Páginas

domingo, 28 de fevereiro de 2021

A vida é um presente

Jesus diz “em verdade, em verdade, vos digo.” Fascina-me este modo de Jesus falar connosco, esta maneira única de logo no início me falar ao coração, porque me diz: “em Mim podes confiar”.

Ultimamente, tenho vivido um período difícil de saúde, com algum sofrimento de ordem física. Sabem aqueles pensamentos negativos que parecem não querer sair da nossa cabeça, por mais que tentemos?

É um desgaste inútil de energia. O segredo é deixar a voz do Pai falar mais alto. É deixar a voz do Amor falar. Foi o que me aconteceu. Primeiramente perguntei “o que queres, Senhor, dizer-me através destes sinais?” Então, entreguei-me nas Suas mãos, pedindo e agradecendo.

Ao longo dos internamentos e não só, aprendi tanta coisa maravilhosa...a minha vida tinha que mudar em alguns aspectos, como por exemplo, agradecer o dom da vida.

A vida é um presente, mas um presente que temos que conquistar todos os dias.

O segundo aspecto foi sentir que, ao ficar dependente dos outros, tinha que os ver como irmãos, dialogar com eles com naturalidade e sorrir mesmo que me custe. A gratidão é um sinal de nobreza. Foi a gratidão que salvou o Samaritano.

Por vezes, no meio de tanto sofrimento basta um obrigada, mas temos que pôr nesta palavra um sentimento de alegria. Custa pouco ser agradecido e o bem que se faz é enorme.

Agora, relacionando um terceiro aspecto com o ponto 1 do livro “Caminho” verifiquei que a minha vida não foi totalmente estéril. Deixei algum rasto. As minhas atitudes e palavras não foram totalmente inúteis!

Estou a falar da amizade. A amizade é o mais necessário para a vida. Agradeço a amizade da família, dos amigos e da grande família do Opus Dei. Todos se uniram em oração por mim, mesmo os amigos que não sabem rezar, mas sabem que sou uma pessoa “que lê a vida de Jesus Cristo”. (Caminho, ponto 2)

Verifiquei que a verdadeira amizade cria fortes laços de confiança, lealdade, fortaleza, decisão e generosidade.

Nem sempre é fácil, mas vale a pena esta grande luta pelo próximo. A amizade protege-nos da solidão e por sua vez desenvolve em nós outras virtudes.

Outro aspecto que também me fez meditar foi aprender a viver com algumas limitações. Exige aprofundar a paciência, a humildade e a aceitação.

Sei que o Pai nos diz: “Não tenhais medo”, porém, às vezes tenho medo. Mas sei que o Senhor nos fala directamente ao coração. Então o cansaço e o desânimo não são o mais importante. Recomeçar. Ainda há um longo caminho a percorrer.

Nestes últimos tempos foi especialmente forte para mim esta certeza da proximidade de Deus. O dia-a-dia da minha vida tem uma qualidade diferente. Tenho estado mais presente no sofrimento dos outros, e tenho visto como Deus cura, molda, transforma e abre novos caminhos. Com a ajuda do Pai e de todos os que me rodeiam, tive oportunidade de crescer um pouco em muitos aspetos, principalmente na humildade, aceitando as pequenas irritações com bom humor, cedendo à vontade dos outros, etc. Mas o que me ajudou mais foi olhar para o meu crucifixo e ver ali um Homem humilde.

Luísa Loureiro






A defesa de um domingo livre, sem trabalho

Começamos este domingo, último do mês de fevereiro e primeiro dia de uma nova semana, a lembrar o Dia Internacional do Domingo Livre, sem trabalho, mas não é hoje, assinala-se a 3 de março.

“A nossa democracia é alimentada por experiências positivas de união e pela oportunidade de participar ativamente na mesma. Uma condição necessária é um domingo livre para o maior número de pessoas possível”

O Movimento de Trabalhadores Cristãos Europeus (MTCE) defende que a “banalização do trabalho ao domingo” deve ser “veementemente rejeitada.

