Pelo menos 80 por cento das escolas católicas no Líbano estão em vias de fechar e não conseguirão reabrir no próximo ano letivo “devido a dificuldades económicas e à negligência do Estado”, alertou o padre Boutros Azar, responsável pelo Secretariado Geral das Escolas Católicas Libanesas, numa carta endereçada ao Presidente da República daquele país, Michel Aoun.
Segundo informações avançadas pelo Vatican News, as instituições católicas concentram dois terços dos estudantes de escolas particulares do Líbano e têm atravessado cada vez mais dificuldades, em parte porque o Estado deixou, há cinco anos, de subsisidiá-las, mas também devido à desvalorização da lira libanesa, que empobreceu ainda mais a população. O encerramento de algumas escolas na sequência das manifestações contra o Governo, no outono passado, e a decisão de cancelar os exames finais e encurtar o ano letivo para conter a propagação da pandemia, vieram agravar ainda mais a situação.
“O encerramento obrigará centenas de milhares de estudantes a procurar uma vaga nas escolas públicas, enquanto dezenas de milhares de vagas serão perdidas por professores contratados e funcionários das escolas”, escreve o padre Azar na carta, sublinhando que esta será “uma perda significativa para toda a nação, que se soma às demais que afetam o país neste momento”. “O Estado deveria reconhecer o facto de realizarmos um serviço público e subsidiar a escola particular”, conclui.
Atento a esta situação, o Papa Francisco decidiu oferecer 400 bolsas de estudo a alunos do Líbano, no valor de 200 mil dólares. A oferta foi feita através da Secretaria de Estado do Vaticano e da Congregação para as Igrejas Orientais, da Santa Sé, e será entregue pela Nunciatura Apostólica (a representação diplomática do Vaticano) em Beirute.
Escolas da Terra Santa com sobrevivência também ameaçada
Também na Jordânia e na Palestina, as 38 escolas do Patriarcado Latino de Jerusalém, frequentadas por perto de 20 mil estudantes cristãos e muçulmanos, correm sérios riscos de fechar, noticiou a mesma fonte.
Muitas das famílias estão a atravessar dificuldades financeiras devido à crise provocada pela pandemia e deixaram de pagar as mensalidades dos filhos. As escolas, apesar de se encontrarem encerradas, continuam a funcionar na modalidade de ensino à distância e não conseguem enfrentar as despesas, nomeadamente no que diz respeito aos salários dos professores.
“Estas escolas contribuem para a reconciliação, para a paz social nas localidades, nos bairros. Sabe-se que onde há uma escola cristã não há grandes tensões sociais. (…) E permitem ainda que muitos cristãos permaneçam na Terra Santa”, sublinha o bispo auxiliar do Vicariato Patriarcal de Jerusalém, Giacinto-Boulos Marcuzzo, que decidiu lançar uma campanha de recolha de donativos para apoiar aquelas instituições.
O mesmo problema não se coloca nas escolas do Patriarcado em Israel, onde o Estado proporcionou apoio financeiro aos desempregados e às empresas que tiveram de suspender as suas atividades, tendo garantido que se cumpram os compromissos financeiros relativos às escolas.
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