Foto: Ricardo Perna |
Relatório entregue ao Papa sublinha valor da vida humana, recordando cristãos perseguidos
Cidade do Vaticano, 25 out 2015 (Ecclesia) – O relatório final do Sínodo dos Bispos, entregue este sábado ao Papa, contesta as políticas e os sistemas económicos contrários às famílias, em particular as que vivem em situações de pobreza e exclusão.
“A hegemonia crescente da lógica do mercado, que mortifica os espaços e os tempos de uma verdadeira vida familiar, concorre para agravar discriminações, pobrezas, exclusões e violência”, alerta o documento conclusivo das três semanas de trabalho que reuniram mais de 400 pessoas no Vaticano.
Os participantes dirigem-se às autoridades políticas para exigir que estas se empenhem “seriamente” na defesa da família, um “bem social primário”, com políticas que a “apoiem e encorajem”.
“A acumulação de riqueza nas mãos de poucos e o desvio de recursos destinados ao projeto familiar agravam a situação de pobreza de famílias em muitas regiões do mundo”, adverte o relatório.
O documento apela aos católicos comprometidos na política que tenham como prioridade “a defesa da vida e da família”, a liberdade de educação e religiosa, bem como a “harmonização entre o tempo para o trabalho e a família”.
Os bispos alertam para as consequências do inverno demográfico, fruto de uma “mentalidade contracetiva e abortista” e promovido por “políticas mundiais de ‘saúde reprodutiva’, que ameaça os laços entre gerações”.
O texto refere-se aos problemas ligados à solidão, à precariedade e às formas de “exclusão social” provocadas pelo atual sistema económico, em particular no que se refere ao desemprego juvenil.
Os efeitos negativos de uma ordem económica “injusta”, a nível global, são vistos como um fator que potencia “formas de religiosidade expostas a extremismos”.
“É necessário mencionar os movimentos animados pelo fanatismo político-religioso, muitas vezes hostil ao Cristianismo: criando instabilidade e semeando desordem e violência, eles são a causa de muita miséria e sofrimento para a vida das famílias”, lamentam os participantes na 14ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos.
O documento conclusivo alude às migrações forçadas, às crianças de rua e às vítimas da guerra, das “violentas perseguições religiosas”, em particular contra cristãos, e da pobreza.
“A qualidade afetiva e espiritual da vida familiar está gravemente ameaçada pela multiplicação dos conflitos, do empobrecimento dos recursos, pelos processos migratórios”, adverte o relatório, com 94 pontos.
Entre estes números encontram-se reflexões sobre ecologia e família ou o valor das pessoas com deficiência, muitas vezes vítimas do “estigma e preconceito”.
OC
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