Muitos dos condenados à morte possivelmente atacaram cristãos coptas e as suas igrejas
Roma, 27 de Março de 2014 (Zenit.org) Ivan de Vargas
O Supremo Tribunal do Egipto ordenou nesta segunda-feira (24)
 a morte mais massiva da história moderna do país. Um total de 529 
pessoas foram condenadas à pena de morte capital pelo ataque a uma 
delegacia de polícia na província do sul de Minya, em meados de Agosto, 
no qual morreu um coronel da polícia. Mais de 300 dos acusados foram 
julgados à revelia , em julgamento que levantou muita controvérsia por 
sua falta de garantias processuais.
"É duvidoso que esta sentença seja aplicada. Quase certo que será 
anulada. Mas é muito preocupante o fato de que tenha sido declarada”, 
twitteou o analista político H.A. Heller, de Brookings Institution.
Além disso, diferentes organizações responsáveis pela defesa dos 
direitos humanos coincidiram em destacar que o judiciário egípcio está 
altamente politizado e não é realmente independente do poder executivo, 
protegido pelos militares.
"Mesmo que sejam julgados à revelia não se pode condenar à morte 529 
réus em três dias", disse Al Ahram Gamal Eid, director da Rede Árabe para
 a Informação dos Direitos Humanos. Em sua opinião, o veredicto é "um 
desastre" e "um escândalo" para o Egipto.
Enquanto isso, Nasser Amin, membro do Conselho Nacional para os 
Direitos Humanos, disse em sua conta do Twitter que esta decisão 
judicial será "cancelada" quando os recorrentes solicitarem um novo 
julgamento.
Espera-se que os advogados de defesa recorram ao veredicto nos 
próximos dias. Segundo a lei egípcia, toda pena de morte firme deve 
contar com a ratificação do Grande Muftí da República, uma autoridade 
religiosa, antes de ser executada.
O referido ataque foi realizado horas depois de que o desmantelamento
 dos acampamentos em Raba el Adawiya pelo Exército acabou em um massacre
 de seguidores dos Irmãos Muçulmanos. Morreram centenas de islamistas 
que já estavam a um mês e meio concentrados no protesto pela derrubada 
do presidente Mohamed Morsi. Como retaliação, os seguidores de Morsi 
atacaram várias esquadras e igrejas, principalmente nas áreas de Minya,
 Assiut e Sohag.
Apesar de que, provavelmente, muitos desses condenados à morte 
estiveram implicados em vários actos de violência dos Irmãos Muçulmanos 
contra os cristãos, o bispo copto-católico de Assiut, monsenhor Kyrillos
 William se manifestou contra a sua execução e contra a pena de morte em
 geral, em declarações recolhidas por Fides.
"A situação é complicada. Por um lado, está a dureza deste 
julgamento, que não é definitivo, e é preciso esperar. De qualquer 
forma, a Igreja é contra a pena de morte. Desde o ponto de vista da 
consciência cristã, a condenação capital não pode representar nunca um 
caminho para resolver os problemas de forma justa”, explicou.
"Muitos duvidam que o Grande Muftí confirme as condenações. Já em 
outras ocasiões os juízes que emitiram a sentença se distinguiram por 
terem aplicados penas duríssimas. Muitos pedem que seja aplicada penas 
exemplares contra a violência sectária. Mas a pena de morte não pode 
representar uma solução”, insistiu o bispo de Assiut.
[Trad.TS]
  (27 de Março de 2014) © Innovative Media Inc. 
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