De «Irmão Sol, irmã Lua», aos bairros pobres
Actualizado 10 de Agosto de 2013
P.J.G. / ReL
"Conhecer em detalhe a forma na qual o padre Pepe viveu e vive o seu sacerdócio ajuda a entender o que o Papa Francisco está pedindo à Igreja", afirma a jornalista argentina Silvina Premat, autora de uma biografia dedicada ao padre José Di Paola, mais conhecido como "Pepe, o sacerdote ‘villero’".
A jornalista de "La Nación" entrevistou duas vezes o cardeal Bergoglio acerca do padre Pepe, do seu trabalho nas vilas pobres da Argentina... E umas semanas depois o Papa Bento XVI renunciava e a Igreja elegia o Papa Francisco.
"Irmão Sol, irmã Lua"... Uma vocação!
O franciscano está na origem do sacerdote ‘villero’. Uma película que muitos consideram sentimental ou adolescente, "Irmão Sol, irmã Lua", de Zefirelli, sobre a juventude de São Francisco e Santa Clara, foi a origem da sua vocação sacerdotal.
"Aprendeu o serviço e a caridade dos seus pais e avôs; fascinou-se com a possibilidade de ser um missionário entregue aos mais necessitados quando tinha quinze anos e viu o filme “Irmão sol, irmã lua”, de Zefirelli, sobre a vida de São Francisco de Assis; duvidou entre a sua vocação ao sacerdócio e o seu desejo de formar uma família e por isso, depois de sete anos de ser sacerdote, pediu licença, namorou e trabalhou e em poucos meses voltou a exercer o ministério", explica a sua biógrafa. Premat assegura que voltou ao ministério "porque se deu conta que nunca tinha deixado de ser sacerdote".
Fervor, zelo e alegria
A jornalista destaca dele características partilhadas com muitos outros homens entregues a Deus: "o seu fervor sacerdotal, o seu zelo pela “casa” do Senhor e a alegria, evidentemente fruto de uma relação íntima com o Mistério".
Ela pode por o padre Di Paola no seu contexto porque já em 2010 escreveu “Sacerdotes ‘Villeros’” sobre a presença da Igreja nas vilas de emergência de Buenos Aires.
"Para esse livro entrevistei uma vintena de sacerdotes de oito vilas de emergência portenhas e fiquei fascinada com tudo o que se vivia na paróquia Virgem de Caacupé, na vila 21, da qual Di Paola era pároco desde 1997. Mais além da grande quantidade de obras que ele tinha gerado provocou-me curiosidade conhecer o método com o qual conseguiu transmitir a fé a milhares de crianças, jovens e adultos e fazer que recobrem a sua dignidade pessoas que pareciam derrotadas pelo abandono, a miséria e a violência. Em fins de 2010, quando ele optou por deixar a vila que considerava o seu lugar no mundo pelas novas ameaças que tinha recebido, eu decidi-me e comecei a investigar sobre a sua vida".
O método: seguir a realidade, não ideologias
Ela descreve assim esse método, ao comentá-lo numa entrevista publicada em LaStampa.it: "A obediência e docilidade à realidade e não as suas ideias ou gostos; a valorização do melhor que cada pessoa possa ter e o convite a por essa capacidade/habilidade ou gosto ao serviço dos outros".
Põe um exemplo de como tentar ajudar uma pessoa concreta levava à criação de uma instituição. Encontrou "dormindo na vereda da igreja três bêbados uma noite de frio e tormenta. Esse dia e os seguintes o padre Pepe permitiu que os homens dormissem dentro do templo. Depois, rezando de joelhos frente ao Sacrário perguntou ao Senhor que fazer com esses homens, para onde encaminhá-los ou onde alojá-los... A partir dali foi-se configurando o Lar Casa Virgem de Itatí, dentro da Vila 21, uma das numerosas obras do padre Pepe que hoje continuam em pé".
Não à linguagem clerical
Como jornalista, Silvina Premat tem experiência de quem vive pensando na pose e na imagem. Por isso, reconhece que do padre Di Paola impacta-a "a normalidade com a qual vive a sua humanidade e a convicção e naturalidade com a qual vive a sua fé. Não se põe em pose".
E acrescenta: Entre a centena de pessoas que entrevistei para a sua biografia muitos disseram-me o mesmo: ´Quando não está dando missa, Pepe não parece um sacerdote´. Ou, dito de outra forma mais exacta: "fala como todos, não tem uma linguagem clerical".
Em 2011 e 2012 retirou-se para uma zona rural, em parte pelas ameaças insistentes que recebeu, mas depois voltou a uma vila, La Cárcova, a uns 30 km de Buenos Aires. Vive "numa modesta casita de madeira construída há uns poucos anos por religiosos franciscanos que logo se foram".
Contagiando o exemplo
Além disso, o padre Pepe criou "cantera". "Há muitos sacerdotes que ao seu lado se contagiaram da sua entrega total e a sua forma de ser sacerdote as 24 horas do dia. No livro conto de vários jovens que chegaram à paróquia de Di Paola como voluntários e hoje são sacerdotes, por exemplo", assinala a jornalista.
