quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
Jean Delumeau (1923-2020): Historiador sem saudades do passado, numa viagem entre o medo e a esperança
António Marujo | 17 Jan 20
No seu funeral, na próxima terça-feira, 21 de Janeiro, será lida uma pequena oração de despedida que o próprio escreveu para a ocasião. Termina assim: “Possa eu recordar-me o versículo citado por são Paulo: ‘Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os mortos e Cristo te iluminará!’ Sobre a tua palavra, Senhor, creio que reviverei com todos os meus e a multidão daqueles por quem tu deste a vida. Então, a terra será renovada e reabilitada e não haverá mais morte, nem medo, nem lágrimas.” O historiador francês Jean Delumeau, autor de Uma História do Paraíso, morreu segunda-feira passada, dia 13, com 96 anos.
Nos quatro curtos parágrafos do texto, que será lido na igreja de São Martinho de Tours, em Cesson-Sévigné (noroeste de França, junto a Rennes, na Bretanha), Delumeau manifesta a sua personalidade profundamente crente. Essa foi uma característica determinante para o seu trabalho como historiador das religiões, dos mitos, dos mecanismos do medo e das prospectivas para o cristianismo contemporâneo.
Leia-se, por exemplo, este parágrafo de síntese: “Estamos presentemente a assistir a uma indiscutível descristianização do mundo actual. Poder-se-á mesmo dizer que o cristianismo está moribundo, que o futuro da Igreja se apresenta sombrio, que a divisão entre os seus membros é cada vez maior.”
Uma leitura do que se passa actualmente, sob o pontificado do Papa Francisco? Este texto foi escrito em 1977, na capa da edição portuguesa do livro O Cristianismo Vai Morrer?, resumindo a ideia e intenção da obra. Publicado no último ano do pontificado de Paulo VI, que morreria no ano seguinte, a actualidade desse livro e da sua leitura da realidade evidenciam a capacidade de Delumeau de, a partir do olhar sobre o passado, ler o presente e antecipar o futuro, sintetizando mesmo algumas intuições do seu percurso.
Especializado nos séculos XVI-XVIII, Jean Delumeau explicava na apresentação do livro porque se aventurara noutros caminhos para além do seu território de investigação: “É em razão de uma problemática e de uma certa visão da história cristã que me decido a sair das fronteiras que tinham sido as minhas até ao presente. Ao denunciar, diante dos factos e dos documentos, o mito tenaz da Cristandade, sou logicamente levado a fazer-me uma certa ideia da evolução actual do Cristianismo. (…) sinto-me autorizado a dizer aos cristãos que o presente é menos sombrio do que eles o imaginam muitas vezes.”
Para que ficasse claro o seu campo, Delumeau acrescentava ainda: “Sobretudo, não tenhamos saudades do passado. Porque a Cristandade de outrora foi muitas vezes uma caricatura do Cristianismo. Os cristãos devem ter a coragem da lucidez e devem nomeadamente compreender porque é que tantos dos nossos contemporâneos sentem pela Igreja repulsa e rancor. Na medida em que ela foi poder, desmentiu constantemente o Evangelho. Temos, portanto, que denunciar resolutamente esta desastrosa contradição e este enorme desvio. Não por masochismo, mas para desobstruir o caminho do futuro.”
A dúvida como sombra
Nascido em Nantes a 18 de Junho de 1923, Delumeau herdou o catolicismo da sua família, de um meio social modesto. Mas rapidamente assumiu um olhar crítico sobre o fenómeno religioso, com a “dúvida como [sua] sombra”, como ele definia. Começou a leccionar História no secundário, passou depois para a universidade e acabou por ser nomeado para o Collège de France, em 1975, ali ensinado “História das mentalidades religiosas no Ocidente moderno”, durante duas décadas. Casara, entretanto, em 1947 e foi pai por três vezes – um dos filhos, Jean-Pierre, é também historiador.
