As meditações teológicas de Jürgen Werbick sobre o pai-nosso
Roma, 24 de Dezembro de 2013
Saber em que acreditar e saber o que esperar são dois
movimentos teologais que se acompanham recíproca e necessariamente e que
são coroados pela natureza do amor clarividente, que sabe que, em vez
de “algo”, há “Alguém”, há Outro que é de confiança, que está por perto.
Precisamos de uma educação e de uma orientação para essa experiência
teologal: esta é a proposta do livro do teólogo Jürgen Werbick, “O
pai-nosso: meditações teológicas como introdução à vida cristã”.
A oração é afim à esperança. A educação para a oração requer
educação para a recta esperança. É essencial aquela pergunta kantiana: "O
que podemos esperar?". Werbick destaca que “as esperanças muito
pretensiosas nos distraem das batalhas que devemos lutar agora,
conscientemente, e que exigem a nossa presença". A esperança como mero
“pensamento positivo” não é digna da nossa época nem da nossa
humanidade. "Apresentar alguém à fé e à esperança não significa
afastá-lo do campo de batalha". Por outro lado, a alternativa a essa
espera exagerada poderia ser a de "redimensionar as esperanças humanas
para elas proporcionarem aos que esperam uma perspectiva realista de
acção".
A esperança da oração é um caminho do meio, que não se deixa inflar
nem pela utopia sonhadora nem pelo fatalismo pessimista. Quem assume a
fé de Jesus não pode deixar de ter esperança na justiça de Deus, maior
que a "justiça imposta aos pobres para beneficiar os ricos". Mas o mais
importante é a esperança que se torna activa, porque "aqueles que esperam
para si mesmos e para os outros, de forma incansável e insaciável, se
concentram na possibilidade da mudança nas pequenas e nas grandes
coisas. A esperança, assim, é indivisível. Ela não seria esperança, mas
simples cálculo, se visasse apenas a própria vantagem. Não seria
esperança de verdade, mas mera resignação, caso não visasse a mudança".
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