A prática é desumana e destrói os fundamentos da nossa sociedade, dizem os líderes religiosos belgas. Torna-se no primeiro país do mundo que não estabelece requisitos de idade
Roma, 05 de Março de 2014 (Zenit.org) Ivan de Vargas
O rei Felipe da Bélgica sancionou na segunda-feira (3), a
lei da eutanásia infantil que autoriza terminar com a vida de uma
criança sem limite de idade. De acordo com a nova legislação, serão
suficientes duas opiniões médicas e o conselho de um psicólogo juvenil
ou psiquiatra. Além disso, os pais deverão dar o seu consentimento por
escrito.
O parlamento belga aprovou em meados de Fevereiro uma extensão da
lei da eutanásia, para que as crianças e adolescentes suficientemente
maduros possam optar por ela em circunstâncias muito restritas, quando
padeçam de um "sofrimento físico insuportável e a sua morte a curto
prazo seja inevitável".
A assinatura do monarca era um ato puramente simbólico, embora indispensável para a entrada em vigor da norma.
O rei Alberto, pai do actual monarca, assinou em 2002 a lei da
eutanásia, um ato realizado "como instituição e para não bloquear o
processo democrático".
Durante meses, as formações políticas discutiram sobre esta polémica
medida. A eutanásia pediátrica contou com o apoio dos socialistas e
liberais valões e flamengos, dos verdes e do partido separatista
flamengo N-VA. Mantiveram-se contra os Democratas cristãos valões e
flamengos e o partido Vlaams Belang.
Inúmeros profissionais médicos reagiram violentamente a uma lei que
eles concordam que não responde a nenhuma demanda da sociedade e nem do sector sanitário.
A legislação deplorável também tem recebido as críticas do primeiro
Congresso Internacional de Cuidados Paliativos Pediátricos realizado na
Índia e que incluiu na sua declaração final um “apelo urgente ao Governo
belga para reconsiderar a sua decisão".
Os especialistas reunidos no congresso internacional defenderam que
todos os menores em estado terminal devem ter acesso aos meios adequados
para controlar a dor e os sintomas, bem como a cuidados paliativos de
alta qualidade. "Acreditamos que a eutanásia não faça parte da terapia
paliativa pediátrica e não seja uma alternativa", diz o texto publicado
pelos meios de comunicação belgas.
Enquanto isso, os líderes das grandes religiões da Bélgica (cristãos,
muçulmanos e judeus) têm mostrado repetidamente a sua rejeição da lei.
Neste sentido, no dia 6 de Novembro emitiram uma declaração opondo-se à
legalização da eutanásia para menores. “A eutanásia das pessoas mais
vulneráveis é desumana e destrói as bases da nossa sociedade",
denunciavam. "É uma negação da dignidade dessas pessoas e as deixa ao
critério, ou seja, à arbitrariedade de quem decide", acrescentavam.
Na nota, divulgada pela agência Cathobel, os líderes religiosos
destacavam que são “contra o sofrimento físico e moral, especialmente
das crianças”, mas explicavam que “propor que os menores possam eleger a
sua própria morte é um modo de falsificar a sua faculdade de julgar e
portanto a sua liberdade”. Expressamos o nosso firme desejo diante do
risco de banalização crescente de uma realidade tão grave”, concluíram.
Os líderes religiosos da Bélgica também afirmaram em outra mensagem
conjunta que “a eutanásia das pessoas mais frágeis é desumana e destrói
as bases da nossa sociedade", e acrescentou que "é uma negação da
dignidade dessas pessoas e as deixa para a arbitrariedade de quem
decide”.
(Trad.TS)
(05 de Março de 2014) © Innovative Media Inc.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário