Há uma virtude que só por si reúne outras e que consiste em tornar a vida mais grata àqueles que vemos todos os dias: a afabilidade.
É uma virtude muito discreta, não é chamativa, mas quando não está presenta nota-se muito a sua falta. Opõe-se ao egoísmo, ao gesto ofensivo, ao mau humor, à falta de educação e ao desinteresse pelos outros.
A afabilidade, por conseguinte, pode estar associada à amabilidade, à
cortesia e à cordialidade. Quando uma pessoa é afável demonstra simpatia,
simplicidade, franqueza e bondade nas suas relações sociais. O sujeito afável,
ao receber uma visita, mostra-se atento, oferece algo para beber e faz tudo o
que estiver ao seu alcance para que o visitante se sinta cómodo.
O termo afabilidade tem origem no latim affabilĭtas e faz referência à qualidade de ser afável, agradável, suave na forma de tratamento. O oposto da afabilidade é a antipatia ou a descortesia. Neste caso, o indivíduo em questão tem um comportamento parco, seco e frio.
Não é o mesmo conviver e tratar com uma pessoa afável do que com outra que
não mostre cortesia e respeito. Uma palavrinha de cortesia ou um comentário
amável podem alegrar o dia dos outros.
Há mais de dois mil e quinhentos anos que os melhores espíritos dedicaram o
seu pensamento às virtudes. A reflexão sobre a virtude só por si não faz de nós
pessoas virtuosas, mas desenvolve a humildade o que realça a necessidade de nos
inclinarmos mais para o bem. Pode não existir o Bem absoluto, mas o bem não é
algo que se contemple, mas que se pratique. O esforço desenvolvido para nos
comportarmos bem conduz-nos aos valores morais, a virtude de um homem é o que o
torna humano.
Aristóteles considerava a virtude como uma maneira de ser, mas adquirida e
duradoura. É o que nós somos, o que podemos vir a ser, nela está concentrada
toda a nossa capacidade para bem agir. Toda a virtude implica a repetição de
actos bons, é praticando as boas acções que nos tornamos bons.
“Nada existe de tão belo e legítimo, como ser homem bem e devidamente”. Montaigne
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