Francisco presenteou um sino e definiu o dia 16 de março como festa litúrgica do beato padre Brochero
Roma, 17 de Setembro de 2013
O padre Brochero é o oitavo argentino declarado beato, o
primeiro sacerdote do país nessa etapa prévia à declaração de santidade e
o primeiro a ser beatificado pelo papa Francisco.
As autoridades argentinas estimaram que 200.000 pessoas estiveram
na Villa Cura Brochero para participar da cerimónia religiosa, entre
elas 60 bispos e 1.200 sacerdotes. Também participaram o presidente da
câmara dos deputados, Julián Domínguez, em representação da presidente
Cristina Kirchner, o governador de Córdoba, José Manuel Sota, o
governador de San Juan, José Luis Gioja, e o secretário de Culto,
Guillermo Olivieri.
A celebração da beatificação foi presidida pelo prefeito da
Congregação para as Causas dos Santos, cardeal Angelo Amato, na
comunidade cujo nome vem do padre que levou o evangelho e o progresso a
lombo de mula até os mais necessitados da região. Uma imagem gigante do
primeiro sacerdote argentino beato foi exibida no altar, em meio aos
aplausos da multidão. O cardeal Amato anunciou nesse momento a data da
festa litúrgica do padre Brochero, 16 de Março, “nos lugares e modos
estabelecidos”.
O presidente da Conferência Episcopal Argentina, dom José Maria
Arancedo, leu uma carta em que o papa destaca a figura do beato como
“pastor com cheiro de ovelha” e garante que Brochero foi um “pioneiro”
da evangelização ao levar a mensagem de Cristo às “periferias
existenciais”, tornando-se “pobre entre os pobres”.
Foi apresentado também um vídeo do momento em que o papa abençoa no
Vaticano um sino com a legenda “Brochero, um pastor com cheiro de
ovelha”, que será colocado na paróquia de Villa Cura Brochero. Ao
terminar o ritual de beatificação, as relíquias do beato foram levadas
até o altar pelo menino Nicolás Flores, beneficiado pelo milagre
reconhecido para a beatificação do cura gaucho [“padre gaúcho”, em castelhano, em referência à origem campeira do sacerdote argentino; os gauchos da Argentina compartilham as mesmas raízes dos genuínos gaúchos do sul do Brasil, ndr].
O cardeal Amato descreveu o cura Brochero, na homilia, como
um “verdadeiro benfeitor do povo argentino, que promoveu o progresso da
sociedade e o bem-estar da comunidade. Seu trabalho pela dignificação da
pessoa humana provinha da sua santidade, um traço que todos reconheciam
nele já em vida (...) Esta beatificação é só um começo para conhecermos
o padre Brochero, este sacerdote santo. Vamos imitá-lo e rezar pelas
necessidades espirituais e materiais”.
No domingo de manhã, a celebração eucarística foi realizada em acção
de graças, na esplanada do santuário de Nossa Senhora, onde se encontram
os restos do padre gaucho. Dom Santiago Olivera, bispo de Cruz
del Eje, encorajou a todos, sacerdotes, religiosas e leigos, a
encarnarem o evangelho na vida pessoal.
Também estiveram presentes na missa o núncio apostólico, dom Emil
Paul Tscherrig, o arcebispo de Mendoza, dom Carlos Maria Franzini, uma
dezena de bispos e centenas de sacerdotes. Fiéis de várias regiões da
Argentina encheram a praça central da localidade.
Brochero nasceu em 1840 em Carretera Quemada e, como sacerdote, mobilizou milhares de homens e mulheres, campesinos,
delinquentes, marginalizados, através de caminhos inóspitos para
fazê-los participar dos exercícios espirituais. O padre tinha um forte
protagonismo social e agia junto às autoridades para garantir a abertura
de estradas, canais, diques e até agências postais e de telégrafo.
Também questionava os legisladores da província de Córdoba, que "não se
interessavam pelo progresso dos seus comprovincianos", dizia ele, já que
não promoviam leis para que o trem chegasse até aqueles povoados.
João Paulo II o declarou venerável em Fevereiro de 2004 e Bento XVI
assinou em 20 de dezembro de 2012 o decreto que reconhece o milagre
atribuído à intercessão do cura gaucho: a recuperação, sem
explicação médica, de um menino com prognóstico de "vida vegetativa" e
com severos problemas neurológicos, decorrentes de um acidente
rodoviário.
in
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