Em 1977, O Cristianismo Vai Morrer? – que venceria o Grande Prémio Católico de Literatura – atraiu a atenção do grande público para o trabalho de Delumeau. A partir daí, a sua bibliografia conta-se por títulos quase todos marcantes na historiografia contemporânea, numa espécie de viagem entre os medos, o paraíso e o futuro: O Medo no Ocidente – séculos XIV-XVIII (1978), O Pecado e o Medo (1983), Uma História do Paraíso (1992-2000), em três volumes, tendo os dois primeiros sido publicados em português, A Religião da (minha) mãe – O papel das mulheres na transmissão da fé (1992), Despertar a Aurora – Um cristianismo para amanhã (2003) ou, já em 2015, aos 92 anos, O Futuro de Deus. Além de ter dirigido obras como As Grandes Religiões do Mundo (publicado pela Presença) ou O Facto Religioso.
Em O Futuro de Deus, como que contrariando Jean-Paul Sartre, escrevia Delumeau: “O paraíso serão os outros, na luz e na proximidade de Deus, numa afeição recíproca que terá apagado todas as incompreensões e hostilidades daqui de baixo.”
Do medo ao paraíso, como “lugar de espera”
As suas obras sobre o medo ajudaram a clarificar a “pastoral do medo”, que Jean Delumeau considerava ter dominado o catolicismo depois da Idade Média até ao Iluminismo, com conceitos como o pecado ou a ameaça do inferno. Mas o historiador dava o contexto a esses temas, como recordava o La Croix: epidemias, épocas de fome, conflitos políticos e guerras religiosas levavam as populações a mergulhar numa “angústia ordinária” difusa e mortífera. Mas, como sugere Emmanuelle Giuliani no mesmo texto, na linha do pensamento de Delumeau: “Ao instaurar uma pastoral do medo, dando-lhe contornos teológicos bem definidos, a Igreja mostrava que era, apesar de tudo, possível agir contra o flagelo do mal. Ao invés das calamidades naturais que se abatem sobre o homem impotente, o pecado e o demónio podiam ser combatidos, mesmo vencidos.”
Esse sentimento do medo tinha o reverso da busca da esperança, notava Pauline Petit no obituário já citado da France Culture. O medo ou o terror – mesmo sob o poder religioso – não eram, no entanto, um fenómeno circunscrito às instituições cristãs. Por seu lado, os três volumes de Uma História do Paraíso mostram “como se passou da nostalgia do jardim do Éden à esperança de um novo paraíso terrestre e como essa esperança se laicizou para dar lugar à noção moderna de progresso”, lê-se ainda no mesmo texto.
Nesse percurso pela ideia do paraíso, Jean Delumeau aborda mesmo, no segundo volume da obra, milenarismo português do rei D. Manuel, de Bandarra e D. Sebastião e do padre António Vieira. A sua viagem leva-o a confrontar começa na Grécia clássica e no judaísmo, para identificar o paraíso como “lugar de espera”. Atravessa, com o contributo da teologia, literatura, ciência ou arte, mitos como o do Preste João ou das ilhas paradisíacas, as procuras da geografia terrestre do paraíso, os milenarismos e as suas violências, até à contemporaneidade e à ideia do progresso.
“Terminei a minha corrida”
O La Croix recorda ainda o “orador emocionante” nas aulas ou conferências, a sua “clareza cristalina”, o seu carácter afável. E ainda sua capacidade de organização, traduzida mesmo na inteligência de terminar cada aula imediatamente antes de o relógio assinalar o momento certo.
No programa La Fabrique de l’histoire (A Fábrica da História) da France Culture, dizia, em 2013: “Não é por ser cristão que devemos dar a bênção a tudo o que o cristianismo fez na História.” Na mesma ocasião, acrescentava que a problemática cristianização-descristianização era o “fio condutor” para compreender a sua obra.
No La Croix, escrevera em 2003: “A mensagem evangélica está intacta. Está simplesmente dissimulada por trás de demasiadas estruturas, demasiada autoridade…”
Terça-feira, no funeral, a sua oração de despedida dirá ainda: “A minha vida teve as suas tristezas e alegrias (…), os seus entusiasmos, ímpetos e esperanças. Terminei a minha corrida. Que eu adormeça na tua paz e no teu perdão! Sê o meu refúgio e a minha luz. Eu me abandono a ti. Vou entrar na terra. Mas que o meu último pensamento seja o da confiança.”
