Ontem participei num webinar sobre a promoção dos Direitos Humanos. Procurava-se, entre outros, valorizar o papel dos jovens na sociedade. É muito bom, à distância, em confinamento, podermos de alguma forma interagir, dando o nosso contributo. Depois foi-me facultado o acesso às diferentes salas dos grupos de trabalho e às sessões plenárias. Quando concluiu o webinar, fiquei uns minutos a meditar. O tempo passa, surgem diferentes mutações na sociedade. Se nós não manifestarmos a nossa opinião, mais tarde iremos sofrer as consequências desse silêncio. Temos de ter um papel ativo e positivo na sociedade. Logo, quando me solicitaram na sua avaliação qual o assunto que gostaria de ver abordado no próximo evento, de imediato, sugeri a “promoção das relações entre gerações”. Os jovens são muito generosos, solidários e normalmente criam laços afetivos enormes com os mais velhos. Importa enfatizar e fomentar essa vertente.
Por coincidência, recebo a
informação de que o Santo Padre tinha promovido o Iº Dia Mundial dos Avós e dos
Idosos. Fiquei feliz. Terá lugar no quarto domingo de Julho, perto da festa dos
Santos Joaquim e Ana, avós de Jesus. Permitirá recordar e celebrar o dom da
velhice e daqueles que, antes de nós e para nós, guardam e transmitem a vida e
a fé. A nossa memória, as raízes dos povos, a ligação entre gerações: são um
tesouro a ser preservado; isto é, os idosos e os avós são, no pensamento do
Papa, um verdadeiro “presente” cuja riqueza muitas vezes esquecemos
(nomeadamente nesta situação de pandemia em que os colocou em maior risco e
maior solidão)
Entre os avós e jovens o vínculo
é muito estreito. O Papa sonha com “um mundo que viva precisamente do abraço
deles”. Reveste-se da maior importância de que os avós se encontrem com os
netos e que os netos se encontrem com os avós, porque – como diz o profeta Joel
– os avós diante dos netos sonharão, terão sonhos e os jovens tomando a força
dos avós, seguirão adiante, “profetizarão”.
Há 11 anos que dou ênfase à
necessidade de se criar uma Convenção que proteja os direitos dos mais idosos.
Será que esta pandemia irá trazer à luz a necessidade de discutir os seus
direitos humanos? Ou indiferentes aos acontecimentos, iremos ver aprovadas
novas leis que não os protegem, tal como a lei da eutanásia recentemente
aprovada no parlamento?
O Open-Ended Working Group of Ageing, vai reunir-se novamente na sua
11ª Assembleia Geral, com o objetivo de fortalecer a proteção dos direitos
humanos das pessoas idosas, nos dias 29 de Março a 1 de Abril, na sede das
Nações Unidas em Nova Iorque. Por força das circunstâncias será uma reunião presencial
e virtual.
A criação do Open-Ended Group (OEWG) of Ageing, teve lugar em 2010 (resolução
65/182) da Assembleia Geral das Nações Unidas, com o objetivo de fortalecer a
proteção dos direitos humanos das pessoas idosas, em particular a preocupação sobre
a sua situação económica, e social, o seu bem-estar, a participação no seu desenvolvimento
e a sua relação com os direitos humanos. Este grupo de trabalho tem em consideração
o quadro legal internacional existente sobre os direitos humanos das pessoas idosas,
identificando possíveis lacunas bem como o melhor modo de as corrigir,
considerando apropriada a viabilidade de outros instrumentos e medidas.
Quem dera que Portugal, que
defende os Direitos Humanos, assentisse em pleno à criação da Convenção ou de um
documento internacional, compreensivo e legal, que promova e proteja os
direitos e a dignidade das pessoas idosas, concedendo um maior apoio a esta
nobre causa, impulsionando assim outros países a fazê-lo, sabendo que é um
processo longo, que tem de ser retificado pelos países aderentes, até ser
implementado face à necessidade de alguma adequação às políticas em vigor. Não
é um processo difícil, uma vez que, já existem grupos de trabalho no nosso país
que acompanham a evolução deste processo. Não deixar ninguém para trás inclui as
pessoas idosas. Não as deixemos ficar esquecidas.
Se Deus quiser continuarei a participar nos webinars e a dar o meu contributo em prol da defesa dos direitos humanos. Santa Maria, rainha da esperança, intercedei para que as lacunas existentes sejam ultrapassadas em prol do bem da humanidade e das relações intergeracionais.
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