D. António Vitalino alerta para «deserto demográfico»
Beja, 10 Dez 2013 (Ecclesia) – D. António Vitalino, bispo de
Beja, recordou a necessidade de “purificar o desejo” e de “fortalecer
esperança” no tempo de Advento, que prepara o Natal.
“O pior que nos pode acontecer é nada nos interessar. Viver sem objectivos, sem metas, ao sabor dos acontecimentos, pode causar o
desespero e levar até ao suicídio”, assinalou D. António Vitalino numa
reflexão sobre a necessidade de purificar o desejo e que deste “surge o
interesse, que desperta a atenção e a vigilância”.
Na sua nota semanal, enviada à Agência ECCLESIA, o bispo recordou o
tempo de Natal da sua infância, em plena II Guerra Mundial, com os actuais e assinala que a falta de alimentos e bens materiais era
compensada com o “tempo do carinho e da atenção para com os mais
pequenos”.
“A falta de atenção e amor tem produzido um deserto demográfico, pelo
receio de não haver meios materiais suficientes para o crescimento dos
filhos, mas, pior que isso e talvez mesmo em consequência disso, tem
conduzido a uma frieza e pobreza de relações, que originam muitas
doenças psíquicas, em crianças, jovens e adultos”, desenvolveu.
D. António Vitalino assinalou assim as diferenças entre os tempos de
Natal, como proposta de “exame de consciência” uma vez que hoje “pouca
gente relaciona esta festa com a manifestação do amor de Deus”.
O bispo de Beja constata que diz-se que os portugueses “são
pessimistas e por isso tristes: “Vivemos muito da nostalgia, da saudade
de momentos bons do passado, que deveriam ser memória grata para
fortalecer a nossa confiança na vida e nos fazer esperar ainda tempos
melhores”.
Para o prelado a “oração da Igreja” ajuda a cultivar horizontes de esperança através da “celebração dos mistérios da fé”.
Nesse sentido, o bispo diocesano explica que as quatro semanas antes
do Natal, “denominadas na oração da Igreja de Advento têm a tónica da
esperança”: “Tudo isto não é para nos projectar no passado, mas para nos
fazer crescer e caminhar rumo à plenitude da vida, caminho este que
nunca está concluído.”
D. António Vitalino destaca que as catequeses do Sínodo que a diocese
de Beja está a viver, desta vez sobre a riqueza da Palavra de Deus,
“também podem ajudar nas etapas do caminho, iluminando alguns enigmas e
interrogações e fortalecendo as convicções”.
Por isso, revela que “sozinhos”, sem a abertura à comunidade e sem
relação com Deus “torna-se impossível caminhar e alcançar a meta”.
“O mundo fechado do egoísmo individualista não é o mundo de Deus e da nossa fé cristã”, concluiu.
CB/OC
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