Mais um
fim-de-semana na Vila de Mafra, em companhia da família mais jovem. É sempre
bom partir quando nos espera um lar acolhedor. Aprendo sempre com os mais
jovens. É bom compreender os seus problemas e dificuldades, as suas alegrias e
tristezas, o seu modo de agir, de viver e de pensar. Sobretudo, com a
organização do lar e a educação dos filhos. No dia em que cheguei havia já um
programa traçado. As meninas iam aproveitar a época dos saldos e jantar fora, aproveitando para dedicar um tempo
de maior qualidade a uma jovem adolescente. Gostei muito de as acompanhar neste
passeio, juntando o útil ao agradável. Por um lado, colmatavam-se algumas
necessidades a um preço bem mais acessível, por outro partilhava-se um bom
momento de convívio e de alegria. O jantar seria pizza, o que raramente degusto. Mas na sua companhia iria mesmo
saber muito bem. As minhas sobrinhas ficaram felizes por aceitar o desafio.
Assistir às suas compras,
acompanhar os seus gostos, constitui também uma aprendizagem. Devo, contudo, dar ênfase a que uma mãe se encontra por vezes
em dificuldades no sentido de aconselhar uma adolescente com os seus próprios gostos que às vezes não são os mais adequados.
Enfim, parece uma luta constante, mas que, graças a Deus, nesta circunstância
se chegou quase sempre a um consenso graças à sua paciência e
alguma firmeza. Foi muito bom mesmo observar como os anos passam. Como estava
bonita e elegante com as suas escolhas que se apressou a estrear. No dia
seguinte, seriam colmatadas as necessidades dos rapazes, que, entretanto,
tinham ficado em casa a ver um filme, depois de terem ido jantar a um local da
sua preferência. São os novos
tempos. Mas reconheço que foi muito prático e objetivo. Não houve tanta
dispersão.
A vila
de Mafra é muito agradável e
tranquila. Admiro o seu centro histórico onde predomina o Real Edifício de Mafra, o mais imponente
monumento de arte barroca existente em Portugal e um dos maiores da Europa, de
que se completaram recentemente os 300 anos sobre o lançamento da primeira
pedra (17 de novembro de 1717), que não me canso de admirar. Sempre que
possível, dedico algum tempo a visitá-lo. Recordo com alguma saudade os
passeios que fiz na longa galeria, com mais de 230 metros, o maior corredor
palaciano da Europa, que liga o
Torreão Norte, zona destinada ao Rei, com o Torreão Sul, zona destinada à Rainha. Na verdade, nos dias
frios e ventosos de inverno é um
privilégio poder aqui
passear, usufruindo de toda a sua beleza e das obras de arte expostas que nos
recordam um pouco da nossa história. Possui ainda uma das mais belas e importantes bibliotecas
do nosso país e do mundo, com um acervo de cerca de 36 000 volumes. O convento
composto pelos seus três
núcleos: o conventual, o de exposição da arte sacra e a zona ocupada pela
Escola Prática de Infantaria. Os carrilhões da Basílica com 98 sinos, é um dos maiores carrilhões do
mundo. A majestosa e belíssima Basílica
de Nossa Senhora e de Santo António que no domingo tive oportunidade de visitar e participar
na missa. Com admiração constatei que num dos corredores ao pé da sacristia, já se encontravam a ser preparados os andores
para as diferentes procissões
que têm lugar na
Quaresma e Páscoa. Com o decorrer dos séculos, alguns dos vestidos das imagens de vestir de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Nossa Senhora e de
inumeráveis Santos e outras personagens das cenas, têm forçosamente de ser mantidos e
restaurados. Constatei que é um
trabalho discreto mas com muito mérito.
Existe uma grande preocupação, por parte da Real e Venerável Irmandade do
Santíssimo Sacramento de Mafra, no sentido de manter toda a arte sacra em bom
estado, bem como de a recuperar, protegendo-a e devolvendo-lhe todo o seu
brilho e esplendor originais. Certamente a maior recompensa será, quando as procissões saírem pelas ruas, recordando
aos fiéis as virtudes de
Nosso Senhor e dos Santos.
E acreditem que há
sempre muito para fazer, não só
na Basílica mas em
todos os espaços existentes. Na verdade, sempre que me desloco à Vila de Mafra, reparo que há obras em
curso. Um palácio, uma basílica, um núcleo conventual e demais zonas, com três séculos de existência carecem de uma manutenção contínua, adequada, às suas necessidades, no sentido de
deixarmos o legado, que nos foi confiado, às gerações
vindouras. Que os mecenas, os apoios e o interesse dos habitantes nunca faltem,
é o nosso desejo. Para eles o
nosso bem-haja do fundo do coração.
No
próximo domingo, dia 3 de Fevereiro, no final da Santa Missa (das 11:30!) de
despedida de Mafra de Sua Excelência Reverendíssima o Senhor D. Nuno Brás,
recentemente nomeado pelo Papa Francisco para Bispo do Funchal, a Real e
Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra apresentará uma réplica
exacta do vestido de Nossa Senhora da Soledade (datado de 1773) que foi
reproduzido com as mesmas técnicas e materiais no decorrer do ano de 2018, para
ser estreado na Procissão do Senhor Jesus dos Passos de Mafra na Quaresma de
2019. Esta notícia que vos dou é em primeira mão, pois foi-me revelada
antecipadamente.
Termino este artigo
com uma frase que ouvi na homília da missa. Talvez seja bom, em vez de
questionarmos o que é que
queremos ser um dia, perguntarmo-nos interiormente de que modo Jesus quer
construir uma história connosco, já que a alegria de
Jesus é a nossa fortaleza.
Maria Helena Paes |
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