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domingo, 3 de fevereiro de 2019

A Alegria do Senhor é a Nossa Fortaleza

Mais um fim-de-semana na Vila de Mafra, em companhia da família mais jovem. É sempre bom partir quando nos espera um lar acolhedor. Aprendo sempre com os mais jovens. É bom compreender os seus problemas e dificuldades, as suas alegrias e tristezas, o seu modo de agir, de viver e de pensar. Sobretudo, com a organização do lar e a educação dos filhos. No dia em que cheguei havia já um programa traçado. As meninas iam aproveitar a época dos saldos e jantar fora, aproveitando para dedicar um tempo de maior qualidade a uma jovem adolescente. Gostei muito de as acompanhar neste passeio, juntando o útil ao agradável. Por um lado, colmatavam-se algumas necessidades a um preço bem mais acessível, por outro partilhava-se um bom momento de convívio e de alegria. O jantar seria pizza, o que raramente degusto. Mas na sua companhia iria mesmo saber muito bem. As minhas sobrinhas ficaram felizes por aceitar o desafio. Assistir às suas compras, acompanhar os seus gostos, constitui também uma aprendizagem. Devo, contudo, dar ênfase a que uma mãe se encontra por vezes em dificuldades no sentido de aconselhar uma adolescente com os seus próprios gostos que às vezes não são os mais adequados. Enfim, parece uma luta constante, mas que, graças a Deus, nesta circunstância se chegou quase sempre a um consenso graças à sua paciência e alguma firmeza. Foi muito bom mesmo observar como os anos passam. Como estava bonita e elegante com as suas escolhas que se apressou a estrear. No dia seguinte, seriam colmatadas as necessidades dos rapazes, que, entretanto, tinham ficado em casa a ver um filme, depois de terem ido jantar a um local da sua preferência. São os novos tempos. Mas reconheço que foi muito prático e objetivo. Não houve tanta dispersão.

A vila de Mafra é muito agradável e tranquila. Admiro o seu centro histórico onde predomina o Real Edifício de Mafra, o mais imponente monumento de arte barroca existente em Portugal e um dos maiores da Europa, de que se completaram recentemente os 300 anos sobre o lançamento da primeira pedra (17 de novembro de 1717), que não me canso de admirar. Sempre que possível, dedico algum tempo a visitá-lo. Recordo com alguma saudade os passeios que fiz na longa galeria, com mais de 230 metros, o maior corredor palaciano da Europa, que liga o Torreão Norte, zona destinada ao Rei, com o Torreão Sul, zona destinada à Rainha. Na verdade, nos dias frios e ventosos de inverno é um privilégio poder aqui passear, usufruindo de toda a sua beleza e das obras de arte expostas que nos recordam um pouco da nossa história. Possui ainda uma das mais belas e importantes bibliotecas do nosso país e do mundo, com um acervo de cerca de 36 000 volumes. O convento composto pelos seus três núcleos: o conventual, o de exposição da arte sacra e a zona ocupada pela Escola Prática de Infantaria. Os carrilhões da Basílica com 98 sinos, é um dos maiores carrilhões do mundo. A majestosa e belíssima Basílica de Nossa Senhora e de Santo António que no domingo tive oportunidade de visitar e participar na missa. Com admiração constatei que num dos corredores ao pé da sacristia, já se encontravam a ser preparados os andores para as diferentes procissões que têm lugar na Quaresma e Páscoa. Com o decorrer dos séculos, alguns dos vestidos das imagens de vestir de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Nossa Senhora e de inumeráveis Santos e outras personagens das cenas, têm forçosamente de ser mantidos e restaurados. Constatei que é um trabalho discreto mas com muito mérito. Existe uma grande preocupação, por parte da Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra, no sentido de manter toda a arte sacra em bom estado, bem como de a recuperar, protegendo-a e devolvendo-lhe todo o seu brilho e esplendor originais. Certamente a maior recompensa será, quando as procissões saírem pelas ruas, recordando aos fiéis as virtudes de Nosso Senhor e dos Santos.

E acreditem que há sempre muito para fazer, não só na Basílica mas em todos os espaços existentes. Na verdade, sempre que me desloco à Vila de Mafra, reparo que há obras em curso. Um palácio, uma basílica, um núcleo conventual e demais zonas, com três séculos de existência carecem de uma manutenção contínua, adequada, às suas necessidades, no sentido de deixarmos o legado, que nos foi confiado, às gerações vindouras. Que os mecenas, os apoios e o interesse dos habitantes nunca faltem, é o nosso desejo. Para eles o nosso bem-haja do fundo do coração.

No próximo domingo, dia 3 de Fevereiro, no final da Santa Missa (das 11:30!) de despedida de Mafra de Sua Excelência Reverendíssima o Senhor D. Nuno Brás, recentemente nomeado pelo Papa Francisco para Bispo do Funchal, a Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra apresentará uma réplica exacta do vestido de Nossa Senhora da Soledade (datado de 1773) que foi reproduzido com as mesmas técnicas e materiais no decorrer do ano de 2018, para ser estreado na Procissão do Senhor Jesus dos Passos de Mafra na Quaresma de 2019. Esta notícia que vos dou é em primeira mão, pois foi-me revelada antecipadamente.

Termino este artigo com uma frase que ouvi na homília da missa. Talvez seja bom, em vez de questionarmos o que é que queremos ser um dia, perguntarmo-nos interiormente de que modo Jesus quer construir uma história connosco, já que a alegria de Jesus é a nossa fortaleza.

Maria Helena Paes



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