“Para a prática da fé, o domingo é ainda hoje um dia indispensável e tem um significado comunitário para todos. A crescente individualização dos processos de trabalho atuais está a impulsionar a divisão da sociedade”, adianta, sublinhando a necessidade de momentos comuns para “celebrar, brincar, comer, etc”.

A noite passada foi um serão interessante. As Equipas de Jovens de Nossa Senhora realizam a 12ª edição do Faith’s Night Out, este ano com 9 conferencistas e “em casa”.

Com o apelo «permanecei firmes», a organização adaptou o evento ao formato digital, numa emissão a partir do auditório da Rádio Renascença.

Os oradores partilharam e testemunharam experiências e vivências sobre como permanecer firmes no serviço, na moderação, na esperança, na alegria, como ser fermento, com destaque para a atual pandemia.

Este domingo, começa a Semana Nacional da Cáritas Portuguesa, este ano com o tema ‘Cáritas 65 Anos: O Amor que Transforma’, até dia 7 de março.

No primeiro dia desta semana especial, D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, é fala sobre o impacto da crise na entrevista conjunta Renascença/ECCLESIA.

Nos nossos espaços habituais de domingo, destaque para o «Gente de pouca fé?», hoje sobre a chanceler alemã Angela Merkel, que já pode ler, pode também ouvir – às 06h07 no programa Ecclesia, na Antena 1, da rádio pública – e pode assistir, a partir das 11h30, no Facebook.

O professor Mendo Castro Henriques encontra em Angela Merkel uma “estadista” marcada pela discrição na assunção de pertenças cristãs e pelo discernimento ao longo da vida pública.

Na televisão, o programa ‘70×7’, viaja até ao Iraque, país que o Papa Francisco visita de 5 a 8 de março, pelas 15h30, na RTP2, com a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) que produziu um documentário sobre o “êxodo” dos cristãos.

Votos de um bom domingo e de uma boa semana.
Cumprimentos,
Carlos Borges

 


www.agencia.ecclesia.pt

      



sábado, 27 de fevereiro de 2021

Um dia diferente do planeado

Os planos que tinha para hoje desorganizaram-se! O telemóvel não tinha internet. Será que me enganei nos dígitos ao fazer a transferência? Também não havia eletricidade. Liguei o interruptor do quadro. A luz voltou mas por pouco tempo. Havia um curto-circuito, o quadro voltou a disparar. Dei uma volta à casa. Olhei para o teto e vi que devido â chuva havia uma infiltração que tinha chegado à parte elétrica. Enviei uma mensagem ao eletricista. Felizmente respondeu que viria resolver o problema antes de ir para o trabalho. Sem as novas tecnologias, com quem partilhamos inúmeros acontecimentos a nível mundial, e sem eletricidade fiquei limitada. Nada funcionava. O melhor mesmo era oferecer a Deus este contratempo, que se Deus quiser, a curto prazo será resolvido. Aceitei esta ocorrência, tudo se tornou mais fácil, inclusivamente, fazer as limpezas que este acidente provocou, desde lâmpadas partidas a toda a caliça que se espalhou ao isolar os fios. Fiquei reconhecida pela prontidão na resposta do eletricista. Antes de sair perguntei se queria um café. Já podia ligar a máquina. Respondeu logo afirmativamente, referindo, posteriormente que lhe tinha sabido muito bem. Agora já podia reorganizar a agenda diária.

E assim foi. Tinha um webinar que prometia ser interessante. Mas antes, queria fazer um curto passeio. Nos últimos dias tinha tido a companhia da minha neta, permanecendo em casa. Enquanto caminhava revivi estes dias em que teve as aulas online. Por um lado era bom tinha alguma atividade, via os colegas e a professora, criava os métodos de trabalho possíveis. Mas por outro lado, causou-me alguma tristeza, quando a vi correr pela casa, na aula de educação física. Era o possível! Há quase um ano que está a viver um tempo diferente, que certamente terá consequências no seu futuro e no das outras crianças a nível mundial!

