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sábado, 15 de novembro de 2014

Colômbia: episcopado dá apoio psicossocial às vítimas do conflito

Conferência Episcopal organiza reuniões com participantes do processo de paz


Roma, 14 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García


Muitas das vítimas da violência que prestaram seu testemunho nos diálogos de paz entre o governo da Colômbia e as FARC precisam de apoio psicossocial para superar o trauma de reabrir as feridas ao contar o que sofreram. As reuniões de acompanhamento acontecem nas instalações da Conferência Episcopal.

"Esta reunião acontece toda vez que uma delegação viaja até Havana para as rodadas de negociações de paz. A pedido das vítimas, as reuniões vão acolhendo as pessoas de cada nova delegação", explica a Dra. Cardona Lozada, psiquiatra e representante do episcopado que acompanha psicologicamente as vítimas, em nota publicada no site da Conferência Episcopal.

Marisol Garzón, irmã do jornalista e humorista Jaime Garzón, considera o acompanhamento positivo. "Fiquei muito feliz quando soube que a Conferência Episcopal da Colômbia estava participando, porque isso dá um selo significativo, de seriedade e de garantia ao processo".

O general aposentado Luis Mendieta comentou o peso de representar mais de 6 milhões de vítimas no país e pediu que as instituições os apoiassem com um grupo de especialistas nacionais de todas as áreas para orientar e assessorar os participantes deste processo.

Durante a reunião, foi proposto às vítimas um projecto para continuar o acompanhamento e posicioná-las na construção da paz no país.

Em Agosto, doze familiares de colombianos, vítimas dos guerrilheiros, paramilitares, grupos ilegais e militares corruptos, deram seu testemunho durante nove horas diante de guerrilheiros das FARC e representantes do governo colombiano reunidos em Havana. Foi o primeiro dos cinco grupos escolhidos pela ONU, pela Universidade Nacional e pela Conferência Episcopal para participar do processo de paz.

O episcopado colombiano está mantendo contacto assíduo e dando assistência às vítimas durante o processo de paz. Em setembro, o presidente da Conferência Episcopal da Colômbia, dom Luis Augusto Castro, acompanhado pelo padre Dario Echeverri, secretário da Comissão de Conciliação Nacional, viajaram a Havana para prestar acompanhamento e assistência espiritual ao segundo grupo de 12 vítimas que se reuniram com a mesa negociadora em Cuba.

O bispo de Cúcuta, dom Julio César Vidal Ortiz, após a participação na Assembleia Extraordinária de Bispos de 11 a 13 de Agosto em Bogotá, afirmou que a Igreja católica "se preocupa com a situação actual do país e com tudo o que tem a ver com o pós-conflito". Ele está trabalhando em uma Pastoral da Reconciliação e da Paz. "Sempre acompanhamos os processos em favor da paz, mas agora estamos comprometidos de uma maneira mais radical em favor das vítimas, dos que as vitimaram e de tudo o que o governo tem que oferecer para que a nossa sociedade não continue se corrompendo moralmente, mas seja capaz de aclimatar a paz".

O processo de paz começou em Havana no dia 18 de Novembro de 2012, depois de 50 anos de conflito armado. É um processo que também preocupa o Santo Padre. Em 25 de setembro, ao finalizar a audiência geral, ele conversou com uma delegação em que havia uma vítima, um ex-guerrilheiro e uma ex-paramilitar. "Não parem de trabalhar pela paz da Colômbia", pediu o papa Francisco. A delegação colombiana foi encabeçada por Alejandro Eder, director da Agência Colombiana para a Reintegração, que se encarrega de reintegrar na sociedade as pessoas que saem dos grupos armados ilegais.

Eder declarou que, desde Janeiro de 2013, mais de 56 mil pessoas entregaram as armas na Colômbia.

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