O novo reitor da Universidade Europeia de Roma, o Padre Luca Gallizia, fala sobre a missão do seu ateneu
Roma, 25 de Setembro de 2013
Atingido o seu nono ano lectivo de actividade, a Universidade
Europeia de Roma viu a mudança de seu reitor. Padre Paolo Scarafoni LC,
que dirigiu o ateneu fundado pelos Legionários de Cristo desde a sua
fundação em 2005, cedeu o seu lugar ao padre Luca Gallizia LC.
Conforme relatado a ZENIT pelo padre Gallizia, os próximos anos lectivos serão a oportunidade da UER desenvolver a própria vocação
plenamente: uma universidade moderna e dinâmica na abordagem da
realidade e da cultura, mas firmemente enraizada em uma multisecular
tradição cristã e aberta não apenas à erudição técnico-científica, mas à
formação humana integral dos profissionais do futuro.
ZENIT: Padre Luca, qual é, em síntese, o programa da sua reitoria?
Padre Luca Gallizia: Na verdade, para este ano lectivo, a minha
intenção é focar na continuidade em relação ao trabalho desenvolvido
antes de mim, especialmente em tantos elementos positivos que a
universidade já possui e que devem ser desenvolvidos e levados à sua
plenitude. A minha intenção, portanto, é a de consolidar com a ajuda de
todo o corpo docente e do pessoal administrativo, este projecto educativo
que tem uma grande potencialidade, que precisa ser levado adiante e
apoiado. Naturalmente toda novidade deve ser apoiada: temos em projecto a
abertura de uma nova área científica, a da engenharia
civil/arquitectura, que não foi possível realizar este ano mas que
permanece no projecto. Continuaremos depois a valorizar as colaborações
com as outras universidade e o diálogo aberto com as instituições.
ZENIT: Por causa da crise económica, em todas as universidade
italianas, especialmente ateneus privados, continua um declínio no
número de inscritos. Também a UER está sofrendo esse fenómeno?
Padre Luca Gallizia: Nós não sofremos uma queda, mas pelo contrário,
observamos um leve crescimento, embora não muito significativo, dos
inscritos. Para este ano académico – ainda que não tenhamos dados
definitivos – houve um aumento entre os estudantes que participaram das
provas de admissão. São elementos que nos incentivam e que podem ser
causados por muitos factores, a partir da atenção que uma universidade
como esta - privada, de pequeno porte, inspirada nos valores do
cristianismo – dá ao valor da pessoa. Nosso lema é: Formamos pessoas,
preparamos profissionais. A nossa finalidade, portanto, não é somente
técnico-científica, mas temos uma inspiração formativa integral. Eu
acredito que os jovens percebam esta atenção personalizada, este
espírito de acolhida, este esforço a mais de ir a eles de de dar-lhes as
ocasiões de formação extra-curricular, que são facultativas mas que
criam também um ambiente de estímulo e de acolhida no qual o jovem se
sente acompanhado e incentivado a fazer frutificar todos os próprios
talentos. Talvez seja por esta razão que vários estudantes fizeram a
escolha de uma universidade deste tipo. Também as famílias têm um desejo
de oferecer aos filhos um ambiente formativo que os acompanhe e saiba
ajudar-lhes em problemáticas específicas que podem surgir em seu
caminho.
ZENIT: O senhor é um sacerdote Legionário de Cristo, que
dirige uma universidade laica. Quais são os aspectos de catolicismo que
desenvolvem o valor laico da educação?
Padre Luca Gallizia: Eu acho que existe uma vocação específica da
universidade católica com relação à federal. Em comum têm a missão de
transmitir uma bagagem de formação e informação também com a finalidade
da inclusão do jovem no mundo do trabalho. Além desta finalidade, os
mesmos sumo pontífices quiseram sublinhar uma especificidade:
especialmente Bento XVI explicou melhor a vocação à uma dimensão
técnico-científica que se abre a uma dimensão mais alta, integral da
pessoa. É aquilo que o Papa Ratzinger chamou de “expansão da
racionalidade", uma racionalidade que não se fecha em si mesma, que não
cai no utilitarismo mas que está aberta aos valores que respondem às
perguntas mais profundas do coração do homem e que estes estudantes
depois estarão servindo na sociedade. Os anos de formação, portanto,
também devem ser anos de crescimento do aluno. Temos excelentes
testemunhos de jovens que concluíram o seu percurso académico e que
narram como para eles a universidade tenha sido uma ocasião de
crescimento pessoal: estes estudantes acreditam ter experimentado um
amadurecimento não só intelectual, mas também pessoal, relacional, de
responsabilidade com a sociedade. São elementos que nos encorajam a
seguir adiante com a nossa missão.
ZENIT: No mundo de hoje, tão decadente e secularizado, qual
papel pode ter uma universidade tão firmemente ancorada aos valores
cristãos ?
Padre Luca Gallizia: A proposta cristã oferece algumas certezas
fundamentais sobre as quais construir a própria vida. O cristianismo é
sempre uma proposta aberta, nunca se impõe; ao mesmo tempo é uma
proposta que tem raízes sólidas, que se insere em uma tradição de
pensamento acompanhada por uma cadeia de testemunhos de adesão pessoal,
muitas vezes heróica, aos valores da fé cristã. O cristianismo,
portanto, nos oferece um caminho de continuidade com o nosso passado e
com a nossa história que toca todas as dimensões da pessoa. Nesta cadeia
de testemunhos, estou convencido de que um papel muito importante o tem
os jovens como modelo e como testemunho.
ZENIT: O Papa Francisco exorta muitas vezes os católicos a
“ir às periferias”. Quais são as periferias que a UER faz com que os
seus estudantes explore?
Padre Luca Gallizia: Oferecemos aos jovens uma série de programas de
responsabilidade social que estão inseridos na grade académica, por isso
não se trata de mero voluntariado, mas de uma proposta que está
inserida no seu percurso, ao qual os estudantes, ao longo de um ano académico, devem dedicar diversas horas, comprometendo-se em um dos projectos de responsabilidade que são oferecidos ao logo do tempo. Estes projectos permitem aos jovens – em alguns casos pela primeira vez na vida
– entrar em contacto com realidades de marginalização, de pobreza, de
emergência, de contacto com o sofrimento das pessoas e das famílias, como
nos hospitais ou casas familiares. Em alguns casos estas experiências
são feitas no exterior, como as missões no México e na Etiópia. São
ocasiões importantes não somente académicas: não se trata de lições abstractas mas de experiências nas quais o jovem é convidado e
incentivado a entrar em contacto com estas periferias de modo não
teórico: não é um estudo, nem uma tese, mas é a experiência. Observemos
como esse elemento característico da nossa formação seja extremamente
importante e de acordo com a vocação que falamos. O projecto humanitário
da Etiópia foi adoptado como um projecto internacional da universidade. Há
muitos anos que se organizam as missões de Verão. Padre Paolo
Scarafoni, meu predecessor, que tem permitido seja estudantes que
professores a fazerem esta experiência e de ajudar na prática esta
realidade de marginalização. Entre as actividades de responsabilidade
social, uma novidade deste ano é o laboratório teórico e prático de
comunicação, dirigido pelo jornalista Carlo Climati. Irá explorar as
diferentes formas de comunicação no mundo de hoje: do jornalismo às
redes sociais, da música ao rádio, da televisão ao diálogo na vida quotidiana. Os jovens serão incentivados a ver os outros com um olhar
novo, a criar linguagens que possam representar uma ponte para todos,
contribuindo para a destruição dos muros, obstáculos, desconfianças e
suspeitas.
in
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