O Papa em Santa Marta denuncia o espírito mundano: o "espírito do progressismo adolescente" e a "globalização de uniformidade hegemónica"
Roma, 18 de Novembro de 2013
Que o mundanismo é um dos piores inimigos do homem, do
cristão, o Papa Francisco disse mais de uma vez. Hoje em Santa Marta, o
Papa foi ainda mais longe e advertiu contra o "espírito do mundo que
negocia tudo" até mesmo a fé, e sua progenie. Antes de tudo o
"progressismo adolescente" que, como adolescentes entusiastas, precisa
ceder a tudo e tentar de tudo. E depois, a "globalização", ou, aquele
pensamento único que - como afirmado por Bento XVI na Missa da Epifania
de 2008: "Não é sinónimo de ordem mundial, mas sim outra coisa”.
Devido a estes males, adverte Papa Francisco, acaba-se negociando
não só os valores, mas a própria fé. E este é um risco grave. O
mundanismo é, de fato, o dilema do nosso tempo, mas suas origens são
antigas, desde os Macabeus. O Papa parte da primeira leitura de hoje,
para explicar a "raiz perversa" do mundanismo. Nesta, alguns homens
“perversos", no comando dos israelitas, convencem o povo de Deus a ir
tratar com o rei, para "negociar" com as outras nações para que Israel
não fosse isolada. Ao fazer isso, os israelitas abandonaram suas
tradições e costumes; se “uniram às nações e se venderam para fazer o
mal".
Em outras palavras, diante de uma proposta mundana - disse o Papa - o
povo escolhido acaba se afastando de Deus e se aproxima do "espírito do
progressismo adolescente", pelo qual se acredita que "avançar em
qualquer escolha é melhor do que permanecer no hábito da fidelidade".
Nessas negociações com o rei, Israel contraria a "fidelidade ao Deus
sempre fiel". E isso - destaca o Papa - é chamado de "apostasia",
"adultério", porque negocia "o essencial do seu ser: a fidelidade ao
Senhor".
"É precisamente o fruto do diabo", acrescenta duramente Bergoglio, um
fruto "do príncipe deste mundo, que nos conduz com o espírito do
mundanismo". E por consequência: "assumiram os hábitos dos pagãos" e "o
rei prescreveu em todo o seu reino que todos formassem um só povo e
cada um abandonasse as próprias tradições". Chegando assim a uma
"globalização de uniformidade hegemónica", que - diz o Papa - "não é a
bela globalização da unidade de todas as nações, em que estão unidas e
cada uma tem suas próprias tradições, é precisamente o “pensamento
único”: “fruto do mundanismo”.
"Todos os povos adaptaram-se às ordens do rei- continuou o Papa,
referindo-se à leitura - aceitaram até mesmo o seu culto, sacrificaram
ídolos e profanaram o sábado”. Por fim, o “rei suscitou uma abominável
devastação sobre o altar”.
"Isso acontece até hoje!" – comentou Bergoglio- "porque o espírito
do mundanismo ainda existe hoje, ainda hoje nos conduz neste desejo de
ser progressista sobre um pensamento único. Se alguém fosse encontrado
com o Livro da Aliança e se alguém obedecesse a lei, a sentença do rei o
condenava a morte: e isso nós lemos nos jornais, nos últimos meses”.
"Esse povo – acrescentou- negociou a fidelidade ao seu Senhor; esse
povo, movido pelo espírito do mundo, negociou a própria identidade,
negociou a pertença a um povo, um povo que Deus ama tanto, que Deus quer
como seu povo”.
O Papa fez referência ao romance do século XX - Mestre do Mundo -
que se concentra sobre "o espírito de mundanismo que leva à apostasia".
Hoje, afirma o papa, pensam que "temos de ser como todo mundo, temos
que ser mais normal, como todo mundo faz, neste progressismo
adolescente". Mas depois, “a história continua", ou seja, “a pena de
morte, os sacrifícios humanos". "Vocês acham que hoje não existem mais
sacrifícios humanos?" - pergunta o pontífice- "existem muitos, muitos! E
existem leis que os protegem".
Diante deste cenário sombrio e incerto, não devemos perder a
esperança. Porque - diz Bergoglio - neste "caminho de infidelidade"
traçado com o "espírito do mundo" pelo "príncipe deste mundo", conforta
-nos saber que “sempre está o Senhor que não pode renegar a si mesmo, o
Fiel: Ele sempre nos espera, Ele ama-nos tanto, e Ele perdoa-nos quando
nós, arrependidos por qualquer passo, por qualquer pequeno passo neste
espírito de mundanidade, nós vamos ter com Ele, o Deus fiel perante o
Seu povo que não é fiel” – disse o Papa -.
Então, exorta o Papa “com o espírito de filhos da Igreja rezemos ao
Senhor para que com a Sua bondade, com a sua fidelidade nos salve deste
espírito mundano que negoceia tudo; que nos proteja e nos faça andar
para a frente, como fez caminhar o Seu povo no deserto, levando-o pela
mão, como um pai leva o seu menino. Na mão do Senhor estamos seguros.”
in
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