José Di Paola, padre Pepe, várias vezes ameaçado, sacerdote ‘villero’ incansável |
P.J.G. / ReL
"Conhecer em detalhe a forma na qual o padre Pepe viveu e vive o seu sacerdócio ajuda a entender o que o Papa Francisco está pedindo à Igreja", afirma a jornalista argentina Silvina Premat, autora de uma biografia dedicada ao padre José Di Paola, mais conhecido como "Pepe, o sacerdote ‘villero’".
A jornalista de "La Nación" entrevistou duas vezes o cardeal Bergoglio acerca do padre Pepe, do seu trabalho nas vilas pobres da Argentina... E umas semanas depois o Papa Bento XVI renunciava e a Igreja elegia o Papa Francisco.
"Irmão Sol, irmã Lua"... Uma vocação!
O franciscano está na origem do sacerdote ‘villero’. Uma película que muitos consideram sentimental ou adolescente, "Irmão Sol, irmã Lua", de Zefirelli, sobre a juventude de São Francisco e Santa Clara, foi a origem da sua vocação sacerdotal.
"Aprendeu o serviço e a caridade dos seus pais e avôs; fascinou-se com a possibilidade de ser um missionário entregue aos mais necessitados quando tinha quinze anos e viu o filme “Irmão sol, irmã lua”, de Zefirelli, sobre a vida de São Francisco de Assis; duvidou entre a sua vocação ao sacerdócio e o seu desejo de formar uma família e por isso, depois de sete anos de ser sacerdote, pediu licença, namorou e trabalhou e em poucos meses voltou a exercer o ministério", explica a sua biógrafa. Premat assegura que voltou ao ministério "porque se deu conta que nunca tinha deixado de ser sacerdote".
Fervor, zelo e alegria
A jornalista destaca dele características partilhadas com muitos outros homens entregues a Deus: "o seu fervor sacerdotal, o seu zelo pela “casa” do Senhor e a alegria, evidentemente fruto de uma relação íntima com o Mistério".
Ela pode por o padre Di Paola no seu contexto porque já em 2010 escreveu “Sacerdotes ‘Villeros’” sobre a presença da Igreja nas vilas de emergência de Buenos Aires.
"Para esse livro entrevistei uma vintena de sacerdotes de oito vilas de emergência portenhas e fiquei fascinada com tudo o que se vivia na paróquia Virgem de Caacupé, na vila 21, da qual Di Paola era pároco desde 1997. Mais além da grande quantidade de obras que ele tinha gerado provocou-me curiosidade conhecer o método com o qual conseguiu transmitir a fé a milhares de crianças, jovens e adultos e fazer que recobrem a sua dignidade pessoas que pareciam derrotadas pelo abandono, a miséria e a violência. Em fins de 2010, quando ele optou por deixar a vila que considerava o seu lugar no mundo pelas novas ameaças que tinha recebido, eu decidi-me e comecei a investigar sobre a sua vida".
O método: seguir a realidade, não ideologias
Ela descreve assim esse método, ao comentá-lo numa entrevista publicada em LaStampa.it: "A obediência e docilidade à realidade e não as suas ideias ou gostos; a valorização do melhor que cada pessoa possa ter e o convite a por essa capacidade/habilidade ou gosto ao serviço dos outros".
Põe um exemplo de como tentar ajudar uma pessoa concreta levava à criação de uma instituição. Encontrou "dormindo na vereda da igreja três bêbados uma noite de frio e tormenta. Esse dia e os seguintes o padre Pepe permitiu que os homens dormissem dentro do templo. Depois, rezando de joelhos frente ao Sacrário perguntou ao Senhor que fazer com esses homens, para onde encaminhá-los ou onde alojá-los... A partir dali foi-se configurando o Lar Casa Virgem de Itatí, dentro da Vila 21, uma das numerosas obras do padre Pepe que hoje continuam em pé".
Não à linguagem clerical
Como jornalista, Silvina Premat tem experiência de quem vive pensando na pose e na imagem. Por isso, reconhece que do padre Di Paola impacta-a "a normalidade com a qual vive a sua humanidade e a convicção e naturalidade com a qual vive a sua fé. Não se põe em pose".
E acrescenta: Entre a centena de pessoas que entrevistei para a sua biografia muitos disseram-me o mesmo: ´Quando não está dando missa, Pepe não parece um sacerdote´. Ou, dito de outra forma mais exacta: "fala como todos, não tem uma linguagem clerical".
Em 2011 e 2012 retirou-se para uma zona rural, em parte pelas ameaças insistentes que recebeu, mas depois voltou a uma vila, La Cárcova, a uns 30 km de Buenos Aires. Vive "numa modesta casita de madeira construída há uns poucos anos por religiosos franciscanos que logo se foram".
Contagiando o exemplo
Além disso, o padre Pepe criou "cantera". "Há muitos sacerdotes que ao seu lado se contagiaram da sua entrega total e a sua forma de ser sacerdote as 24 horas do dia. No livro conto de vários jovens que chegaram à paróquia de Di Paola como voluntários e hoje são sacerdotes, por exemplo", assinala a jornalista.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário