Coluna litúrgica do pe. Edward McNamara, LC, professor de teologia e director espiritual
Roma, 27 de Setembro de 2013
Um leitor dos Estados Unidos enviou ao pe. Edward McNamara a seguinte pergunta:
A terceira edição do Missal Romano ainda propõe uma Liturgia da
Palavra para as crianças? Há determinações específicas para a missa de
domingo com elas? Se sim, quem a preside? Ou é o caso de dar papel e
lápis de cor às crianças e pedir que elas pintem alguma história
bíblica? - R.V., Glendale Heights, Illinois, EUA.
A nova edição do Missal Romano não aboliu nenhum directório especial introduzido anteriormente. Portanto, as normas estabelecidas no “Directório para as Missas com Crianças” permanecem em vigor.
No que diz respeito à Liturgia da Palavra para as crianças dentro da
paróquia, as disposições do Directório de 1973 ainda são válidas, como,
por exemplo, nos seguintes números:
16. Em muitos lugares, principalmente aos domingos e nos dias de
festa, celebram-se missas paroquiais de que não poucas crianças
participam juntamente com grande número de adultos. Nestas ocasiões, o
testemunho dos fiéis adultos pode ter grande efeito junto a elas. Mas
também eles recebem um proveito espiritual ao perceber, em tais
celebrações, o papel que as crianças desempenham na comunidade cristã.
Se nestas missas participam as crianças junto com seus pais e outros
parentes, fomenta-se grandemente o espírito cristão da família. As
próprias criancinhas, que não podem ou não querem participar da missa,
podem ser apresentadas ao final da mesma para receber a bênção
juntamente com a comunidade, depois que, por exemplo, algumas pessoas
auxiliares da paróquia as tenham entretido durante a missa, em lugar
separado.
17. Entretanto, nas missas deste género, deve-se precaver
cuidadosamente para que as crianças não se sintam esquecidas em virtude
da incapacidade de participar e entender aquilo que se realiza e
proclama na celebração. Leve-se, pois, em consideração a sua presença,
por exemplo, dirigindo-se a elas com certas monições apropriadas no
começo e no final da missa, em alguma parte da homilia, etc. Mais ainda,
de vez em quando, se o permitirem as circunstâncias do lugar e das
pessoas, pode ser conveniente celebrar com as crianças a Liturgia da
Palavra com a sua homilia, em lugar separado, mas não distante demais, e
logo ao iniciar-se a Liturgia Eucarística, sejam reunidas aos adultos,
no lugar onde estes celebraram a Liturgia da Palavra.
Quando se organiza a Liturgia da Palavra por separado, é sempre
preferível que a homilia seja feita por outro sacerdote ou diácono. No
entanto, o nº 24 do directório permite algumas excepções a esta regra
geral, afirmando que nada impede que um adulto que participa com as
crianças na missa, "com o consentimento do pároco, dirija a palavra às
crianças após o evangelho, especialmente se o sacerdote tem dificuldade
de se adaptar à mentalidade delas crianças [...]”.
Quanto ao conteúdo desta Liturgia da Palavra, o Directório diz:
41. Como as leituras da Sagrada Escritura constituem “a parte
principal da liturgia da Palavra”, nunca pode faltar a leitura da Bíblia
mesmo nas missas para crianças.
42. Com relação ao número das leituras para os domingos e dias de
festa, devem ser observadas as normas dadas pelas Conferências
Episcopais. Se as três ou as duas leituras previstas para os domingos ou
dias da semana não podem, senão com dificuldade, ser compreendidas
pelas crianças, convém ler somente duas ou uma delas; entretanto, nunca
falte a leitura do Evangelho.
43. Se todas as leituras determinadas para o dia não forem
adequadas à compreensão das crianças, é permitido escolher as leituras
ou a leitura, seja do Lecionário do Missal Romano, seja directamente da
Bíblia, mas levando-se em conta os diversos tempos litúrgicos.
Recomenda-se, porém, às Conferências Episcopais que elaborem lecionários
próprios para as missas com crianças. Se, por causa da capacidade das
crianças, parecer necessário omitir um ou outro versículo da leitura
bíblica, far-se-á com cautela e de tal maneira que “não se mutile o
sentido do texto ou a mente e o estilo da Escritura".
44. Entre os critérios de selecção dos textos bíblicos, há que se
pensar mais na qualidade que na quantidade. Uma leitura breve nem sempre
é mais adequada por si mesma à capacidade das crianças do que uma
leitura mais prolongada. Tudo depende da utilidade espiritual que a
leitura lhes pode proporcionar.
45. Evitem-se as paráfrases da Sagrada Escritura, uma vez que no
próprio texto bíblico “Deus fala a seu povo... e o próprio Cristo, por
sua palavra, se acha presente no meio dos fiéis”. Recomenda-se,
entretanto, o uso de versões talvez existentes para a catequese das
crianças e que tenham sido aprovadas pela autoridade competente.
46. Entre uma leitura e outra, devem-se cantar alguns versículos
de salmos escolhidos cuidadosamente para a melhor compreensão das
crianças, ou um canto ao estilo dos salmos, ou o “Aleluia” com um verso
simples. Porém, as crianças sempre devem tomar parte nestes cantos. Nada
impede que um silêncio meditativo substitua o canto. Se for escolhida
somente uma única leitura, o canto poderá ser executado depois da
homilia.
47. Grande importância merecem os diversos elementos que servem
para a melhor compreensão das leituras bíblicas, a fim de que as
crianças possam assimilá-las e compreendam, cada vez melhor, a dignidade
da Palavra de Deus. Entre estes elementos, estão as exortações que
precedem as leituras e dispõem as crianças para ouvir atenta e
frutuosamente, seja explicando o contexto, seja conduzindo ao próprio
texto. Se a missa é do santo do dia, para a compreensão e ilustração das
leituras da Sagrada Escritura pode-se narrar algo referente à vida do
santo não só na homilia, como também nas monições antes das leituras
bíblicas. Quando o texto da leitura assim o permitir, pode ser útil
distribuir entre várias crianças suas diversas partes, tal como se
costuma fazer para a proclamação da paixão do Senhor na semana santa.
48. Em todas as missas com crianças deve-se dar grande
importância à homilia, pela qual se explica a Palavra de Deus. A homilia
destinada às crianças pode realizar-se, algumas vezes, em forma de
diálogo com elas, a não ser que se prefira que escutem em silêncio.
49. Quando, ao final da Liturgia da Palavra, proclama-se o credo,
pode-se empregar com as crianças o Símbolo dos Apóstolos, posto que faz
parte de sua formação catequética.
O directório faz outras recomendações práticas, tais como: "Pode ser
muito útil confiar algumas tarefas ou serviços nessas missas para as
crianças: elas podem, por exemplo, levar as ofertas e executar algum
canto da missa" (nº 18).
Da mesma forma, nas situações em que as crianças não são separadas
dos adultos: "Se o número de crianças é grande, pode ser oportuno
preparar a missa de modo a corresponder melhor às suas necessidades.
Neste caso, a homilia deve ser dirigida a elas, mas de modo que os
adultos também possam beneficiar-se [...]” (n° 19).
***
Os leitores podem enviar perguntas para liturgia.zenit@zenit.org.
Pedimos mencionar a palavra "Liturgia" no campo assunto. O texto deve
incluir as iniciais do remetente, cidade, estado e país. O pe. McNamara
só pode responder a uma pequena selecção das muitas perguntas que
recebemos.
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