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sábado, 13 de fevereiro de 2021

Um Desabafo

Cedo, muito cedo, ainda o dia começava, saí de casa para fazer uma caminhada. Precisava de respirar ar puro, usufruir da natureza, ainda que o dia se apresentasse, frio, chuvoso e sem sol. Mas o parque encontrava-se lindo, muito verde, algumas árvores repletas de flores brancas. Olhei ao meu redor na esperança de ouvir o riso das crianças, as suas gargalhadas repletas de alegria, os pais a chamarem a atenção e a pedir que tivessem cuidado. Debalde. Os parques infantis encontravam-se assinalados bem como os bancos do jardim com fitas brancas e vermelhas. Vivenciamos uma época muito diferente. Não havia vivalma no parque. Ainda assim transmitia uma beleza e serenidade enormes que tiveram o efeito de me tranquilizar. Passei pelo café do parque que se encontrava fechado. Não pela hora matutina, mas sim porque não era permitido servir bebidas. Como gostava de tomar café no parque e passear com a minha neta que pedia um gelado. Era outra realidade. Mas temos de aceitar as medidas que se tomam em prol do bem da sociedade. Deus permita que a curto prazo se consiga debelar e controlar esta pandemia.

Já me sentia melhor. O dia anterior tinha sido muito pesado. Era tudo negativo. Por mais esforços que envidasse, de toda a parte, chegavam notícias menos boas que não vou enunciar. Procurei, dentro do possível, animar e confortar as pessoas.

Numa videochamada a que tive oportunidade de assistir, alguém referia como se poderia medir o impacto da vacinação, como poderíamos ter boas notícias? Acrescentava que, de momento, temos de utilizar as vacinas que estão disponíveis, já que não temos opção de escolha, temos de aproveitar o que existe. Irão espalhar benefícios através de uma imunização robusta, ou seja, a imunidade de grupo que contribuirá para futuras prevenções pandémicas. O mais importante é estar imunizado, apesar de muitas pessoas possuírem algum receio, mesmo reservas, como é normal numa vacina nova em que se temem os seus efeitos secundários. A vacinação para a Covid-19 é eficiente, segura e reveste-se da maior importância para as pessoas e constitui um enorme contributo para que se alcance o controlo da pandemia, independentemente de alguns ajustes e contraindicações que se venham a revelar necessários. O tempo o dirá nesta guerra diária pela imunização de grupo e o controlo da pandemia SARS-CoV-2.

A Pontifícia Academia para a Vida reafirma que “a imunização é “um bem comum para todos”… Na mensagem de Natal Urbi et Orbi, o Papa Francisco pedia a todos “os responsáveis dos Estados, empresas, organizações internacionais” para promoverem a cooperação e não a concorrência, pedindo “vacinas para todos, especialmente os mais vulneráveis e necessitados em todas as regiões do planeta. A vacina é um bem comum… É uma oportunidade extraordinária para um novo futuro mais solidário.

Deve evitar-se que alguns países recebam a vacina muito tarde devido a uma redução da disponibilidade…É importante não deixar para trás os países mais pobres… Daí o urgente e forte apelo para que tomem medidas neste sentido, e assim serem “todos irmãos e irmãs”.

Vivenciamos tempos extremamente difíceis a diferentes níveis. Ambicionamos o regresso a alguma normalidade. Procuramos com esperança, combatendo o desânimo levar a vida em frente com inúmeros sacrifícios de cariz pessoal, familiar, profissional, comunitário, enfim, toda uma panóplia infindável de acontecimentos que nos marcam negativamente, que temos de aceitar, integrar na nossa vida e seguir em frente. O futuro a Deus pertence. Infelizmente, escrevo este artigo numa data em que esperava que a pandemia já estivesse controlada. Mas não, continua bem ativa, numa fase ascendente, com diferentes mutações, gerando uma onda de incerteza quanto ao futuro. E de novo, encontramo-nos em confinamento.

Se recorrermos à ajuda de Deus, a força não nos faltará resistindo aos embates com os quais nos vamos confrontando no nosso dia-a-dia, superando-os com uma alegria e confiança das pessoas que se sabem unidas na fé, na comunhão dos santos, constituindo um vínculo, uma ligação espiritual muito forte vivida em comunidade, uma vez que precisamos do culto público, dos batizados, dos crismas, dos casamentos… Jesus aguarda-nos sempre nos Sacrários das Igrejas, agora fechadas sem a Santa Missa. Nos momentos conturbados que vivemos devido à pandemia, nem sempre conseguimos visitá-Lo presencialmente conforme gostaríamos, mas podemos sempre assistir à missa via streaming.

Neste momento sinto que é urgente que o Plano Nacional de Vacinação seja agilizado. Contudo, temos conhecimento de que há atrasos nos laboratórios que fazem a sua produção e na distribuição.

São momentos extremamente difíceis, estes que vivenciamos, que também nos podem encontrar distraídos e gerarem-se situações e decisões que nos podemos vir a arrepender. Refiro-me, em particular, à legalização da eutanásia votada no Parlamento.

Com as limitações todas que a pandemia nos impõe, num tempo em que nós buscamos alguma espécie de conforto, de explicação, de auxílio, nós encontramos com certeza este apoio, esta luz no meio das trevas, na Palavra de Deus, que nos orienta, que nos mostra o caminho, que nos mostra que, apesar de tudo, Ele está sempre connosco, como Ele prometeu. (Pe. António Hofmeister).

Maria Helena Paes








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