Carta dos Bispos cubanos que pedem também reformas políticas Havana
Havana, 17 de Setembro de 2013
“As esperanças de um futuro melhor incluem também uma nova
ordem política”, se lê na carta pastoral dos Bispos católicos cubanos
intitulada “A esperança jamais desilude” (“La esperanza no defrauda”),
que convida o governo do presidente Raul Castro a realizar reformas
políticas democráticas para acompanhar as mudanças económicas que
abriram um espaço à iniciativa privada. Há cerca de 20 anos, a Igreja
cubana não se expressava em termos tão directos sobre este tema.
Na mensagem, enviada à Agência Fides, a Conferência Episcopal
destaca: “Como aconteceu no caso da economia, acreditamos que seja
imprescindível na nossa realidade cubana uma actualização também da
legislação nacional no que diz respeito à ordem política"
("Actualizacion", Actualização, é a denominação do processo de reforma económica). A Conferência Episcopal, presidida pelo Bispo de Santiago de
Cuba, Dom Dionisio Garcia, evidencia que “Cuba é chamada a ser uma
sociedade pluralista, a soma de muitas realidades cubanas”, porque “Cuba
é a nação de todos os cubanos, com suas diferenças e aspirações”. “Deve
existir o direito à diversidade em relação ao pensamento, à
criatividade, à busca da verdade. Da diversidade nasce a necessidade de
diálogo”, se lê no texto dos Bispos, que pedem o diálogo também para
favorecer a “reconciliação nacional”.
A visita do Papa, a devoção a Nossa Senhora "Madre de El Cobre", Bem
Comum e Liberdade como fontes de esperança, são os temas que introduzem o
documento, em 43 pontos, que convida a uma séria reflexão cristã. “As
mudanças encorajam a esperança do nosso povo”, destacam o Bispos sobre a
história recente, motivando assim seus pedidos às autoridades.
A Igreja Católica, que nos anos precedentes viveu relações muito
tensas com Fidel Castro, se tornou agora o único interlocutor do governo
comunista, desde que o Cardeal Jaime Ortega, Arcebispo de Havana, e o
presidente Raul Castro iniciaram, em 2010, um diálogo sem precedentes,
que levou, entre outras coisas, à libertação de cerca de 130
prisioneiros políticos.
Os Bispos pedem ainda ao presidente Raul Castro “que encoraje novas
iniciativas de diálogo” com os Estados Unidos, com os quais não existem
relações diplomáticas e que mantêm o embargo económico à ilha há meio
século. Por fim, a carta, assinada pelos 13 Bispos da Conferência
Episcopal local, se dirige aos jovens e às famílias, definidos a
esperança da Pátria e da Igreja.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário