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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

O compromisso da Igreja para curar as feridas do povo centro-africano

Dom Cyr-Nestor Yapaupa, bispo de Alindao, relata o drama do seu país e a esperança suscitada pela iminente visita do papa

Roma, 23 de Outubro de 2015 (ZENIT.org)

Combater a pobreza e curar as feridas profundas no coração da população: estes são os dois principais desafios que a Igreja enfrenta hoje na República Centro-Africana, como afirmou à fundação Ajuda à Igreja que Sofre o bispo de Alindao, dom Cyr-Nestor Yapaupa.

Em Roma para o Sínodo sobre a família, dom Cyr-Nestor visitou ontem a sede italiana da fundação pontifícia e descreveu as graves dificuldades da sua diocese nos últimos dois anos. "Foi em nosso território que a Seleka iniciou a rebelião. 2013 foi um ano terrível para nós".

Nos primeiros meses, a coligação rebelde teve como alvo as estruturas da Igreja, pilhando sistematicamente paróquias, centros de saúde e estruturas da Caritas. Todos os veículos pertencentes à diocese foram roubados, incluindo a unidade móvel que dava assistência médica aos moradores dos vilarejos.

"A comunidade cristã sofreu muitíssimo, porque muitos párocos foram obrigados a deixar suas paróquias: os rebeldes tinham roubado tudo e eles não tinham mais nada para viver", conta o bispo. A diocese conseguiu ficar de pé com o apoio da Ajuda à Igreja que Sofre, que doou 40 mil euros para reparos de emergência. “A comunidade também ajudou ao máximo os sacerdotes, privando-se do pouco que tinham para comprar colchões para as casas canónicas”.

Em 2014, a situação melhorou um pouco e a chegada das forças internacionais forçou muitos rebeldes a deixarem a capital, Bangui. Mas, na diocese de Alindao, a Seleka permanece até hoje. "No momento, a presença deles se limita a certas áreas, mas agora vários grupos rebeldes se uniram e querem marchar de novo rumo à capital. Eles têm muitas armas e ainda são extremamente perigosos".

A permanência da Seleka desencoraja muitos cristãos que deixaram a diocese em 2013 a voltar para casa. "Para mais de 273 mil habitantes, temos apenas três médicos. Até os professores têm medo de voltar".

Mesmo em meio a tamanhas dificuldades, a Igreja continua a sustentar a população. As sete escolas católicas de Alindao são as únicas que ficaram abertas nos quase três anos desta crise. Agora, o compromisso do bispo é restabelecer a unidade móvel para prestar cuidados médicos nas aldeias.

"No futuro, queremos também criar um centro de acolhimento e acompanhamento. Além da pobreza, curar os graves ferimentos infligidos à população é um dos nossos principais desafios. Muitos perderam entes queridos e vão levar um longo tempo para curar essas feridas".

Enquanto isso, a Igreja local e o povo da África Central aguardam ansiosos a visita do papa Francisco. "O papa vai tentar levar a paz e unir o país. E é essencial a decisão dele de visitar as comunidades muçulmana e protestante, que serão convidadas para as nossas celebrações", concluiu o prelado.

(23 de Outubro de 2015) © Innovative Media Inc.
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