Conselho Pontifício para os Leigos quer repropor o estudo da carta apostólica Mulieris dignitatem, do beato João Paulo II
Roma, 26 de Setembro de 2013
O Conselho Pontifício para os Leigos quer repropor o estudo
da carta apostólica Mulieris dignitatem, do beato João Paulo II, no ano
do vigésimo quinto aniversário da publicação. Desta vez, o foco da
reflexão é a significativa frase que dá título ao seminário: “Deus
confia o ser humano à mulher”.
Nesta frase, explica o dicastério, "poderíamos dizer que o papa
recopila as intuições da reflexão que ele propôs 'em forma de meditação'
ao longo do documento, e esclarece pontos sobre a específica dignidade e
vocação da mulher".
O seminário analisará as mudanças históricas na imagem da mulher,
indagará se essas mudanças significaram uma renúncia das mulheres ao seu
papel e avaliará as múltiplas faces da crise cultural de hoje. Reflectirá ainda sobre o papel da mulher na construção da civilização do
amor, tentará colocar alguns princípios teóricos necessários para a
salvaguarda do humanum e apresentará propostas para uma nova civilização
do amor.
O intercâmbio de ideias e o debate também terão espaço no seminário.
Espera-se, assim, que o encontro amplifique o convite do papa Francisco,
feito na missa de início do pontificado a todos os homens e mulheres de
boa vontade: ser “guardiões da criação, do plano de Deus inscrito na
natureza, guardiões do outro, do meio ambiente”, sem permitir “que os
sinais de destruição e de morte acompanhem o caminho deste nosso mundo”.
Para o aprofundamento na carta apostólica de João Paulo II, um
comunicado publicado pelo dicastério explica que “a partir de uma breve
referência às mudanças na vida da mulher durante os anos precedentes, o
papa chama a nossa atenção para aquilo que, no meio de tantas mudanças,
permanece firme porque é fundado em Cristo, o mesmo ontem, hoje e pelos
séculos”.
Prosseguindo, o papa polaco apresenta o conceito da “ordem do amor”,
que o ajuda a definir o que é específico da feminilidade. A mulher tem,
em palavras de João Paulo II, "uma espécie de 'profetismo' particular
na sua feminilidade (MD, 29), porque, de modo particular, é ela que
recebe amor para poder amar, e não apenas na relação específica do
casamento, mas como a sua característica mais universal, que, por isso,
pode ajudar a compreender a especificidade feminina".
A partir do papel específico da mulher na “ordem do amor” e de uma
reflexão sobre o paradigma bíblico da mulher, João Paulo II propõe neste
documento uma importante conclusão: “A força moral da mulher, a sua
força espiritual, se une à consciência de que Deus lhe confia de modo
especial o homem, o ser humano. Naturalmente, cada homem é confiado por
Deus a todos e a cada um. Esta entrega, porém, refere-se especialmente à
mulher, especialmente em razão da sua feminidade, e isso decide
principalmente a sua vocação” (MD, 30).
Esta frase será o ponto de partida para o estudo proposto pelo
Conselho Pontifício para os Leigos aos participantes no próximo
seminário de estudos. Com o passar dos anos, diz o comunicado, “parece
crescer cada vez mais entre os nossos contemporâneos o que o papa Bento
XVI chamava de ‘estranho ódio de si mesmos’, que se traduz em múltiplas
expressões de mal-estar, como a crise de identidade masculina e
feminina, a crescente influência da ideologia de géneros, a difusão da
cultura da morte (aborto, mentalidade contraceptiva, eutanásia), a
deterioração das relações humanas provocada pela ‘revolução sexual’, a
emergência educativa, a lei que se torna aliada do subjectivismo ético,
para mencionar somente algumas”.
in
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