São fechados; não são livres porque têm medo da liberdade do Espírito Santo, que vem até nós através da pregação
Roma, 13 de Dezembro de 2013
Na homilia desta manhã na Casa Santa Marta, o papa Francisco
afirmou que os cristãos alérgicos aos pregadores têm sempre alguma
coisa a criticar, mas, na verdade, eles têm medo de abrir a porta para o
Espírito Santo e por isso permanecem tristes.
Falando sobre o evangelho de hoje, Francisco disse que "Jesus
compara a geração do seu tempo com aquelas crianças que estão sempre
descontentes, que não sabem brincar felizes, que sempre recusam o
convite dos outros: se tem música, elas não dançam; se os outros cantam
uma música triste, elas não choram... Nada está bom para elas". O papa
considera que essas pessoas "não estão abertas à Palavra de Deus". Sua
rejeição "não é à mensagem, é ao mensageiro". Francisco acrescenta que
elas rejeitaram João Baptista, que não comia nem bebia e mesmo assim era
acusado de ser um endemoninhado, assim como também rejeitavam Jesus, que
comia e bebia e era amigo de publicanos e pecadores. "Eles sempre
arrumam um motivo para criticar o pregador", matizou o santo padre.
"E eles, as pessoas daquele tempo, preferiam se refugiar numa
religião mais elaborada: nos preceitos morais, como o grupo dos
fariseus; no compromisso político, como os saduceus; na revolução
social, como os zelotes; na espiritualidade gnóstica, como os Essénios.
Eles tinham o seu sistema bem claro, bem desenvolvido. Mas o pregador
não. Jesus também apelou à memória deles: 'Vossos pais fizeram o mesmo
com os profetas'. O povo de Deus tem uma certa alergia aos pregadores da
Palavra, aos profetas; ele os perseguiu, os matou", observou o santo
padre.
Francisco também comentou que essas pessoas "dizem aceitar a verdade
da revelação, mas o pregador, a pregação, não. Elas preferem uma vida
engaiolada nos seus preceitos, nos seus compromissos, nos seus planos
revolucionários ou na sua espiritualidade desencarnada. São esses
cristãos que estão sempre descontentes com aquilo que o pregador fala".
Para o santo padre, "esses cristãos que estão fechados, que estão
engaiolados, esses cristãos tristes não são livres. Por quê? Porque eles
têm medo da liberdade do Espírito Santo, que vem até nós através da
pregação. E este é o escândalo da pregação, de que São Paulo falava: o
escândalo da pregação que termina no escândalo da cruz. O que
escandaliza é que Deus nos fale através de homens com limitações, homens
pecadores: isso escandaliza! E escandaliza mais ainda o fato de que
Deus nos fale e nos salve através de um homem que diz que é o Filho de
Deus, mas que termina como um criminoso. Isto escandaliza".
Continuando a falar da imagem dos "cristãos tristes", o pontífice
explicou que eles "não acreditam no Espírito Santo, não acreditam
naquela liberdade que vem da pregação, que adverte, que ensina, que
repreende também; mas é precisamente a liberdade o que faz a Igreja
crescer".
O santo padre ressaltou, para encerrar a homilia, que, "ao ver essas
crianças que têm medo de dançar, de chorar, que têm medo de todos, que
esperam segurança em tudo, eu penso nesses cristãos tristes, que sempre
criticam os pregadores da verdade porque têm medo de abrir a porta para o
Espírito Santo. Vamos rezar por eles e rezar também por nós, para não
sermos cristãos tristes, tirando do Espírito Santo a liberdade de vir
até nós através do escândalo da pregação".
in
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