Num dos dias tínhamos decidido que se encomendaria o almoço no restaurante ao lado de casa, no sentido de ajudar o dono e a sua família. Quando almoçávamos a minha neta referiu que estava muito bom, acrescentando: “O que acontecerá se o restaurante fechar. Temos de os ajudar!”.

O webinar que assistiria mais tarde era subordinado ao tema: “Impacto Social da Covid-19 ao longo do Percurso de Vida”. Muito oportuno. Havia palestrantes de diferentes partes do globo, cada um dando a perspetiva do seu país. Fui ouvindo as diferentes apresentações sendo que me marcou mais, um assunto que todos abordaram, ou seja, o tema da violência doméstica infantil, que tinha aumentado, com impacto na saúde física e mental. Confinados no mesmo espaço, às vezes sem condições de habitabilidade, com carência alimentar, sem suporte digital, encontravam-se muito vulneráveis, enfatizando-se, a enorme importância de futuramente prevenir estas situações quando acontecem as ruturas sociais. A doença Covid-19, colocou-nos enormes desafios a serem ultrapassados, no sentido de termos crianças, jovens, idosos, famílias e comunidades mais saudáveis e inclusivas, com novas metodologias adequadas à realidade cultural de cada país.

Vem de encontro ao que acabo de referir o Relatório de uma organização mundial sobre a Promoção de dados do Dia Mundial da Criança, em que refere: “Os efeitos sobre as crianças e os jovens tornam-se cada vez mais alarmantes. As crianças enfrentam três ameaças diferentes: as consequências diretas da doença em si, a interrupção dos serviços essenciais e o aumento da pobreza e da desigualdade.

Embora não seja a faixa etária mais afetada, novos dados sugerem que a doença Covid-19, pode ter um impacto na saúde das crianças e nos jovens, mais diretamente do que o previsto. A grave recessão económica global está a empobrecê-los e a acentuar ainda mais aa desigualdades e a exclusão já existentes”.

Preocupamo-nos com o futuro de todas as crianças. Senão o prevenirmos atempadamente, criando as condições necessárias implicando medidas ousadas e sem precedentes, que acautelem o seu porvir, e o de toda a humanidade, a diferentes níveis: saúde, educação, justiça, serviço social, habitação, entre outros, as crianças irão sofrer, ainda mais, as consequências da pandemia.

Por coincidência, no dia em que escrevi este artigo, assinalava-se o XXIX Dia Mundial do Doente. O Papa Francisco escreveu para este dia uma mensagem da qual retiro alguns excertos que reforçam o que atrás referi: “Penso de modo particular nas pessoas que sofrem em todo o mundo os efeitos da pandemia. A todos, especialmente aos mais pobres e marginalizados, expresso a minha proximidade espiritual, assegurando a solicitude e o afeto da Igreja. A doença tem sempre um rosto, e até mais do que um: o rosto de todas as pessoas doentes, mesmo daquelas que se sentem ignoradas, excluídas, vítimas de injustiças sociais que lhes negam direitos essenciais.

Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo. O serviço numa é uma ideologia, dado que não servimos ideias mas pessoas. Uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor souber cuidar dos seus membros frágeis e o fizer com uma eficiência animada pelo amor fraterno, procurando que ninguém fique sozinho, nem se sinta excluído ou marginalizado”.

Mãe de Jesus, olha para nós. Somos teus filhos e precisamos de ajuda. Faz com que sejamos mais generosos, mais atentos aos outros, mais alegres e afetuosos. Confiamos em ti e na tua proteção Santa Mãe de Jesus. Ajudai-nos a encontrar soluções justas no meio desta crise sanitária.

Maria Helena Paes






A curva pode descer mas as dificuldades sociais aumentam

O presidente da Cáritas de Portalegre-Castelo Branco disse que a região vai viver um ano de “enormes desafios”, com o agravamento da situação social causado pela pandemia, mesmo após o fim da crise sanitária.

