Sinto-me feliz, pois conheci-te.
À meia-noite temos que atacar,
mas não tenho medo,
Tu nos vês.

Deram o sinal!
Tenho que ir.
Que bem se estava contigo!
Quero dizer-te, e Tu o sabes, que a batalha será dura:
talvez esta noite vá tocar à tua porta.
E se bem que até agora não fui teu amigo, quando vá,
deixar-me-ás entrar?

Mas, que se passa comigo? Choro?
Meus Deus, olha o que me aconteceu.
Só agora comecei a ver com claridade...
Meus Deus, me vou... Será difícil regressar.
Que raro, agora a morte não me dá medo".


in

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