Numa meditação que
ouvi[1], o
pregador contava um episódio familiar, destes que acontecem por volta de 19
março, dia de S. José, dia do pai. A protagonista da história é uma menina com
cerca de seis anos. Ela está a oferecer ao pai uma embrulho envolto em papel
amarelo. No cartão que o acompanha o pai lê: “Para o papá abrir sempre que precisar”. Para seu espanto, uma vez
rasgado o papel de embrulho, o papá
depara-se com uma caixa vazia. A pequenita percebe imediatamente aquela expressão
do pai com olhos de peixe, faz beicinho e começa a choramingar enquanto a mãe,
por detrás dela, faz sinais ao marido. A reação dele é rápida e eficaz: abraça
a filha, acalma-a e agradece-lhe. Já a sós com a mulher, pede que lhe desvenda
o enigma. A caixa estava cheia de beijos,
pois a filha tinha passado toda a tarde da véspera ocupada nessa atividade de fornecer
a caixa com uma grande quantidade de beijos para consolar o pai sempre que precisasse.
Este episódio da
vida real, porque efetivamente aconteceu, é uma história poética, bonita,...
mas falsa no conteúdo. Os beijos da criança não estavam dentro da caixa, mas, e
isto sim é real, tinham saído do seu coração para o coração do pai. A caixa
passará a ser uma consolação para ele sempre que lhe lançar um olhar. O amor
entre pai e filha, entre filha e pai, cresceu e, assim o esperamos, continuará
a crescer por muitos anos, se esta família abrir muitas vezes “a
caixa dos beijos” e souber recordar e pensar sobre ela.
Numa outra “caixa”,
o conteúdo é real; ela está mesmo cheia, não de beijos, mas de vida e de amor.
O seu conteúdo não é visível aos olhos, ao ouvido, ao paladar... aos
sentidos... e nem sequer à razão humana,
mas o que contem é verdadeira Vida, e vida que se transmite a quem dela se
aproxima com o coração limpo como o das crianças que são capazes de acreditar
no que se não vê, como beijos e amor. Quem se aproxima dessa caixa, já leva amor
para dar, e espera receber Amor, sabe que voltará mais rica em amor.Esta caixa
contem um Amor que conforta. Mas é um amor exigente, como o amor de mãe ou de
pai, que exigem muito dos filhos e os corrigem para que venham a ter uma vida
feliz. Junto a esta caixa chega-se à vida eterna, porque ali está a verdadeira
vida, o verdadeiro caminho que, com toda a verdade, nos leva à vida eterna. Esta
caixa é o Sacrário. Aqui está encerrado o grande mistério de Deus escondido,
naquilo que parece ser pão à vista, ao paladar, ao tacto. No entanto, os nossos
sentidos não conseguem captar a grandeza do que ali está: algo muito mais
valioso que os beijos da menina e, é necessário lembrar, muito mais real e
verdadeiro. Ali está o Deus misericordioso que conhece a fraqueza do coração
humano e o fortalece, o perdoa, o anima, o engrandece, o eleva, o exalta e o
glorifica para sempre na eternidade. Deus está nessa “caixa” para continuar à
minha espera, à nossa espera, amigo leitor, e à espera de todos os homens de
todos os continentes e de todas as gerações, até ao fim do mundo. É nosso Amigo
e gosta de estar connosco, tem saudades nossas. Desde o nosso nascimento que
anseia pela nossa companhia. Atrevo-me a dizer que... sim atrevo-me: Deus
faz-nos vir ao mundo por gostar tanto de nós que nos quer para sempre com Ele já, desde o nosso nascimento e por toda
a eternidade. Só espera que O amemos de volta, conduzindo-nos de modo a
agradar-lhe, tal como fazem os namorados, os esposos, os pais aos filhos e os
filhos aos pais... a ponto de podermos encher a Caixa de beijinhos.
Isabel
Vasco Costa
[1]www.10minutoconjesus.es
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