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domingo, 14 de fevereiro de 2021

Ninguém nos encomendou o sermão…

O Congresso dos Deputados de Espanha (câmara baixa) aprovou na tarde de 17 de Dezembro de 2020, a primeira lei que regulamentará o exercício do direito à eutanásia no país.

A proposta foi iniciativa do PSOE e obteve 198 votos a favor, 138 contra e duas abstenções. Só o PP, Vox e União do Povo Navarro — se opuseram à lei, que se passar pelo Senado, Espanha passará a ser o sexto país do mundo, depois da Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Canadá e Nova Zelândia, a reconhecer o direito ao que lamentavelmente os seus defensores chamam “morte digna”, mas mais não é que um descartar de “incómodos”.

Os grupos que apoiaram esta lei regozijaram-se por Espanha já ser uma "sociedade democrática e madura” que  “não fica impassível perante o sofrimento insuportável”…

Naturalmente que os partidos da oposição lamentaram esta lei, a qual visa instaurar em Espanha “a indústria da morte” e representa a “destruição da cultura”.

A deputada do Vox, Lourdes Méndez-Monasterio, usando da palavra em defesa da Vida, dirigindo-se aos colegas no Parlamento, nomeadamente aos “da esquerda radical, comunistas, separatistas, obreiros do terrorismo e oportunistas”, lamentou profundamente a aprovação desta “lei depravada, desumana e injusta, uma “sentença de morte para os mais débeis” dum Governo que “só tem para oferecer a quem sofre, a morte, porque é mais fácil, mais cómodo e mais barato”.

“Congratulando-se, hipocritamente, alegam compaixão, mas propiciam o seu homicídio falando de liberdade, mentem quando falam em eliminar o sofrimento e a dor, mentem, sempre mentem são pais da mentira.” “Aborto, aborto, descarte por falta de lares e de Cuidados Paliativos, só eutanásia, morte, morte, assim seremos recordados pela História”.

“Esta lei terá consequências aterradores será quebrada a confiança entre o paciente e o médico, vai ter repercussão a nível familiar, os filhos serão vistos como uma ameaça. Isto é uma tragédia para Espanha e para os espanhóis, quando em plena pandemia muitos enterram os seus ente-queridos”.

“Votam esta lei sem qualquer debate social, de modo totalitarista, porque sabem que não teriam o apoio da sociedade espanhola. A cultura ocidental, alicerçada no cristianismo, está a ser substituída por uma ideologia mortífera, onde a prioridade é o comércio da morte”.

“Vamos fazer todo o possível para que Espanha não seja convertido no paraíso da morte. Vamos recorrer ao Tribunal Constitucional porque esta lei é contrária à Constituição, sempre defenderemos a dignidade de toda a vida, a humanização, a dignificação da vida humana no seu término, aliviando o seu sofrimento com dignidade”.

Com estas palavras muito fortes, sentidas e vividas como um imperativo ético, reiterou ainda que “não se trata de um tema de Fé, mas duma realidade que repugna a razão, pois a Vida é o maior bem do Homem”.

Ouvindo e vendo a intervenção desta Deputada, que com muita elegância e bom senso defendeu as ideias do partido que representa, numa breve associação de ideias, recordámos Miguel Torga, que no seu Diário XVI, já se lamentava da nossa subserviência e submissão a uma Europa manipulada por outros interesses.

Maria Guimarães e Maria d´Oliveira
Professoras



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