Um pesadelo chamado “Soros”
"O Projeto Soros e a Aliança Entre a Esquerda e a Grande Capital"
Uma poderosa rede de fortes tentáculos organizada para transformar o mundo destruindo todos os seus pilares, nomeadamente a herança cristã do Ocidente. Pouco ou nada escapa ao seu poder, desde a política, os media, movimentos sociais, associações, lobbies e ONG.
Bilionário húngaro de noventa anos tem por objectivo transformar as sociedades em instrumentos fracos, minar democracias e nações fortes para as submeter ao seu controle sem resistência, já destruturadas e fracas.
Nestas circunstâncias torna-se imperioso fragilizar ou quebrar a instituição familiar. Por isso, Soros financia e apoia tudo o que corrompe a vida e a família: leis LGBT, aborto, contraceptivos, divórcio...
Carlos Astiz, jornalista, doutor em ciências da informação e professor universitário, neste livro explica ainda como os grupos de pressão liderados por Soros, impõem a forma de pensamento único obrigatório; anunciam o apocalipse climático; apoiam uma imigração descontrolada; a descriminalização de drogas; a eutanásia; o aborto; a saúde reprodutiva; a agenda LGBT, grupos feministas anti-homem; enquanto promovem a fragmentação social, incentivam ao confronto e ao ódio e promovem a pornografia, um vício que enriquece as multinacionais e destrói a sexualidade.
Influenciar a classe política, transformar a opinião pública, monopolizando os media, dessacralizando as sociedades e fragmentando todos os vínculos afectivos entre as famílias e dento das famílias, é uma das estratégias implementadas, porque os indivíduos solitários são os mais influenciáveis, vulneráveis e controláveis.
Controlar a educação para doutrinar as crianças e os jovens tem-se apresentado como uma urgência, como podemos verificar com o programa de ideologia do género em todos os níveis de ensino. Por outro lado, pretendem reduzir o nível de qualidade de aprendizagem nas escolas, fomentando a ignorância, as pessoas sem cultura, abandonadas, mas facilmente manipuláveis, sem pensamento crítico ou capacidade de discernimento. Nesta estratégia de Soros, acredita que a universidade desempenha um papel fundamental e no Fórum de Davos, anunciou que doaria US$ 1 bilhão para criar uma rede global de universidades, OSUN (Rede de Universidades da Open Society), o projeto mais importante de sua vida.
Para Carlos Astiz, se o magnata for bem-sucedido, alcançar a liderança mundial do ensino superior, formando elites, será um perigo enorme para a liberdade e integridade do seu humano e o fim das sociedades livres.
Soros, mito, realidade ou um pesadelo dos nossos dias?
Maria Susana Mexia
Esperança
Bom dia e paz e bem! Termina hoje um ano
marcado pela esperança para começar imediatamente outro depois das 12
badaladas que nos vão fazer entrar em 2021. Confinados entre paredes mas
unidos nessa esperança, independentemente das crenças, religiões, culturas,
que a pandemia vai acabar. Mas isto, sou eu a escrever “em voz alta”. Na última audiência
semanal deste ano, esta quarta-feira, o Papa Francisco disse que “o mundo precisa de esperança”, numa catequese
onde refletiu sobre ‘a oração de ação de graças’. “Se somos portadores de gratidão o mundo também se torna melhor, mesmo que ligeiramente, mas isso é o suficiente para dar-lhe um pouco de esperança. O mundo precisa de esperança e com gratidão, com esta atitude de agradecimento, transmitimos um pouco de esperança” No final de cada ano são publicadas as esperadas “revistas do ano”. No site da Agência ECCLESIA já recordamos o ano do Papa Francisco, que multiplicou gestos simbólicos para manifestar atenção às vítimas da pandemia, acontecimentos e notícias que marcaram também Portugal e já fizemos homenagem às pessoas que a Igreja e a sociedade portuguesa perderam em 2020. Amanhã, 1 de janeiro,
é o Dia Mundial da Paz, data instituído pelo Papa Paulo VI, em 1968. Se
tiver oportunidade pode ler, ou reler, a mensagem do Papa Francisco: ‘A cultura do cuidado como percurso de paz’. A Comissão Nacional Justiça e Paz, organismo laical da Igreja Católica em Portugal, salientou alguns aspetos da mensagem do Papa e “a sua pertinência no atual contexto da sociedade portuguesa” numa nota onde, por exemplo, manifestou “tristeza” pelos “ventos de racismo e xenofobia” que atingem Portugal. Na televisão vamos
terminar o ano de 2020 com a família Soeiro, que recebeu a Agência ECCLESIA
em sua casa. Para ver a partir das 14h57, na RTP2. Na rádio Antena 1, vamos
conversar com D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa
e bispo de Setúbal. Cumprimentos, votos
de uma boa quinta-feira, também na nossa companhia, e boas entradas em 2021,
vamos estar aqui odos os dias do novo ano. |
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Prevenção para um labirinto enganoso
Jesus Urones e Yasmín Oré no seu livro "As Seitas e a Nova Era" destinado a padres, bispos, religiosos, pais, professores e todos os que, sendo cristãos, procuram conhecer e proteger-se das práticas usadas na Nova Era.
