O Cardeal Aviz e Mons. Carballo responde as perguntas dos jornalistas
Roma, 04 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
Sobre o carisma de um fundador, como perguntou ZENIT em
espanhol à sua eminência, o cardeal recordou que ao carisma "unem-se
muitas vezes elementos culturais que depois não se revelam parte do
carisma, e isso requer uma capacidade crítica sobre os fundadores para
purificar o carisma". É errado, acrescentou, “pensar que esse carisma
terminou, porque o carisma foi dado por Deus e ele o conserva ou não de
acordo com o que quer Deus, e não nós”. Portanto “purificar sim, para
voltar ao carisma purificando-o. Porque deram resposta a um outro tempo,
não hoje, e talvez hoje não sejam mais necessários. E, nesse sentido,
eu acho que muitos carismas retomarão seu frescor e vivacidade".
E quando há um fundador corrupto como o fundador dos Legionários de
Cristo? Perguntou Tablet de Londres. O cardeal disse que "estamos
tomando consciência para distinguir o fundador do carisma em si mesmo” e
não somente é o caso dos legionários, também de outras realidades mais
antigas e mais novas. Nem todos os fundadores vivem de acordo com a
graça que comunicam, é assim e é preciso distinguir as coisas, não é
fácil. E lembrando a festividade da sexta passada, 31 de Janeiro: “Às
vezes coincide o testemunho como com São João Bosco, outros não”.
Sobre os Legionários de Cristo, o arcebispo Carballo disse que "neste
momento os Legionários não dependem do nosso dicastério. Nesse momento
têm um delegado pontifício, o cardeal De Paolis e como tal responde directamente ao Santo Padre”. Indicou que eles estão celebrando o seu
capítulo, “depois disso verão se passam para a responsabilidade do nosso
dicastério ou não”.
E o prelado espanhol disse que "no caso de passarem à competência do
nosso dicastério seria um sinal de que voltam à normalidade, mas esta
decisão depende do Santo Padre e qualquer decisão será acolhida por nós
com espírito de total disponibilidade”. A eleição das novas autoridades
dos legionários está em processo, e o saberemos quando tenha acabado,
disse.
O cardeal Braz de Aviz, entretanto, disse que, se houver um visitador
apostólico ou um comissário, então eles dependem do dicastério e
informam tudo. No entanto, se há um delegado pontifício isso depende
totalmente do Santo Padre. Isso em todos os institutos e em todos os
casos.
As relações entre a antiga e nova vida consagrada, foi a pergunta de
Rádio Maria da Espanha, ao que o arcebispo espanhol reiterou que “na
Igreja há lugar para todos e também na vida consagrada” e lembrou que o
papa Francisco na última exortação apostólica, ao falar dos carismas,
deixou claro que “para afirmar um não se pode negar ou combater outro”. E
que um carisma é sempre atual, “sejam os históricos ou novos, porque
vem do Espírito".
As indicações sobre os bens dos consagrados serão vinculantes? Foi a
pergunta do jornalista do Avvenire, à qual Mons. Carvallo indicou que
serão orientações que não serão vinculantes mas que “convidaremos a
colocar em prática” e esclareceu que as mesmas foram pedidas pelos
institutos. “O Papa nos encorajou a seguir em frente com essas directrizes", disse, como nos casos em que os anciãos religiosos se
tornam um peso. "Se possível, tentar-se-á que permaneçam na Igreja ou
com uma função própria ao carisma ao qual pertenciam”.
A relação entre bispos, religiosos e movimentos na Igreja, até onde
deve ir esse caminho, foi a pergunta de ZENIT em espanhol ao cardeal
Braz de Aviz, que disse como o actual documento Mutuae Relationes pode
ser aprofundado: “Nem submeter o carisma à hierarquia, nem a liberdade
completa do carisma sem hierarquia porque estas duas realidades: a
hierarquia e a dimensão carismática são igualmente co-essenciais. A
hierarquia não é patrona dos carismas e os carismas não são um corpo
estranho na Igreja, e essa tensão saudável tem que ser vivida nesse
sentido, ao menos é o que acho”, disse, embora claramente será o Santo
Padre que dará as directrizes para o futuro documento.
Os missionários da Imaculada, foi a pergunta do padre Federico Lombardi, que disse que muitas vezes foi perguntado sobre o tema.
"O comissariamento dos Franciscanos da Imaculada - disse o arcebispo
espanhol - partiu depois de uma visita apostólica, durante a qual o 74
por cento dos membros do Instituto pediu por escrito uma intervenção
urgente da Santa Sé, para resolver os problemas internos, propondo um
capítulo geral presidido por um representante do dicastério, ou da
Congregação , ou comissariar o instituto por parte da Santa Sé”. Diante
desse pedido “o dicastério depois de avaliar atentamente a avaliação do
visitador apostólico, retendo que não existiam as condições nesse
momento para celebrar um capítulo geral optou por comissariar,
escolhendo como comissário geral o padre Fidencio Volpi dos frades
menores capuchinhos”.
Acrescentou que, durante a visita apostólica, 21 membros do Instituto
pediram ao dicastério ser comissariados. “Como é lógico nestes casos
nem todos estão de acordo com estas medidas. E nosso dicastério tomou a
decisão depois de um cuidadoso estudo do informe realizado pelo
visitador apostólico”. Mons. Carballo destacou que “é para ajudar a um
instituto que está crescendo. O comissariar não é nunca um castigo da
Santa Sé para um instituto, mas uma benévola atenção que expressa a
maternidade da Igreja”. E concluiu esclarecendo: “Temos que dizer, além
do mais, que o tema do rito não é absolutamente o motivo principal de
tal intervenção”. Recordamos aos nossos leitores que os Franciscanos da
Imaculada celebram a Missa Tridentina, graças à possibilidade que
concedeu Bento XVI.
Tradução Thácio Siqueira
(04 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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