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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A Polícia detém o arcebispo de Deli e carrega com paus e jactos de água contra monjas e padres

300 líderes cristãos detidos: defendiam os dalit 

À esquerda, de castanho com paus, a polícia
- à direita, de branco com cruzes, padres católicos
Actualizado 12 de Dezembro de 2013

P.J.G./ReL

Quando foi a última vez que um arcebispo católico, com outros bispos católicos e clérigos protestantes e até 300 líderes cristãos foram encarcerados e golpeados com paus e canhões de água por parte da Polícia de um país democrático?

Isto é o que sucedeu esta quarta-feira 11 de Dezembro em Deli, Índia (a maior democracia do mundo), quando a Polícia arremeteu com paus (o que ali se chama "lathi-charge") contra uma manifestação pacífica a favor dos direitos dos dalit e outras minorias étnicas e religiosas, convocada com toda a solenidade por uma ampla aliança ecuménica, com a Conferência Episcopal da Índia incluída, e com a presença na frente do arcebispo de Deli, Anil Couto, outros bispos católicos indianos, bispos protestantes, líderes evangélicos, numerosos padres, monjas e pastores, e também clero muçulmano...

A Polícia também usou potentes canhões de água suja a pressão contra os manifestantes.

Começaram a circular já fotos de agentes com paus que tem religiosas aos seus pés e sacerdotes de branco com cruzes debaixo dos jactos de água.

A Polícia meteu em furgões e autocarros os líderes da manifestação e os declarou detidos, prendendo o arcebispo de Deli, Anil Couto [junto a estas linhas], os bispos protestantes Alwan Masih (anglicano) e Roger Gaikwad, o líder evangélico Vijayesh Lal e o católico John Dayal, Secretário-Geral do “All India Christian Council”, entre outros líderes cristãos... Há fontes que acrescentam que foram detidos outros bispos, ainda que sem especificar mais.

A violência da carga e as prisões foram confirmadas e condenadas pelo porta-voz da Conferência Episcopal da Índia, o padre Joseph Chinnayyan.

Segundo as agências católicas como Fides e AsiaNews, os manifestantes chegaram à zona de Jantar Mantar e dirigiam-se pacificamente até o Parlamento da Índia a pedir para ser recebidos pelos parlamentares, reunidos em assembleia, quando a Polícia carregou contra eles com violência.

A marcha pedia a derrogação do Decreto Presidencial de 1950 que legaliza a discriminação contra cristãos e muçulmanos de origem dalit.

Na Índia há uns 24 milhões de dalit, dos quais uns 17 milhões são cristãos de distintas igrejas.

As minorias religiosas na Índia consideram esta medida “totalmente inconstitucional”, “mas os governos que se sucederam fizeram ouvidos surdos”, denunciou em várias ocasiões o arcebispo Couto.

O All India Christian Council (que reúne católicos e protestantes em temas comuns) declara numa nota estar “comovido e consternado pela prisão provocativa dos bispos e de outros líderes”. O Conselho recorda outro precedente de há anos: em 2 de Novembro de 1997 alguns bispos foram presos por defender os dalits, incluindo o então arcebispo de Deli, o já falecido Alan de Lastic.

Pela sua parte, a Polícia declarou (contra a evidência fotográfica) que não usou violência e que actuou porque os manifestantes "tinham bloqueado partes de Ashoka Road levando a uma situação de tráfego caótico". Os detidos foram levados à comissaria de Parliament Street e libertados ao fim de umas horas.

Ao que parece, segundo este blog, a carga policial com paus teve lugar num primeiro momento, dispersando os manifestantes, mas de seguida estes voltaram, com sacerdotes vestidos de branco à frente, que se ajoelharam no meio da rua com cruzes nas suas mãos: foi então quando se usaram os canhões de água suja sob pressão, mas eles mantiveram-se firmes debaixo da água.

Noutras cenas, religiosas católicas (com experiência legal na assistência aos dalits e minorias perseguidas) encararam os polícias repreendendo-os pela violência empregada.

O activista e porta-voz católico dalit Franklin Caesar declarou que no final "o Primeiro-Ministro aceitou receber-nos amanhã [sexta-feira 13 de Dezembro], assim que deixámos a comissaria"

"A Igreja Católica na Índia está profundamente triste pela detenção dos nossos representantes do clero, que só pediam justiça e a igualdade para os nossos dalit cristãos e muçulmanos", denunciou o cardeal Oswald Gracias, de Mumbai. "O uso da violência contra os sacerdotes e religiosos é uma vergonha para a Índia. Nunca poderá desenvolver-se uma sociedade quando parte dela é objecto de discriminação por causa da sua religião.


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