“Nós podemos melhorar a situação sanitária, mas o problema social não passa da mesma maneira. A curva pode decrescer, ao nível sanitário, até económico, mas a nível social vai manter-se por muito mais tempo”, advertiu Elicídio Bilé.

Tem amanhã início a Semana nacional da Cáritas, que este ano se assinala entre os dias 28 de fevereiro e 7 de março, com o tema “Cáritas 65 Anos: O Amor que Transforma”, procurando destacar a ação da organização católica no combate à pobreza e exclusão social.

Lá fora esta organização tem também um papel de denúncia e apelo a uma justa distribuição, no presente contexto, das vacinas contra a Covid-19.


A Confederação Internacional da Cáritas apelou, junto das Nações Unidas, à distribuição em países pobres, com programas que apostem na sua produção local.

“É nossa firme convicção que o acesso às vacinas contra a pandemia é um direito básico, mas em muitos desses países não será automático”, advertiu Aloysius John, secretário-geral da ‘Caritas Internationalis’, falando na 46ª Sessão Ordinária do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que decorre até 23 de março.

Com o aproximar da viagem do Papa Francisco ao Iraque, entre os dias 5 e 8 de março, ouvem-se vozes a pedir palavras de incentivo para o regresso dos cristãos iraquianos a regressar às suas terra de origem.

A deslocação que vai contar com 10 mil seguranças vai encontrar comunidades diminuídas em mais de 80%, desde 2003.

A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre sublinha a discriminação contra minoria católica e ortodoxa, que se alarga atualmente ao esforço de reconstrução, após a derrota do autoproclamado Estado Islâmico.

“Enquanto centenas de ONG trabalham a partir de Mossul e Erbil, poucas trabalham em áreas cristãs, principalmente devido à perceção de que os cristãos são mais instruídos e têm melhores recursos do que outras comunidades no Iraque”, indica um estudo da organização, enviado à Agência ECCLESIA.

São realidades que acompanhamos no portal d notícias da Agência Ecclesia onde encontra mais para ver, ler e ouvir.

Hoje vamos estar a acompanhar o Faith’s Night Out 2021 e não perca amanhã mais uma conversa em torno do percurso «Gente de Pouca fé?»

Lígia Silveira

 

 


www.agencia.ecclesia.pt

      



sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Un seminarista que sigue la estela familiar: fueron los primeros bautizados y vocaciones nativas





La Tour, el pintor de escuela misteriosa que guiaba la luz física hacia donde se deposita la Gracia





Todos Te Procuramos Senhor!

Todos Te procuramos Senhor, em particular, nos momentos mais difíceis, em que não se vislumbra solução, ou quando esta se encontra longínqua tendo de atravessar todo um deserto, mantendo sempre a esperança num futuro melhor. Às vezes parece mesmo que o céu vai cair em cima de nós, agarrando-nos com a toda a paixão ao momento presente que vivenciamos atravessado por inúmeras dificuldades, e sofrimento, mas sabendo que Deus é Pai e que não nos abandonará nunca. Na verdade, este tempo de pandemia parece infindável. É preciso ter muita fé e saber que tudo concorre para o bem, ainda que, de momento, não o consigamos entender. Jesus disse em Getsémani: “Abba, Pai, todas as coisas Te são possíveis”. No entanto o próprio Filho de Deus não seria poupado. Tinha uma missão terrena a cumprir, ou seja, a nossa salvação, através da Cruz, iluminando o mistério da dor.

É na família que, em condições normais, desenvolvemos os fundamentos mais importantes para se ter uma vida feliz, ainda que Deus possa ter outros desígnios. A pandemia SARS-COV-2 destacou a importância do papel das famílias, como apoio e suporte a diferentes níveis. Também podemos ver, nalgumas situações, como uma oportunidade pois a nossa vida terrena é uma luta contínua.

