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sábado, 28 de setembro de 2013

Liturgia da palavra para crianças

Coluna litúrgica do pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e director espiritual


Roma, 27 de Setembro de 2013


Um leitor dos Estados Unidos enviou ao pe. Edward McNamara a seguinte pergunta:

A terceira edição do Missal Romano ainda propõe uma Liturgia da Palavra para as crianças? Há determinações específicas para a missa de domingo com elas? Se sim, quem a preside? Ou é o caso de dar papel e lápis de cor às crianças e pedir que elas pintem alguma história bíblica? - R.V., Glendale Heights, Illinois, EUA.

A nova edição do Missal Romano não aboliu nenhum directório especial introduzido anteriormente. Portanto, as normas estabelecidas no “Directório para as Missas com Crianças” permanecem em vigor.

No que diz respeito à Liturgia da Palavra para as crianças dentro da paróquia, as disposições do Directório de 1973 ainda são válidas, como, por exemplo, nos seguintes números:

16. Em muitos lugares, principalmente aos domingos e nos dias de festa, celebram-se missas paroquiais de que não poucas crianças participam juntamente com grande número de adultos. Nestas ocasiões, o testemunho dos fiéis adultos pode ter grande efeito junto a elas. Mas também eles recebem um proveito espiritual ao perceber, em tais celebrações, o papel que as crianças desempenham na comunidade cristã. Se nestas missas participam as crianças junto com seus pais e outros parentes, fomenta-se grandemente o espírito cristão da família. As próprias criancinhas, que não podem ou não querem participar da missa, podem ser apresentadas ao final da mesma para receber a bênção juntamente com a comunidade, depois que, por exemplo, algumas pessoas auxiliares da paróquia as tenham entretido durante a missa, em lugar separado.

17. Entretanto, nas missas deste género, deve-se precaver cuidadosamente para que as crianças não se sintam esquecidas em virtude da incapacidade de participar e entender aquilo que se realiza e proclama na celebração. Leve-se, pois, em consideração a sua presença, por exemplo, dirigindo-se a elas com certas monições apropriadas no começo e no final da missa, em alguma parte da homilia, etc. Mais ainda, de vez em quando, se o permitirem as circunstâncias do lugar e das pessoas, pode ser conveniente celebrar com as crianças a Liturgia da Palavra com a sua homilia, em lugar separado, mas não distante demais, e logo ao iniciar-se a Liturgia Eucarística, sejam reunidas aos adultos, no lugar onde estes celebraram a Liturgia da Palavra.

Quando se organiza a Liturgia da Palavra por separado, é sempre preferível que a homilia seja feita por outro sacerdote ou diácono. No entanto, o nº 24 do directório permite algumas excepções a esta regra geral, afirmando que nada impede que um adulto que participa com as crianças na missa, "com o consentimento do pároco, dirija a palavra às crianças após o evangelho, especialmente se o sacerdote tem dificuldade de se adaptar à mentalidade delas crianças [...]”.

Quanto ao conteúdo desta Liturgia da Palavra, o Directório diz:

41. Como as leituras da Sagrada Escritura constituem “a parte principal da liturgia da Palavra”, nunca pode faltar a leitura da Bíblia mesmo nas missas para crianças.

42. Com relação ao número das leituras para os domingos e dias de festa, devem ser observadas as normas dadas pelas Conferências Episcopais. Se as três ou as duas leituras previstas para os domingos ou dias da semana não podem, senão com dificuldade, ser compreendidas pelas crianças, convém ler somente duas ou uma delas; entretanto, nunca falte a leitura do Evangelho.

43. Se todas as leituras determinadas para o dia não forem adequadas à compreensão das crianças, é permitido escolher as leituras ou a leitura, seja do Lecionário do Missal Romano, seja directamente da Bíblia, mas levando-se em conta os diversos tempos litúrgicos. Recomenda-se, porém, às Conferências Episcopais que elaborem lecionários próprios para as missas com crianças. Se, por causa da capacidade das crianças, parecer necessário omitir um ou outro versículo da leitura bíblica, far-se-á com cautela e de tal maneira que “não se mutile o sentido do texto ou a mente e o estilo da Escritura".

44. Entre os critérios de selecção dos textos bíblicos, há que se pensar mais na qualidade que na quantidade. Uma leitura breve nem sempre é mais adequada por si mesma à capacidade das crianças do que uma leitura mais prolongada. Tudo depende da utilidade espiritual que a leitura lhes pode proporcionar. 

45. Evitem-se as paráfrases da Sagrada Escritura, uma vez que no próprio texto bíblico “Deus fala a seu povo... e o próprio Cristo, por sua palavra, se acha presente no meio dos fiéis”. Recomenda-se, entretanto, o uso de versões talvez existentes para a catequese das crianças e que tenham sido aprovadas pela autoridade competente.

46. Entre uma leitura e outra, devem-se cantar alguns versículos de salmos escolhidos cuidadosamente para a melhor compreensão das crianças, ou um canto ao estilo dos salmos, ou o “Aleluia” com um verso simples. Porém, as crianças sempre devem tomar parte nestes cantos. Nada impede que um silêncio meditativo substitua o canto. Se for escolhida somente uma única leitura, o canto poderá ser executado depois da homilia.

47. Grande importância merecem os diversos elementos que servem para a melhor compreensão das leituras bíblicas, a fim de que as crianças possam assimilá-las e compreendam, cada vez melhor, a dignidade da Palavra de Deus. Entre estes elementos, estão as exortações que precedem as leituras e dispõem as crianças para ouvir atenta e frutuosamente, seja explicando o contexto, seja conduzindo ao próprio texto. Se a missa é do santo do dia, para a compreensão e ilustração das leituras da Sagrada Escritura pode-se narrar algo referente à vida do santo não só na homilia, como também nas monições antes das leituras bíblicas. Quando o texto da leitura assim o permitir, pode ser útil distribuir entre várias crianças suas diversas partes, tal como se costuma fazer para a proclamação da paixão do Senhor na semana santa.

48. Em todas as missas com crianças deve-se dar grande importância à homilia, pela qual se explica a Palavra de Deus. A homilia destinada às crianças pode realizar-se, algumas vezes, em forma de diálogo com elas, a não ser que se prefira que escutem em silêncio.

49. Quando, ao final da Liturgia da Palavra, proclama-se o credo, pode-se empregar com as crianças o Símbolo dos Apóstolos, posto que faz parte de sua formação catequética.

O directório faz outras recomendações práticas, tais como: "Pode ser muito útil confiar algumas tarefas ou serviços nessas missas para as crianças: elas podem, por exemplo, levar as ofertas e executar algum canto da missa" (nº 18).

Da mesma forma, nas situações em que as crianças não são separadas dos adultos: "Se o número de crianças é grande, pode ser oportuno preparar a missa de modo a corresponder melhor às suas necessidades. Neste caso, a homilia deve ser dirigida a elas, mas de modo que os adultos também possam beneficiar-se [...]” (n° 19).

***

Os leitores podem enviar perguntas para liturgia.zenit@zenit.org. Pedimos mencionar a palavra "Liturgia" no campo assunto. O texto deve incluir as iniciais do remetente, cidade, estado e país. O pe. McNamara só pode responder a uma pequena selecção das muitas perguntas que recebemos.


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