Um livro que em pouco mais de 200 páginas consegue condensar uma enorme riqueza de informações, incluindo a descrição de 23 seitas controversas ou grupos espirituais, 14 práticas ou áreas da Nova Era, os problemas que causam e as respostas da Igreja Católica às suas doutrinas erradas.
Entre as práticas da Nova Era que mais destacam estão o yoga, o reiki, a meditação transcendental, o mindfulness, os teste de eneagram, as constelações familiares, curso de milagres e toda a pseudociência.
As seitas começam por atrair pessoas com um certo vazio religioso, tentando atender necessidades variadas não só de caráter espiritual, mas também emocional, psicológico, afectivo, financeiro, baseando-se em novas doutrinas excêntricas que garantem a salvação, recompensas materiais ou soluções imediatas nas suas vidas.
A Nova Era, por outro lado, oferece uma gama de correntes orientais, cósmicas e terapêuticas que buscam experiências religiosas pessoais sem intermedio de Instituições, de Igrejas ou dos Sacramentos.
Os autores propõem oito pontos de referência para esclarecer e proteger os católicos do labirinto enganoso da Nova Era.
1. Conhecer as práticas da Nova Era, os seus erros e como os prevenir. Exigirá a criação de grupos de estudo para analisar essas técnicas, vê-las à luz do Catecismo dá-las a conhecer aos outros católicos.
2. Ensinar a espiritualidade católica que é muito rica, tem muitos aspectos em que se devem debruçar, e nem sempre são bem divulgadas na Igreja o que leva algumas pessoas a afastarem-se.
3. Promover práticas cristãs contemplativas, meditação lendo algum livro da espiritualidade católica, ou lendo e meditando todos os dias o Evangelho.
4. O Rosário e a oração mental são práticas espirituais que dão a força e a proteção de Nossa Senhora e sempre foram praticada pelos santos ao longo dos séculos.
5. Importante recordar a “Graça” essa intervenção divina na vida do cristão que se dá quando a oração e a meditação são feitas na presença de Deus e se invoca o Seu auxílio. Não são as nossas forças nem o desenvolvimento pessoal que nos salvam, como no pelagianismo ou gnosticismo é defendido, mas sim a intervenção do Espírito Santo.
6. É importante motivar os leigos católicos a realizar exercícios espirituais e retiros pelo menos uma vez por ano, onde o silêncio, a oração e os temas da espiritualidade católica são ensinados por padres ou religiosos especializados que ajudarão a elevar o espírito a Deus, a melhorar como cristãos e aprender os ensinamentos da Santa Madre Igreja, de forma bem clara e definida para se compreender.
7. Ouvir música católica e religiosa pode ajudar o nosso espírito a elevar-se para Deus. Há uma música muito boa que devemos conhecer e também promover, como o canto gregoriano entre outros.
8. Criar grupos organizados para estudar as Sagradas Escrituras, os Textos do Magistérios e os Padres da Igreja, defendendo a fé explicando-a e assim serem capazes de perceber os erros que a Nova Era promove, como combatê-los e distingui-los.
