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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Humanidade de grupo

Esta semana ficou provado que Portugal, para além de imunidade de grupo para combater a doença covid, anseia por humanidade de grupo. Sinceramente não compreendo como, num momento em que tantas pessoas – sejam profissionais de saúde, bombeiros que acompanham doentes nas ambulâncias, pessoas que de algum modo os auxiliam – se esforçam por cuidar de tantos doentes, fazendo inúmeros sacrifícios profissionais, familiares e pessoais, e mesmo assim muitas pessoas infelizmente morrem, consequência de covid, mas também de outras doenças agudas e crónicas, e a prioridade na assembleia da república é aprovar a lei da eutanásia. Lei essa que é anti-humana, em que os seus defensores clamam por impedir o sofrimento, o dos doentes, mas também dos cuidadores e das pessoas próximas. No entanto, é preciso ser pragmático e é fundamental esclarecer que se trata de uma lei que defende a morte. Perante o sofrimento e a doença, “a resposta a que somos chamados é nunca abandonar aqueles que sofrem, não desistir, mas cuidar e amar para restaurar a esperança.”, aconselha o Papa Francisco. Por isso é claro que defendo, perante a doença, todos os esforços, tanto médicos como espirituais, devem ser canalizados para diminuir a dor física e psicológica dos doentes e das pessoas próximas, caso não seja mesmo possível anulá-la. Infelizmente a maioria dos nossos deputados não pensa da mesma forma. E como não quero ser pessimista, ainda tenho esperança que esta lei seja vetada ou conduzida ao tribunal constitucional, de modo a provar a sua inconstitucionalidade.

Mais do que nunca devemos colocar em prática um outro conselho do Papa Francisco “A esperança é como lançar a âncora até a outra margem.” Aconselhou esta imagem para exortar “o cristão a viver em tensão rumo ao encontro com o Senhor. Caso contrário, acaba corrompido e a vida cristã corre o risco de se tornar uma doutrina filosófica.” Por isso, peço para nos próximos dias lembrarmo-nos muito deste assunto e assim como não partilho da ideia “Se Deus não existe, tudo é permitido?”, devemos pedir muita ajuda para o Céu para impedir que esta lei de morte seja efectivamente legalizada em Portugal.

Maria Caetano Conceição
Lic. em Medicina Veterinária



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