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terça-feira, 27 de outubro de 2015

O papa convida a sociedade a erradicar os preconceitos contra os ciganos

Aos ciganos de todo o mundo que peregrinaram a Roma, o Santo Padre pediu que sigam o exemplo do beato Ceferino e recordou a importância de escolarizarem os filhos

Cidade do Vaticano, 27 de Outubro de 2015 (ZENIT.org) Rocío Lancho García

O papa Francisco manifestou o desejo de uma nova etapa na história do povo cigano: “Chegou a hora de erradicar preconceitos seculares e desconfianças recíprocas que, muitas vezes, são a base da discriminação, do racismo e da xenofobia!”, exclamou ele no encontro com os 7 mil participantes da peregrinação mundial do povo cigano, organizada pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e Itinerantes para comemorar o 50º aniversário da histórica visita do beato Paulo VI ao acampamento de Pomezia.

O Santo Padre afirmou que as crianças são “o seu tesouro precioso” e explicou que “a sua cultura está hoje em fase de mudança: o desenvolvimento tecnológico torna as suas crianças cada vez mais conscientes das próprias potencialidades e dignidade e elas mesmas sentem a necessidade de trabalhar pela promoção humana pessoal e do seu povo”. Isto exige que lhes seja assegurada a escolarização.

Francisco pediu que as crianças não sejam impedidas de ir à escola. “É importante que o impulso para a maior formação surja da família, dos pais, dos avós; é tarefa dos adultos garantir que as crianças vão à escola. O acesso à instrução permite que os seus jovens se tornem cidadãos ativos e participem da vida política, social e económica nos respectivos países”.

O papa precisou que “um sinal forte de fé e crescimento espiritual das suas etnias é o número crescente de vocações sacerdotais, diaconais e de vida consagrada”. E aos consagrados recordou que seus irmãos e irmãs “olham com confiança e esperança para o papel que vocês desempenham e para tudo o que vocês podem fazer no processo de reconciliação dentro da sociedade e da Igreja”. Os consagrados são um vínculo entre duas culturas, disse o papa, e, por isso, devem ser sempre testemunhas de transparência evangélica para favorecer o nascimento, o crescimento e o cuidado de novas vocações, dando acompanhamento não só espiritual, “mas também na quotidianidade, com todas as suas fadigas, alegrias e preocupações”.

Francisco conheceu as dificuldades do povo cigano visitando algumas paróquias da periferia de Roma, onde escutou seus problemas e constatou que eles interpelam não somente a Igreja, mas também as autoridades locais. “Pude ver as condições precárias em que vivem muitos de vocês devido ao descuido e à falta de trabalho e de meios necessários para subsistir”. Isto contrasta com o direito de toda pessoa a uma vida digna, a um trabalho digno, à formação e à assistência de saúde, enfatizou o papa, declarando que “a ordem moral e social impõe que todo ser humano conte com os direitos fundamentais e responda aos próprios deveres”. É com esta base que se constrói a convivência pacífica, em que as diversas culturas e tradições cuidem dos respectivos valores numa atitude não fechada, mas de diálogo e integração. “Não queremos ver mais tragédias familiares em que as crianças morrem de frio ou no meio das chamas, ou se tornam objetos na mão de pessoas depravadas, ou em que os jovens e as mulheres se vêem envolvidos no tráfico de drogas e de seres humanos”.

O pontífice assegurou que ninguém deve sentir-se isolado nem autorizado a pisotear a dignidade e os direitos dos outros. “É o espírito da misericórdia que nos chama a lutar para que todos estes valores sejam garantidos”.

O papa os convidou ainda a seguir o exemplo do beato cigano Ceferino Giménez Malla, “que se distinguiu pelas suas virtudes, humildade, honestidade e grande devoção à Virgem Maria”. E pediu aos presentes que não dêem aos meios de comunicação e à opinião pública “ocasiões para falar mal de vocês. Vocês são protagonistas do seu presente e do seu futuro. E podem contribuir para o bem-estar e o progresso da sociedade respeitando as leis, cumprindo os seus deveres e integrando-se através da emancipação das novas gerações”.

Ao encerrar, o Santo Padre afirmou que as instituições civis devem assumir o compromisso de garantir percursos formativos adequados para os jovens ciganos, dando também às famílias que vivem em condições desfavoráveis a possibilidade da inserção escolar e laboral. O processo de integração, destacou, coloca para a sociedade o desafio de conhecer a cultura, a história e os valores da população cigana.

(27 de Outubro de 2015) © Innovative Media Inc.
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