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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Terra Santa: os cristãos estão cansados de pagar o preço do conflito Israel-Palestina

A comunidade cristã constituía 20% da população em 1947; hoje, mal chega a 2%

Roma, 29 de Outubro de 2015 (ZENIT.org)

"Os peregrinos têm muito medo e não visitam mais a Terra Santa. Nós, cristãos, estamos pagando o preço de cada onda de violência, de cada intifada", desabafou Alfred Raad, comerciante cristão de Jerusalém, para a fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

Sentado atrás do balcão de sua loja que está vazia já faz vários dias, ele conta que as tensões entre israelitas e palestinianos influenciam na única fonte de sustento dos agora poucos cristãos ainda presentes na Terra Santa: o turismo. "Toda vez que há confrontos entre as duas facções, fica tudo inativo durante muito tempo e eu me obrigo a pedir dinheiro emprestado para sustentar a minha família e mandar os meus filhos para a escola. Mas eu não posso continuar assim". Na porta da lojinha, um cartaz do papa Francisco convida os clientes a entrarem. Mas não há ninguém olhando os rosários, velas e demais artigos religiosos. Como na de Alfred, nem nas outras tantas lojas administradas por cristãos há cliente algum.


As dificuldades económicas e o desemprego estão entre as principais causas do êxodo em massa dos cristãos da Terra Santa. A pequena comunidade, que constituía 20% da população em 1947, mal chega hoje a 2%.


As únicas oportunidades de emprego estão no turismo e na produção de artigos religiosos. A arte em madeira de oliveira e madrepérola é uma tradição antiga, importada pelos padres franciscanos no século XV e passada de geração em geração. Para as famílias de fiéis, esta arte expressa a sua identidade religiosa e ao mesmo tempo é um meio de vida, que lhes permite continuar a viver na própria terra natal.


O padre David Neuhaus, jesuíta responsável pela pastoral dos cristãos de língua hebraica, destaca a importância da presença cristã na região. "Nós somos cerca de 2%, tanto na Palestina quanto em Israel, e somos chamados a ser pontes de paz. É por isso que temos que nos esforçar para promover os valores em que acreditamos dentro de ambas as sociedades". Os temores do religioso, no entanto, são de que o conflito entre Israel e a Palestina cause um racha entre os cristãos palestinianos e não-palestinianos. "A Igreja está muito empenhada em promover a unidade dentro da comunidade cristã. É um verdadeiro desafio: se as divisões nacionais são reais, especialmente nestes dias de conflito que estamos vivendo, a unidade que vem da nossa fé deve ser tão real quanto".


Através da Ajuda à Igreja que Sofre, Alfred apela aos companheiros cristãos de todo o mundo. "Continuem a visitar a Terra Santa! É a única maneira de nos ajudar. Se nós, cristãos, não vivermos mais aqui, a Cidade Velha e a Igreja do Santo Sepulcro vão se tornar um museu. E na Terra Santa não vai haver mais pedras vivas".

(29 de Outubro de 2015) © Innovative Media Inc.
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