Muitas vezes penso no tempo que desperdicei antes de decidir viver a sério o espírito esculpido por S. Josemaria Escrivá, mas mudo logo de pensamento, porque isso não é mais que outra perda de tempo. Uma das frases que sempre me marcou foi o ponto 301 de Caminho: “Um segredo. - Um segredo em voz alta: estas crises mundiais são crises de santos. Deus quer um punhado de homens “seus” em cada atividade humana. - Depois... "Pax Christi in regno Christi" - a paz de Cristo no reino de Cristo.” Através deste ponto temos uma boa parte do que é ser cristão: alguém que, na sua azáfama da vida diária, vai forjando à sua volta o reino de Cristo e, por isso, à sua volta reina a paz, não a paz de quem baixou as armas, mas aquela que provém da luta incessante contra os nossos defeitos e as nossas imperfeições. De facto, se todos lutássemos, em cada dia, pela busca da vida divina dentro de nós, - isso é que é a santidade-, à nossa volta havia muito menos conflitos e muito mais alegria. Pois deixávamos que no nosso ambiente se exalasse o “… bonus odor Christi, o bom odor de Cristo, que os outros forçosamente hão-de perceber: aqui está um cristão” (ponto 271 do mesmo livro). Perguntar-me-ão: O que se modificou na sua vida? Nada e tudo. Continuei a lecionar como antes, vivia com os meus pais e assim continuei, mas a perspectiva de tudo o que me rodeava e do que fazia, alterou-se profundamente; já não ia para a escola lecionar o melhor possível para ter prestígio, para ser considerada pelos outros, mas, sobretudo, porque Deus me tinha dado um dom que eu tinha de colocar ao serviço dos outros. Quando coloco todo o empenho numa tarefa e não sabem, antigamente ficava muito aflita com o que os outros iriam pensar. Agora? Ainda fico um bocadinho aborrecida, mas vejo que é uma oportunidade que Deus me dá para crescer em humildade. Também me ajudou a ver aqueles dias que nos acontecem a todos, em que tudo aparentemente corre mal e às vezes penso “para que acordei hoje?” Alguém leva ao meu pensamento aquele momento único em que a nossa língua toca a divindade. Sim, temos um Deus que não se importa de tocar uma língua que tantas vezes crítica e barafusta. E então, penso: se estive na Santa Missa, já tenho tudo; como posso ser tão ingrata? O mais importante no meu dia já aconteceu, aliás o único momento verdadeiramente importante. As pessoas com quem convivo são habitualmente muito mais dotadas que eu: em robustez física, com mais qualidades, e às vezes começo a pensar: “que pena não ser como elas”, mas, quando logo de seguida me recordo que muitas não intimaram com Nosso Senhor e que Este nada lhes diz, então digo interiormente: “Tem juízo, tu tens Tudo” pois o nosso objetivo na Terra é só um: ser, como afirma S. Josemaria, “O Próprio Cristo” e assim, levar os outros ao verdadeiro Amor. Resumindo, S. Josemaria ensinou-me a ser e fazer os outros felizes.
Maria Guimarães
Professora
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