Conferência Episcopal organiza reuniões com participantes do processo de paz
Roma, 14 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
Muitas das vítimas da violência que prestaram seu testemunho
nos diálogos de paz entre o governo da Colômbia e as FARC precisam de
apoio psicossocial para superar o trauma de reabrir as feridas ao contar
o que sofreram. As reuniões de acompanhamento acontecem nas instalações
da Conferência Episcopal.
"Esta reunião acontece toda vez que uma delegação viaja até Havana
para as rodadas de negociações de paz. A pedido das vítimas, as reuniões
vão acolhendo as pessoas de cada nova delegação", explica a Dra.
Cardona Lozada, psiquiatra e representante do episcopado que acompanha
psicologicamente as vítimas, em nota publicada no site da Conferência
Episcopal.
Marisol Garzón, irmã do jornalista e humorista Jaime Garzón,
considera o acompanhamento positivo. "Fiquei muito feliz quando soube
que a Conferência Episcopal da Colômbia estava participando, porque isso
dá um selo significativo, de seriedade e de garantia ao processo".
O general aposentado Luis Mendieta comentou o peso de representar
mais de 6 milhões de vítimas no país e pediu que as instituições os
apoiassem com um grupo de especialistas nacionais de todas as áreas para orientar e assessorar os participantes deste processo.
Durante a reunião, foi proposto às vítimas um projecto para continuar o
acompanhamento e posicioná-las na construção da paz no país.
Em Agosto, doze familiares de colombianos, vítimas dos guerrilheiros,
paramilitares, grupos ilegais e militares corruptos, deram seu
testemunho durante nove horas diante de guerrilheiros das FARC e
representantes do governo colombiano reunidos em Havana. Foi o primeiro
dos cinco grupos escolhidos pela ONU, pela Universidade Nacional e pela
Conferência Episcopal para participar do processo de paz.
O episcopado colombiano está mantendo contacto assíduo e dando
assistência às vítimas durante o processo de paz. Em setembro, o
presidente da Conferência Episcopal da Colômbia, dom Luis Augusto
Castro, acompanhado pelo padre Dario Echeverri, secretário da Comissão
de Conciliação Nacional, viajaram a Havana para prestar acompanhamento e
assistência espiritual ao segundo grupo de 12 vítimas que se reuniram
com a mesa negociadora em Cuba.
O bispo de Cúcuta, dom Julio César Vidal Ortiz, após a participação
na Assembleia Extraordinária de Bispos de 11 a 13 de Agosto em Bogotá,
afirmou que a Igreja católica "se preocupa com a situação actual do país e
com tudo o que tem a ver com o pós-conflito". Ele está trabalhando em
uma Pastoral da Reconciliação e da Paz. "Sempre acompanhamos os
processos em favor da paz, mas agora estamos comprometidos de uma
maneira mais radical em favor das vítimas, dos que as vitimaram e de
tudo o que o governo tem que oferecer para que a nossa sociedade não
continue se corrompendo moralmente, mas seja capaz de aclimatar a paz".
O processo de paz começou em Havana no dia 18 de Novembro de 2012,
depois de 50 anos de conflito armado. É um processo que também preocupa o
Santo Padre. Em 25 de setembro, ao finalizar a audiência geral, ele
conversou com uma delegação em que havia uma vítima, um ex-guerrilheiro e
uma ex-paramilitar. "Não parem de trabalhar pela paz da Colômbia",
pediu o papa Francisco. A delegação colombiana foi encabeçada por
Alejandro Eder, director da Agência Colombiana para a Reintegração, que
se encarrega de reintegrar na sociedade as pessoas que saem dos grupos
armados ilegais.
Eder declarou que, desde Janeiro de 2013, mais de 56 mil pessoas entregaram as armas na Colômbia.
(14 de Novembro de 2014) © Innovative Media Inc.
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