Pela minha mente surgiu uma situação em que se tornou imprescindível o apoio da família. Há muitos anos atrás, aquando da independência de Angola, participei nalguns voos que traziam de regresso a Portugal os cidadãos de nacionalidade portuguesa, ou seja, os “retornados”. Tinha acabado de ser mãe pela segunda vez. Fui convocada para essa dolorosa tarefa, que me veio recentemente ao pensamento, quando o avião militar da Luftwaffe - Força Aérea Alemã, aterrou no aeroporto de Figo Maduro em Lisboa, transportando médicos, pessoal de saúde, ventiladores e outro material necessário, no sentido de ajudar a prestar assistência aos doentes mais graves da Covid-19, numa Unidade de Cuidados Intensivos.

Assisti na televisão à sua chegada. Sem saber como, recuei no tempo. Encontrava-me em Luanda, ouvia ao longe o som dos tiros, partíamos de noite de regresso a Lisboa, com o avião às escuras, para não sermos alvejados. O voo decorria em silêncio. Quanta angústia e incerteza nos olhares dos retornados, alguns sem nada trazerem, mas ainda assim não se ouvia um queixume. Não havia refeições a bordo. Recordo que distribuímos rações de combate, (diversas latas que vinham dentro de um saco de plástico). A situação em terra, em Luanda, era tão complicada, que alguém desesperado se virou para mim exclamando: “A Luftwaffe carrega os aviões!”. Acho que nos encontrávamos todos sobre uma enorme pressão. Graças a Deus, longe, bem longe, os meus filhos tinham ficado entregues ao pai e às avós. Ainda hoje resvalam as lágrimas pelo rosto ao reviver esses momentos. Deparei-me com tanto sofrimento, tanta dor, tantas doenças, tanta injustiça! À chegada a Lisboa, tocava profundamente o coração observar tamanha vulnerabilidade, vendo-os sair do avião e partir rumo a um futuro desconhecido, em que, na maior parte dos casos, aguardavam unicamente que as diferentes entidades envolvidas neste processo de repatriamento os apoiassem. Era o tempo da solidariedade, da caridade, da compaixão. Foram tempos difíceis! E os anos passaram. Melhor ou pior, as situações críticas foram ultrapassadas e integradas na sua época, que a história um dia narrará.

Nestes dias de pandemia, em confinamento, tenho refletido sobre esses momentos vivenciados que, por analogia, transporto para a atualidade. A vida é como uma milícia. Lutar sempre. à luz da fé, ainda que a cruz do sofrimento se abata sobre os nossos ombros. Ouvi alguém referir que a situação em que nos encontramos talvez constitua o altifalante que Deus utiliza para nos despertar, devido a tantas situações, que proliferam por esse mundo fora, e que provocam um enorme sofrimento e que carecem de uma resposta em prol do bem da humanidade. Este é um momento que pede a nossa fortaleza; não tenhamos medo da dor e do sofrimento, pedindo a ajuda de Deus. “Todos te procuramos, Senhor”!

Que a Virgem Maria, rainha da esperança e da família, interceda por nós e nos ajude a ultrapassar as dificuldades desta época com as quais nos confrontamos, sabendo que um dia o sol brilhará novamente.

Maria Helena Paes







Prémios e solidariedade

Olá bom dia!

Foi um dia para conhecer distinções e para apelos à solidariedade.

A jornada informativa desta quinta-feira chegou com a notícia do reconhecimento, pelo Parlamento Europeu, do Corpo Nacional de Escutas. Por proposta do eurodeputado José Manuel Fernandes, o CNE foi distinguido com o Prémio do Cidadão Europeu 2020 pelo projeto “Educação para a cidadania ativa, empoderamento dos jovens e desenvolvimento de competências”.

cardeal D. José Tolentino Mendonça é o vencedor do Prémio Universidade de Coimbra que vai ser entregue a 1 de março, na sessão solene comemorativa do 731.º aniversário da instituição.

No início da semana, a Conferência Episcopal nomeou o novo responsável nacional pela Pastoral Penitenciária. O padre José Luís Gonçalves da Costa sucede ao «carismático» padre João Gonçalves, com a tarefa de continuar o «capital de confiança» numa área pastoral «marginalizada».

