O Líbano deveria ser visto na Europa como um país de diversidade, importante para o futuro da humanidade. Mas só os conflitos e atentados monopolizam a atenção pública.
Roma, 19 de Dezembro de 2013
Beirute, aquela cidade tão bela e privilegiada pelo seu
entorno geográfico, só volta à berlinda nos estreitos espaços da atenção
europeia em casos de atentado.
O conflito perene entre muçulmanos sunitas e xiitas (Hezbollah)
parece não acabar nunca. E são as notícias sobre este confronto o que
monopoliza as atenções da União Europeia.
Mas o Líbano não é só isso. O Líbano é também cristianismo e
tradições cristãs. E a riqueza extravasa as fronteiras da religião e
descortina a opulência que também no Líbano está difundida.
O problema da insegurança não é visível em qualquer esquina. No
centro e nas áreas cristãs, a situação é calma. Nas áreas habitadas por
muçulmanos é um pouco mais arriscado aventurar-se, embora os policiais
libaneses façam controles ferrenhos até mesmo dos carros estacionados. O
risco de atentados, afinal, é sério: a situação pode explodir num
milésimo de segundo e fazer com que a doce tranquilidade dê lugar às
armas.
A voz do Líbano que deveria chegar até a Europa é a de um povo
diversificado, berço da civilização fenícia, um povo avançado que
poderia ser auto-suficiente no tocante aos seus recursos económicos. Uma
nação importante para o futuro da humanidade.
No aeroporto internacional de Beirute, cujo nome homenageia Hariri, o
primeiro-ministro assassinado, considerado uma personalidade importante
por todas as diferentes facções religiosas do país, há uma série de
fotografias tridimensionais que retratam partes da cidade antes da
guerra, durante e depois. Nessas fotos, percebe-se a evolução de um país
e do seu povo, que, apesar dos inúmeros problemas, tem sido capaz de
caminhar para frente. No souk central, fotos ilustram a riqueza da
cidade mesmo no período otomano.
O Líbano também celebra o Natal. Nos bairros cristãos, vemos árvores
de Natal e presépios. Nos bairros muçulmanos, somente as árvores. No
Líbano também existe humanidade. A cor que se destaca nas decorações de
Natal é o branco, o mesmo branco da neve das montanhas ao redor de
Beirute. E, mesmo durante as festividades, também prossegue a
reconstrução dos edifícios: já restam poucos ainda semidestruídos.
A capital do País dos Cedros está se tornando cada vez mais uma
cidade de aspecto moderno, que decola para um futuro ainda incerto. Esta
cidade continua a ser amada, quem sabe graças àquela mistura de velho e
de novo que a torna única, mas que leva, infelizmente, em alguns casos,
ao conflito de todos contra todos.
Talvez, um dia, Beirute consiga se tranquilizar. Enquanto isso, desejamos a ela um feliz Natal.
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