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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Canábis – uma visão romântica?

Na pós geração dos anos sessenta, para alguns, fumar canábis era sinal de modernidade, descontração e até conduzia, segundo eles, a uma forma mais “in love” de estar na vida. Coisas da mocidade, da juventude, formas de afirmação ou de reacção sempre em constante mudança ou evolução.

Porém, com o volver das décadas seguintes e a inevitável banalização do seu consumo, aliado a outras dependências que entretanto foram fomentadas, o alastrar do recurso a drogas, mais ou menos pesadas, revelou como o consumo destas substâncias provocam uma adição e um desajuste total a nível cerebral, pois é uma substancia psico-activa que tem efeitos secundários no foro psiquiátrico, como psicoses e esquizofrenias, entre outras.

Também, de acordo com vários estudos científicos realizados nos Estados Unidos, na última década, se concluiu que o recurso à canábis provoca danos irreversíveis a nível geral, sendo considerado um factor principal na causa de mortes por sobredosagem, sida, acidentes de viação, homicídios, comportamentos de risco e de violência expressa sobre os outros, sendo ainda de considerar os problemas cardíacos que desencadeiam, bem como hepatite c e cancro. Acresce ainda que consumir canábis é o caminho mais curto para passar a depender de outras drogas. Como tratamento de doenças ou fins medicinais a sua evidência científica é quase nula, pelo que insistir no seu uso e aplicação terapêutica é muito duvidoso, pode causar confusão nos pacientes e na sociedade, pois passam a considerar com valor medicinal uma substância que causa transtornos incuráveis e irreversíveis no ser humano, na família e na sociedade em geral, onde toda esta patologia desencadeada se vai projectar.

Também nos doentes terminais é um placebo, pois o que eles mais necessitam é de apoio psicológico, emocional e médico com sedação adequada, o que é muito mais eficaz do que a canábis.

A “visão romântica” duma geração, influenciada e manobrada por fortes pressões políticas, económicas e sociais, tornou-se rapidamente numa imposição ideológica com colonização de consciências e manipulação de conceitos.

Do modelo pseudo romântico ultrapassado, decadente e revelador de consequências desastrosas, ao extremo da imposição da legalização de uma substância que já se sabe ser degradante e destruidora do ser humano na sua vertente física, psíquica e moral, vale a pena parar para pensar o que poderá estar na base desta “necessidade imperiosa de fazer da canábis um bem para a saúde e também para a diversão”?

Maria Susana Mexia



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