Esta quinta-feira, a Cáritas Portuguesa divulgou as propostas para a próxima semana, a Semana Cáritas. “Cáritas 65 Anos: O Amor que Transforma” é o slogan para envolver todos os cidadãos, a começar pelo presidente da República que elogiou o papel da Cáritas na resposta à crise provocada pela pandemia.

A Semana Cáritas é um tema que marca a apresentação da liturgia do próximo domingo, tema do programa Ecclesia em cada sexta-feira, na RTP2 (15h00), hoje contando com a presença de Juan Ambrosio.

Mais tarde, na Antena 1 (22h45), o biblista José Carlos Carvalho encerra uma semana de conversas com o jornalista Octávio Carmo sobre São José, que vai estar presente no itinerário da Quaresma, na rádio pública.

No portal da Agência ECCLESIA encontra também as ‘Memórias que Contam’: de segunda a sexta-feira recordamos pessoas que morreram por causa da Covid. Esta quinta-feira, lembramos o primeiro presidente das IPSS, cónego Orlando Mota e Costa; mais logo, pelas 17h00, vamos evocar o escritor Luís Sepúlveda.

Votos de uma ótima jornada, a cuidar de si e, assim, de todos!

Paulo Rocha



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Pornografia - Uma lacuna de base antropológica

Quando o consumo de um produto é viciante, se está ao alcance de qualquer pessoa e é frequentemente gratuito, não é estranho que se "normalize". Mas isso não quer dizer que ele seja inócuo!

Na era da Internet, a pornografia invadiu não só os computadores mas também as mentes de milhões e milhões de pessoas, de todas as idades.

Para além de ser um produto prejudicial para a ecologia moral da sociedade, comporta custos exorbitantes em termos de saúde mental, no insucesso escolar, nas tensões entre casais, pela depreciação da sexualidade, pelo seu uso e abuso, nomeadamente de menores.

Não se trata apenas de o material pornográfico estar muito mais acessível graças à Internet, não se trata apenas de se produzirem todos os anos mais filmes deste tipo (com uma prevalência preocupante, para além disso, de pornografia violenta ou degradante); o mais grave é a sua crescente aceitação social: as jovens pousam descaradamente em posturas pornográficas nas redes sociais; as estrelas porno aparecem com frequência nas mesmas revistas sensacionalistas que os cantores, actores e outras celebridades destacáveis em vários campos sociais, numa promiscuidade banalizadora.

Parte desta normalização da pornografia conseguiu-se graças a uma pensada estratégia de "desmitificação" deste tipo de material, eliminando a auréola de proibido que o rodeava e oferecendo-o, pelo contrário, como algo "sexy" e, inclusivamente, divertido e atraente.

Tendo em conta a mensagem que a pornografia envia aos seus consumidores sobre a relação entre homem e mulher, esta omnipresença do porno desencadeia um grave problema de saúde pública, pelas consequências nefastas destes comportamentos desviantes.

Jovens e adolescentes que consumam estes sites, ficam viciados, e dificilmente conseguirão concentrarem-se nas aulas ou nos estudos, pois a sua mente está demasiado ocupada e preenchida com estes temas corrosivos.

Mulheres e raparigas adolescentes enfrentam uma cultura sexual moldada pela pornografia, que influi no modo de se verem a si mesmas e no tipo de relações que mantêm com os homens, o que as leva a tolerarem cada vez mais abusos emocionais, físicos e sexuais.

A exposição repetida a material pornográfico leva a que os seus consumidores tenham interpretações exageradas sobre a prevalência da actividade sexual; reduz o desejo de obter a exclusividade sexual com uma só pessoa (pelo que perde interesse o ideal de casar-se e formar uma família); aumenta o risco de desenvolver uma baixa auto-estima, sobretudo nas mulheres; diminui a capacidade de aprendizagem, gera uma imagem cínica e perversa do amor e uma visão da sexualidade como puro domínio sobre o outro.

Um dado muito revelador é que entre as mulheres que consumiram pornografia com assiduidade, directamente ou por exposição no domicílio familiar, é muito mais frequente uma atitude de indulgência com os delitos de violação, ou com o maltrato físico. A conexão entre pornografia e legitimação da violência é cada vez mais clara para os investigadores e terapeutas.

