Um final de ano e princípio de outro, leva-nos sempre a pensar no tempo, no tempo que passou e no que está para vir. O que passou está morto, sem vida, fechou-se para não mais se abrir. O que está para vir tem tudo em aberto, tem futuro. Pode usar-se esse tempo de muitos modos; até se pode não fazer nada...
Tudo
isto tem a ver com Zenão, o idoso que descobriu que é e será sempre jovem. “O
que distingue um velho de um jovem”, diz-me Zenão, “É o futuro. Dizem que os
jovens têm futuro, mas os idosos não. Pois bem, eu sinto que o meu corpo está
cansado, gasto, diferente; sinto que já não é o que era. No entanto, continuo a
ser eu mesmo. O meu espírito, o meu modo de pensar, de ser, de agir é o mesmo.
Não perdi a minha identidade. Muito pelo contrário; ao longo dos anos, o meu
espírito tem vindo sempre a crescer. Sinto-me cada vez mais eu. Não aprendi,
apenas, a minha profissão; aprendi a conhecer-me, a saber para onde vou. Ou
seja, descobri que tenho futuro. Sou jovem!”
A conversa continuou com mais explicações. Dizia-me Zenão que se usa a expressão “futuro promissor” para indicar a possibilidade de se vir a ser feliz, rico, sem preocupações nem sofrimentos, etc. Acrescentou que, pela experiência ao longo da sua longa vida (mais de oitenta anos), nunca vivera em simultâneo todos estes bens: se estava a ser feliz, tinha dificuldades económicas e preocupações; em momentos de desafogo económico, faltava a saúde e vinham as preocupações. Além disso, o cansaço, algum desgosto e várias contrariedades foram constantes na sua vida. O “futuro promissor” era o que o esperava agora, no final da vida. “Sim, Isabel Maria, espera-me a felicidade plena e, melhor ainda, por um tempo infinito. Isto, sim, é ter futuro, um longo e feliz futuro. Por isso me sinto jovem, por ter a garantia, graças à minha Fé, de ter o melhor de todos os futuros possíveis: o Céu! Isto sim, é ser sempre jovem!”
Isabel Vasco Costa
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