Habitualmente, quando vem a propósito o dia de aniversário de casamento e digo que casei a 14 de fevereiro, ouço “ah, que bonito, no dia dos namorados…”.
Sim, é verdade que a data coincide com essa comemoração romântica de um dia dedicado a celebrar o amor, mas, na verdade, a escolha há 17 anos deste dia para nos unirmos em matrimónio, teve uma outra razão, que não exclui a primeira, mas que a acrescenta ou aprofunda…
Conheci a Obra (prelatura do Opus Dei) quando era uma recém universitária. Uma amiga e depois outra (colega do mesmo curso de Economia) levaram-me a conhecer uma residência universitária. A casa, agradável e “arejada”, sempre com gente jovem a circular, tinha as condições próprias para encontrar novas amizades e para conseguir estudar com empenho (tarefa mais fácil, pelo menos para mim, quando se está com outros que estão “na mesma onda”). Apesar de já estar habituada a ter um horário “apertado” para conciliar estudos do ensino regular com os estudos do ensino artístico e demais obrigações familiares, aí aprendi a importância de ter um horário definido para encaixar cada coisa no seu lugar. E fiz muitas e boas amizades.
Num dia, uma dessas amigas que lá vivia disse-me com muita naturalidade, no hall junto a um oratório que a residência tinha: “sabes que podes ser santa!?”. Perante a minha incredulidade (também face à “novidade” e à dimensão do desafio), explicou-me muito brevemente a ideia e entregou-me o Caminho para as mãos e sugeriu-me que começasse a fazer oração, uns minutos por dia. Essa foi, sem dúvida, a melhor e mais maravilhosa descoberta do todo que já vivia ali: aprender e experimentar pessoalmente que podia conversar com Deus, ali presente no sacrário do oratório, num diálogo silencioso, mas real. Era isso que andava à procura desde que por volta dos 14/15 anos decidira que queria aprofundar na vivência da Fé cristã.
O caminho faz-se caminhando e foi-se colocando naturalmente a questão vocacional. “Senhor, que queres de mim?”. Fui rezando, falando e o caminho foi-se tornando pouco a pouco mais claro, unindo num todo as peças da minha vida, o porquê de tantas especificidades…
“Ris-te porque te digo que tens “vocação matrimonial”? – Pois é verdade: assim mesmo, vocação” (Caminho, nº27)
Sim, descobri que esse era também o meu caminho: o matrimónio. Aí me chamava Deus, para viver nessa entrega a um alguém concreto, a entrega que desejava fazer de toda a minha vida (com o que quer que ela comportasse) a Deus.
E foi assim que surgiu o 14 de fevereiro, aniversário do início do trabalho apostólico do Opus Dei com mulheres. De facto, foi graças a esse trabalho, que também eu havia descoberto a minha vocação e por isso fez-me todo o sentido escolher esta data especial para me lembrar, cada ano, que Deus pensou em mim com este projeto maravilhoso e desafiante que é o matrimónio. Oxalá outros o descubram…
Cristina Berrucho Figueiredo (Professora) |
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