"As Seitas e a Nova
Era" é, sem dúvida, uma obra de muito interesse, um excelente guia católico sobre estes temas, abrange uma ampla variedade
de grupos e práticas, conseguindo dar uma resposta breve, mas apropriada para
cada um deles.
Pena que estas iniciativas rareiem em Portugal, onde pouco se sabe e muito abundam as heresias e práticas danosas para a alma e para a salvação eterna.
Michele
Bonheur
investigadora
Apesar das contingências os jovens não desistem
Olá Bom Dia A comunidade
ecuménica de Taizé está a dinamizar o seu Encontro Europeu de Jovens de final
de ano pelos meios digitais e vários grupos em Portugal acompanham o programa
à distância e são “sinal de esperança para a humanidade”. Desde domingo, 27 de
dezembro, até 1 de janeiro, a comunidade monástica de Taizé transmite “todo o
programa” do Encontro Europeu de Jovens online para “permitir a participação
de jovens de todo o mundo” nas “orações comunitárias, ateliês e meditações
bíblicas”. A Comissão do
Vaticano para a Covid-19 e a Academia Pontifícia para a Vida (Santa Sé)
publicaram um documento em que pedem ‘Vacina para todos’ na resposta à
pandemia. “A Covid-19 está a exacerbar uma ameaça tripla de crises
simultâneas e interligadas de saúde, económicas e socioecológicas, que estão
a afetar desproporcionalmente os pobres e vulneráveis. À medida que avançamos
em direção a uma recuperação justa, devemos assegurar que as curas imediatas
para as crises se tornem degraus para uma sociedade mais justa, com um
conjunto de sistemas inclusivos e interdependentes” Propostas para hoje…
No entanto não esqueça de ver o programa ECCLESIA na RTP2, pelas 15h00, e
ouvir na Antena 1, pelas 22h45. Já sabe que pode
acompanhar toda a atualidade religiosa, em Portugal e no mundo, no site www.agencia.ecclesia.pt/portal/ Cumprimentos Luis Filipe Santos |
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
Mas onde é que estão os homens? Sei lá, sei lá!
Pontos de vista diferentes ou a moral vista por um só ponto: A decência no feminino versus guerra santa.
Olhando com olhos de ver para o que à nossa volta prolifera, chama-nos a atenção a forma como algumas mulheres e adolescentes, de qualquer estatuto social andam vestidas, ou antes despidas.
Acresce que, aliada a esta forma de vestir/despir andam todas muito livres, muito disponíveis e muito chamativas, digamos com um adequamento propício a outras interpretações. Sair à noite para descontrair, nos mais perversos lugares, cheios de armadilhas e uma corrupção sem fim, é o expoente máximo de liberdade, modernidade e de afirmação.
Lugares seguros, dizem elas! Nada de bebidas espirituais, só suminhos e, até os shotes não têm álcool. Acreditam? Eu também não! Aliás as urgências dos hospitais e os comas alcoólicos lá estão para o provar.
E então, pergunto eu: mas onde é que estão os homens, os pais, os maridos, os irmãos e os namorados? Sei lá, sei lá, por aí, em todos os sítios e em nenhum, num desvario de consumismo, desinteresse, falta de maturidade e de referências para conhecer e cumprir as suas obrigações de cuidar e proteger os que, supostamente, amam.
Têm medo de ser cotas? Ou perderam a noção de protecção familiar?
Talibãs, não, obrigado, mas homens “descafeinados”, amorfamente perversos, que optam pelo comodismo do seu próprio ego, solitário, empobrecido e, quiçá, degradado. Mais premente para eles é o futebol, o debate político, a crise ou as fofocas, as idas sagradas ao ginásio ou ainda mergulhar no computador, esse navegar sem norte, num mar lodoso e sem fundo, que atola quem não tem tino.
É contra esta “perdição” de valores familiares, de intimidades desprotegidas com promiscuidade gratuita, que os fundamentalistas barbudos do Médio Oriente se revoltam. Irão, Iraque, Paquistão e Afeganistão, entre outros, não cessam de bradar gritos de morte ao “Satã do Ocidente” (EUA e Europa) numa reactiva explosão de descontentamento.