Outra tendência claramente documentada é a prevalência cada vez maior de problemas relacionados com a pornografia nos casos de divórcio. A maioria das mulheres entende como uma "traição" o consumo repetido de material pornográfico por parte do seu companheiro. Várias associações de juízes manifestaram que o consumo de pornografia - quase sempre por parte do homem - é cada vez mais uma das causas principais nos litígios matrimoniais.

São grandes as transformações que se produziram nas últimas décadas a respeito da catalogação do material pornográfico: o que antes era considerado "pornografia suave" nem sequer se considera pornográfico hoje em dia, e esse tipo de conteúdos estão omnipresentes em publicidade, videoclips ou séries para o público em geral; por seu lado, o que antes era "pornografia dura" constitui hoje a norma neste sector, enquanto o material duro actualmente manifesta uma perigosa tendência para o violento.

Esta mudança no paradigma da pornografia ajusta-se perfeitamente ao que se produz no cérebro do consumidor assíduo: no princípio sente repugnância perante determinados conteúdos, mas o hábito faz com que cada vez se requeira uma dose mais forte para alcançar os mesmos resultados. Daí que uma das consequências típicas do consumo frequente de pornografia seja que se deixa de sentir vontade por ter relações normais.

Todas as ciências são unânimes em considerar que a pornografia é altamente nociva para o homem do ponto de vista antropológico, degradando-o no seu todo, aliena a sexualidade, destrói a afectividade, a sensibilidade, provoca alterações psíquicas e físicas irreversíveis, para além de se tornar uma dependência demasiada cara para qualquer sistema de saúde, na medida em que as suas consequências se reflectem directamente na sanidade da sociedade.

Maria Susana Mexia



O amor que transforma

É o amor que transforma... será este o tema para a Semana Cáritas que vai decorrer de 28 de fevereiro a 7 de março. D. José Traquina, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, na sua mensagem para esta celebração, destaca a “solidariedade na dor” que surgiu durante a pandemia, e que levou muitos a “reinventar a proximidade e o cuidado com os mais frágeis”. Este ano a organização católica assinala 65 anos e a semana Cáritas acontece com atenção reforçada aos efeitos da pandemia e um peditório online, destinado às respostas solidárias da Cáritas.

Hoje a Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) promove mais um encontro inserido no ciclo de conferências: “Vamos construir esperança na crise”. O evento conta desta vez com a presença de João Roquette, CEO do Esporão. A iniciativa que decorre na plataforma digital carece de inscrição prévia.

Hoje é também dia para mais um “Encontro com João”. Durante os meses de fevereiro e março, o Bispo de Setúbal, D. José Ornelas propõe à igreja diocesana o aprofundamento do Evangelho de São João, “o Evangelho dos encontros”. O tema de hoje é: “A decisão sobre Jesus e as suas consequências (Jo 7,2–10,42)”. Os encontros decorrem às 21h00, através de videoconferência, e os interessados em participar devem inscrever-se antecipadamente.

Pelas plataformas digitais passa também o diálogo entre a arte e o culto eucarístico. Este é o tema de um curso online em 15 sessões, em que Marco Daniel Duarte, diretor do Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima e do Museu e Departamento de Estudos do Santuário de Fátima, vai procurar-se “explorar a relação entre a arte e o culto eucarístico, aprofundando e alargando os horizontes da nossa fé”. A participação implica também a inscrição antecipada.

Por fim, saiba que hoje é dia de São Nestor, bispo e mártir. Durante as perseguições do imperador Décio, Nestor defendeu e ocultou as comunidades cristãs de Panfília, atual Turquia. Estando em oração em casa, foi preso e torturado por se recusar a oferecer sacrifícios aos ídolos. São Nestor foi crucificado diante de uma enorme multidão de fiéis em oração.  

Tenha um grande dia

Henrique Matos

 

 


www.agencia.ecclesia.pt