Lançado projecto de autofinanciamento das religiosas contemplativas mediante cultivo da espirulina, uma alga de valiosas propriedades medicinais e energéticas
Roma, 04 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org)
Não apenas velas e hóstias: as freiras contemplativas
carmelitas de Amborovy, em Madagascar, começaram um projecto de
autofinanciamento muito mais original. É o cultivo da alga espirulina,
dotada de valiosas propriedades medicinais e energéticas. Com base na
espirulina, as freiras produzem há cerca de três anos um suplemento
dietético.
Tudo começou em 2010, quando um benfeitor sugeriu que as freiras
contemplativas cultivassem arroz. As altas temperaturas da região,
porém, bem como a falta de água, não propiciam esse tipo cultivo. Nasceu
então a ideia das algas, cujas propriedades já tinham sido
experimentadas em outras dioceses malgaxes. “Nós já sabíamos da eficácia
da espirulina”, explica a madre priora, irmã Odette, à organização
Ajuda à Igreja que Sofre (AIS). “Os efeitos são de grande ajuda para os
doentes, para os idosos e especialmente para as crianças desnutridas”.
A microscópica alga, riquíssima em proteínas e já apelidada de "ouro
verde" de Madagascar, foi descoberta acidentalmente em uma vila no sul
da ilha, conforme o relato feito à AIS-Itália por dom Roger Victor,
bispo da diocese local de Mahajanga. "Nesta pequena cidade, a taxa de
mortalidade infantil é significativamente menor do que a média nacional.
Em Madagascar, infelizmente, muitas crianças ainda morrem porque estão
severamente desnutridas".
Depois de algumas pesquisas, foi possível atribuir essa
excepcionalidade do vilarejo à rica presença da espirulina nessa região.
Nasceram então os primeiros laboratórios na diocese de Morondava,
comandada por dom Fabien Raharilamboniana. O prelado foi o primeiro, em
1999, a fechar parceria com uma associação francesa para o cultivo da
alga.
“Com a certeza dos bons resultados”, conta a irmã Odette, “nós
lançamos este projecto que vai bem além da nossa subsistência”. É que as
freiras doam o suplemento para crianças e famílias pobres. Muitos
médicos recomendam o "ouro verde" a quem não tem dinheiro para comprar
medicamentos. “Graças à espirulina, as crianças ganham peso, mesmo não
comendo arroz suficiente”.
Em Madagascar, 80% da população vive com menos de um dólar por dia e
apenas 15% tem acesso aos cuidados básicos de saúde. Nas aldeias, as
crianças ainda morrem de doenças perfeitamente curáveis. A ilha ocupa a
6ª posição no mundo em desnutrição infantil. Muitas famílias não têm
meios para cuidar dos filhos, ou por falta de dinheiro ou por falta de
hospital próximo. A Igreja local é uma das poucas realidades que prestam
ajuda para a população. Os dispensários médicos católicos são
essenciais para suprir as graves deficiências da saúde pública no país.
“Através dos dispensários”, conta à AIS o pe. Bruno Dall’Acqua,
missionário carmelita e tesoureiro da diocese de Mahajanga, “a Igreja
salva vidas e mostra para os malgaxes que alguém se preocupa com eles”.
No entanto, as deficiências no setor da saúde permanecem imensas em toda
a ilha. Em 2011, a diocese de Mahajanga começou a construir o hospital
João Paulo II, projecto ambicioso que está sob a responsabilidade do pe.
Bruno. "O povo aguarda ansiosamente a conclusão do hospital. Aqui, todo o
mundo tem confiança no compromisso da Igreja católica, que se encarrega
de muitas necessidades. Aliás, muitas vezes, ela é a única que se
encarrega".
(04 de Fevereiro de 2014) © Innovative Media Inc.
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