Discurso do Papa Francisco à Associação Corallo rede de comunicação na Itália
Cidade do Vaticano, 24 de Março de 2014 (Zenit.org)
O Papa Francisco recebeu no final da manhã deste sábado (22)
 na Sala Clementina, no Vaticano, cerca de 400 membros da Associação 
“Corallo”, uma rede de comunicação na Itália. Eis a íntegra do 
pronunciamento:
“Agradeço tanto por aquilo que o senhor disse e agradeço pelo 
trabalho que vocês fazem. Esta verdade....buscar a verdade com a media. 
Mas não somente a verdade! Verdade, bondade, beleza, as três coisas 
juntas. O vosso trabalho deve desenvolver-se nestes três caminhos: o 
caminho da verdade, o caminho da bondade e o caminho da beleza. Mas 
verdades, bondades e belezas que sejam consistentes, que venham de 
dentro, que sejam humanas. E, no caminho da verdade, nos três caminhos, 
podemos encontrar erros, e mesmo armadilhas. “Eu penso, busco a 
verdade...”: estejais atentos a não tornarem-se intelectuais sem 
inteligência. “Eu vou, busco a bondade...”: estejais atentos a não 
tornarem-se eticistas sem bondade. “Me agrada a beleza...”: estejais 
atentos a não fazer aquilo que se faz frequentemente, “maquilhar” a 
beleza, buscar os cosméticos para fazer uma beleza artificial que não 
existe. A verdade, a bondade e a beleza é como vem de Deus e estão no 
homem. E este é o trabalho da media, o vosso trabalho.
O senhor acenou para duas coisas e eu gostaria de retomá-las. Antes 
de tudo, a unidade harmónica do vosso trabalho. Existem as grandes medias, as pequenas... Mas se nós lermos no Capítulo 12 da Primeira 
Carta de São Paulo aos Coríntios, vemos que na Igreja não existe nem 
grande nem pequeno: cada um tem a sua função, o seu ajuda o outro, a mão
 não pode existir sem a cabeça, e assim por diante. Todos somos membros e
 também as vossas medias, quer sejam maiores ou menores, são membros, e 
harmonizados pela vocação do serviço na Igreja. Ninguém deve sentir-se 
pequeno, muito pequeno em relação ao outro muito grande...
Eu faria esta pergunta: quem é mais importante na Igreja? O Papa ou 
aquela velha senhora que todos os dias reza o Rosário pela Igreja? Que o
 diga Deus, eu não posso dizê-lo. Mas a importância é de cada um nesta 
harmonia, pois a Igreja é a harmonia da diversidade. O Corpo de Cristo é
 esta harmonia da diversidade, e quem faz a harmonia é o Espírito Santo:
 Ele é o mais importante de todos. Isto é o que o senhor disse e eu 
gostaria de destacar. É importante: buscar a unidade e não seguir a 
lógica de que o peixe grande engole o peixe pequeno.
O senhor disse também outra coisa, que também eu menciono na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium.
 Falou de clericalismo. É um dos males, é um dos males da Igreja. Mas é 
um mal “cúmplice”, porque aos sacerdotes agrada a tentação de 
clericalizar os leigos, mas tantos leigos, de joelhos, pedem para ser 
clericalizados, pois é mais cómodo, é mais cómodo!. E isto é um pecado 
num duplo sentido! Devemos vencer esta tentação. O leigo deve ser leigo, baptizado, tem a força que vem do seu Baptismo. Servidor, mas com a sua 
vocação laical, e isto não se vende, não se negocia, não se é cúmplice 
com o outro...Não! Eu sou assim! Porque está na identidade!, ali. Tantas
 vezes escutei isto, na minha terra: “Eu na minha paróquia, sabe? Tenho 
um leigo bravíssimo, este homem sabe organizar... Eminência, porque não o
 tornamos diácono?”. É a proposta do padre, imediata: clericalizar. Este
 leigo façamo-lo.... E porque? Porque é mais importante o diácono, o 
padre, do que o leigo? Não! É este o erro! É um bom leigo? Que continue 
assim e cresça assim. Porque está na sua identidade de pertença cristã, ali. Para mim, o clericalismo impede o crescimento do leigo. Mas tenham 
presente aquilo que eu disse: é uma tentação cúmplice a duas mãos. Pois 
não existiria o clericalismo se não existissem leigos que querem ser 
clericalizados. Está claro isto?
Por isto agradeço aquilo que vocês fazem. Harmonia: Também esta é uma
 outra harmonia, pois a função do leigo não pode fazer o sacerdote, e o 
Espírito Santo é livre: algumas vezes inspira o padre a fazer uma coisa,
 outras vezes inspira o leigo. Se fala, no Conselho Pastoral. Tão 
importantes são os Conselhos Pastorais: uma paróquia (e nisto cito o 
Código de Direito Canónico) uma paróquia que não tem um Conselho 
Pastoral e Conselho de Assuntos económicos, não é uma boa paróquia, 
falta vida.
Depois, são tantas as virtudes. Acenei para isto no início: seguir a 
estrada da bondade, da verdade e da beleza, e tantas virtudes neste 
caminho. Mas existem também os pecados da media! Permito-me falar um 
pouco sobre isto. Para mim, os pecados da media, os maiores, são aqueles
 que seguem pelo caminho da mentira e são três: a desinformação, a 
calúnia e a difamação. Estes dois últimos são graves, mas não tão 
perigosos como o primeiro. Por que? Vos explico. A calúnia é pecado 
mortal, mas se pode esclarecer e chegar a conhecer que aquela é uma 
calúnia. A difamação é um pecado mortal, mas se pode chegar a dizer: 
‘esta é uma injustiça, porque esta pessoa fez aquela coisa naquele 
tempo, depois se arrependeu, mudou de vida’. Mas a desinformação é dizer
 a metade das coisas, aquilo que para mim é mais conveniente e não dizer
 a outra metade. E assim, aquilo que vejo na TV ou aquilo que escuto na 
rádio não posso fazer um juízo perfeito, pois não tenho os elementos e 
não nos dão estes elementos. Destes três pecados, por favor, fujam! 
Desinformação, calúnia e difamação.
Vos agradeço por aquilo que fazem. Disse a Dom Sanchirico para 
entregar a vocês o discurso que havia escrito: mas as suas palavras (do 
Presidente) inspiraram-me para vos dizer isto espontaneamente e o disse 
com uma linguagem do coração. Sintam o que disse desta maneira. Não com a
 língua italiana, porque eu não falo com o estilo de Dante!. Vos 
agradeço tanto e agora vos convido a rezar uma Ave Maria a Nossa Senhora
 para vos dar a bênção.”
(Texto proveniente da Rádio Vaticano)
  (24 de Março de 2014) © Innovative Media Inc. 
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