“Comunhão dos Santos. – Como to hei-de dizer? – Sabes o que são as transfusões de sangue para o corpo? Pois assim vem a ser a Comunhão de Santos para a alma.” N. 544 do Caminho de São Josemaria Escrivá
Algures no ano de 2010, apesar de eu ter só 22 anos, sentia-me numa crise profissional e de vida. Estava a levar duas horas da minha casa para chegar a um emprego a tempo inteiro e não tinha vida para além do trabalho. Um dia, vi uma bloguer americana na televisão que tinha tido um acidente de aviação ao qual sobreviveu por pouco. Fez-me refletir na minha vida, e em que tipo de comunidade e apoios de família e amigos eu teria se passasse pelo mesmo. Os colegas de trabalho podem ser fantásticos, mas geralmente enviam flores para o hospital, não ficam com os teus filhos em casa, nem ficam em tua casa a cuidar de ti durante meses e meses depois de um acidente que te deixou imobilizada.
E também são essas relações de comunidade que te dão alento e motivação nas pequenas crises do dia-a-dia. Não somos máquinas ou peças duma fábrica, só feitos para trabalhar. São as relações de amizade, de família e de fé que nos sustêm.
Depois de encontrar o blogue desta senhora, iniciei uma procura de comunidade, pertença e de sentido de vida que culminou com o nascimento da minha primeira filha. Já era católica praticante, mas fazia-me falta uma família dentro desta família mais universal que é a Igreja. Precisava de um apoio mais próximo, pessoas que reparassem se eu não estava bem ou se precisava de ajuda mais específica. Precisava de pessoas que tivessem alguns dos meus ideais e com quem pudesse lutar lado a lado por uma causa comum. Já tinha feito muitos projetos sozinha, quase todos falhados. Esta bloguer tinha tudo isso.
Quando nasceu a nossa primeira filha, sentimo-nos ainda mais sozinhos. “É preciso uma aldeia para criar uma criança” e a nossa sociedade não está organizada como as aldeias, pelo contrário, está cada vez mais individualista. Ao mesmo tempo que nos surgiam estas inquietações, surgiu também a resposta. Tivemos as ajudas mais frequentes de direção espiritual e de sacramentos. Fizemos cursos para casais em que conhecemos outros casais na mesma fase e com as mesmas inquietações. Fizemos formações espirituais mais específicas em que conhecemos pessoas superinteressantes com quem fizemos amizade.
Convidaram-nos para participar em projetos sociais e espirituais em que já não senti que trabalhava sozinha, mas lado a lado com outros tão ou mais (geralmente muito mais) competentes do que eu. “Se um só é oprimido, dois já conseguem resistir a isso; o cordel dobrado em três não se parte facilmente” (Eclesiastes 4,12). Todas estas realidades nos vieram através do Opus Dei, fundado por São Josemaria Escrivá, que tem por missão a santificação no meio no mundo.
Já sabia o que significava comunhão dos santos no sentido vertical: o que é ter a ajuda de santos no Céu e sentir a intercessão deles. Mas finalmente sinto que sei o que é comunhão dos santos no sentido horizontal. E, na verdade, são estas relações de comunhão, de amizade e de interajuda que são uma “transfusão para alma”.
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