O Dia Internacional do Amigo (ou Dia Internacional da Amizade) celebra-se todos os anos a 30 de julho.
Neste data, os amigos enviam mensagens de carinho, de amizade e de afeto aos seus amigos, agradecendo a amizade e dedicação destes ao longo dos anos.
Once upon a time…
Num tempo já muito distante, fiz amizade com uma colega da Faculdade. Não estávamos no mesmo curso, mas estudávamos juntas, conversávamos, debatíamos temas, íamos ao cinema.
Éramos o oposto uma da outra, ela muito moderna, um tanto coquete, com ideias liberais, eu mais clássica, moderada a tocar o conservador. Estas diferenças uniam-nos e faziam-nos reflectir sobre a certeza das nossas ideias e ideais.
Ela era casada e teve uma filha a quem chamou “Susana”, mas não sou sua madrinha, a menina não foi baptizada. A religião era um tema que a incomodava, foi criada num ambiente agnóstico, que eu respeitava. Os seus pais viviam em Paris, pelo que passei a ter ali uma “casa”, onde era principescamente recebida. Para lá rumava nas férias grandes, com autorização expressa do meu pai no passaporte, assim ditava a lei. Paris era o nosso sonho cultural e intelectual, mas nunca nos encontrámos lá, o seu marido adorava Londres.
Os anos decorreram, a vida trocou-lhe algumas voltas, várias vezes lhe perdi o rasto, mas um dia telefonou-me de Inglaterra a convidar para a festa dos seus anos. Não fui, porém, aproveitei o ensejo para lhe enviar um livro, de pensamentos como gostávamos, de seu nome “Caminho”. Não tive feedback. O seu silêncio era sempre sinónimo de desventuras, desencantos ou doenças. Há tempos veio a Portugal, apressadamente como sempre, tomámos um café e confessou-me que gostava de ter um décimo da minha fé. Perplexa, perguntei-lhe: como sabes? Serenamente respondeu: está refletido no teu olhar, no teu sorriso, em tudo o que dizes e escreves…
No clube Darca, em Lisboa (junto à biblioteca nacional), ia realizar-se um “Café Cultural” com o tema “A Beleza dos Valores”, foi a 18 de fevereiro de 2020, não me esquecerei. Esteve presente, deslumbrou e ficou desperta para mais. A partir de então passou a abordar-me com frequência, insistia que gostava de acreditar em Deus, mas não sabia por onde começar. A distância e a pandemia limitaram futuros encontros, num clima sombrio e numa sociedade menos afectiva ela sentia-se um pouco só e triste.
Por “acaso” ou talvez não, surgiu a hipótese de frequentar um curso via zoom, sobre a Bíblia, convidei-a, aceitou. Voltámos às aulas, combinámos estudar juntas. A professora falou num livro, o “Caminho”, ela recordou-se do meu presente de anos, estava guardado numa mala. Propus-lhe fazermos TPCs, escolhíamos alguns pontos, comentávamos e debatíamos.
Nostálgica disse-me: só nos falta um café com natas e uma esplanada, como antigamente, eu, anuindo e sorrindo, dava graças a Deus.
Foi um reencontro “ca´Fé”, graças ao novo curso que partilhámos. E recordei o ponto 973 de Caminho: “Essas palavras que tão a tempo deixas cair ao ouvido do amigo que vacila; a conversa orientadora que soubeste provocar oportunamente; e o conselho profissional que melhora o seu trabalho universitário; e a discreta indiscrição que te faz sugerir-lhe imprevistos horizontes de zelo... Tudo isso é apostolado da confidência”.
Maria Susana Mexia
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