Terrorismo? Divergência religiosa? Talvez não tanto, todos são praticantes duma religião monoteísta, a diferença é que uns são extremistas e outros são versão ligt. A virtude está no meio-termo, diz o ditado, mas entre Alá e Cristo paira uma grande diferença: um muçulmano conquista o céu se matar um infiel que não acredita na sua fé e os cristãos praticam a tolerância, a compreensão, o perdão e o Céu é uma terra prometida a quem na vida passar fazendo o bem aos outros e amando o Criador.
A grande questão é que o Ocidente abdicou das suas referências religiosas, espirituais e já não conhece o seu Deus. Voltar a religar o coração e a razão com a cultura e a espiritualidade da mensagem cristã é a via única e obrigatória sob pena de, mais tarde ou mais cedo, ver a nossa vida e a nossa liberdade apreendidas.
E disso todos temos um pouco de culpa, pois tão ladrão é o que rouba como o que deixa roubar e, como já não temos a fé do bandido crucificado com Jesus, não ousamos pedir-lhe que nos guarde um lugar no Céu, pois a ideia da existência desse Paraíso já não habita no nosso pensamento, não faz parte do ideal de vida eterna que, daria sentido à nossa finita e precária existência.
Homens do Ocidente uni-vos, o perigo entra sem bater à porta e só a vossa atitude e acção conjunta de reforço e prática dos valores da Europa ainda podem evitar a flageladora calamidade, que sem apelo nem agravo incide sobre todos nós. Esta é a maior crise e só o bom senso, o afecto, o amor e a fé nos poderão salvar.
António Esteves
Professor
Tradições de Natal e inclusão
Bom dia e paz e bem! O jornalista e
investigador José Milhazes partilhou que teve vivências natalícias “muito
diferentes” ao longo da sua vida e que passou um Natal “completamente
sozinho” num hospital da Rússia. “Os estudantes que lá
estavam organizavam o Natal e sempre que possível vinha bacalhau de Portugal:
Eu fazia as rabanadas à poveira; Tínhamos sempre muita alegria”, recordou em
entrevista no Programa ECCLESIA. José Milhazes que levou tradições natalícias da Póvoa de Varzim para a Rússia lembra que o regime soviético permitia assinalar o Natal “mas de uma maneira muito limitada”. No setor da inclusão,
fica a sugestão da última edição dominical do ciclo ‘curtas com conversa’ do
Seminário Maior de Coimbra que juntou quatro crianças em reflexão a partir da curta-metragem de
animação ‘IAN’, que é baseada numa história verídica de uma criança com
paralisia cerebral. “Não devemos deixar ninguém de parte por mais diferente que seja de todos nós. Juntos realmente somos mais fortes”, disse Kyara, de 10 anos de idade, Noutras regiões do
planeta, o diretor da associação ‘Portas Abertas - Open Doors’ (Itália)
alertou que a pandemia Covid-19 foi um multiplicador das discriminações
contra os cristãos. “Onde há perseguição,
as mulheres cristãs, em países por exemplo como Índia e Paquistão, tornam-se
alvos fáceis de agressões sexuais e violência”, exemplificou Cristian Nani. No Angelus de 26 dezembro, na festa de Santo Estêvão o primeiro mártir, o Papa Francisco pediu orações pelos cristãos perseguidos, sublinhando que “são mais numerosos do que nos primeiros tempos”: Esta fotografia é de
arquivo mas a esperança (hope) continua atual. A Comunidade Ecuménica de
Taizé está a promover o seu encontro europeu de jovens de final de ano, até 1 de
janeiro, numa edição “inédita” online. No site da Agência ECCLESIA encontra notícias com a mensagem do Papa Francisco, da presidente da Comissão Europeia e vários líderes religiosos cristãos, e declarações do irmão David, monge português, “sobre o desafio de criar um programa e organizar as atividades num contexto virtual”. A não perder, esta
tarde, uma reportagem sobre presépios no programa Ecclesia, na RTP2, a partir
das 14h50, e à noite, na rádio Antena 1, da emissora pública, o destaque e
testemunho é das famílias, às 22h45. Cumprimentos, votos
de uma boa semana, |