É o título de um pequeníssimo livro de Karl Popper e John Condry, datado de 1993/94, no qual Popper* alertava para os perigos da excessiva liberdade da televisão que levou à degenerescência no tipo de conteúdos fornecidos.
“Este livro
é o resultado de uma reflexão madura sobre o modo como são transmitidos o
espírito cívico, a cultura, como se impõe e consolida o Estado de direito e
como funciona a democracia. No coração do Estado de direito está a
não-violência. Porém a televisão instila a violência no seio da sociedade: esta
é a primeira e principal acusação que o filósofo vienense lança contra ela,
chegando a compará-la à guerra. A televisão tornou-se um poder incontrolado, e
qualquer poder incontrolado contradiz os princípios da democracia”.
“A televisão é incapaz de ensinar às crianças
o que é necessário à sua educação. O nível baixou porque, para manterem
audiência, as cadeias de televisão sentiram-se obrigadas a produzir cada vez
mais programas sensacionalistas. Ora, o que é sensacionalista raramente é bom.
A violência, o sexo, o sensacionalismo, são os meios a que os produtores de
televisão recorrem mais facilmente: é uma receita segura, sempre apta a seduzir
o público. Ora, é preciso ver que a televisão faz parte do ambiente das
crianças e que também somos responsáveis por isso. Hoje em dia a violência
deslocou-se, apoderou-se dos ecrãs de televisão. É aí que as crianças
contemplam a violência dia após dia, durante horas. A televisão produz
violência e introdu-la nos lares que, antes, não a conheciam.
A família parece totalmente desorientada; a escola funciona mal, quando funciona. Os testes propostos aos alunos revelam que o nível escolar está em baixa constante há vinte anos e, segundo parece, não se anuncia qualquer melhoria. O número de suicídios e homicídios aumenta um pouco todos os dias. Muitas crianças exibem sinais de perturbações físicas e psicológicas. Poderá ser a televisão responsável por esta situação?” Op. cit.
Um livro com uma actualidade impressionante, que se propõe alertar-nos para uma realidade por todos
conhecida e vivida. Com algum exagero, ou talvez não, facto é que a televisão se
tornou um poder colossal; pode mesmo dizer-se que é potencialmente o mais
importante de todos, como se tivesse substituído a voz de Deus.
*- Karl Popper, filósofo, epistemológico, psicólogo sob o ponto de vista
biológico, educador e professor.
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