Jubileu de ouro do 4º Marco Histórico de Schoenstatt
Roma,
22 de Outubro de 2015
(ZENIT.org)
Pe. Alexandre Awi Mello
No dia 22 de outubro se celebra 50 anos da reabilitação do Padre
José Kentenich (1885-1968) pelas autoridades da Igreja e do final do seu
exílio. Há exatamente um ano, na audiência celebrativa dos 100 anos do
Movimento Apostólico de Schoenstatt, o Papa Francisco se disse
impressionado com a “incompreensão e a rejeição que teve que sofrer o Padre Kentenich”. E explicou: “Esse
é o sinal de que um cristão vai à frente: quando o Senhor o faz passar
pela prova da rejeição. Porque é o sinal dos profetas. Os falsos
profetas nunca foram rejeitados, porque diziam aos reis ou às pessoas o
que eles queriam ouvir”. Os falsos profetas concordam com tudo, dizem: “Ah, que bonito. E mais nada”. Já para os que são rejeitados, continua ele, se faz necessária “a capacidade de aguentar”, ou seja, “suportar na vida ser deixado de lado, rejeitado, sem se vingar com a língua, com a calúnia e a difamação”.
O Papa descreve assim, com precisão e beleza, o profetismo do Padre
Kentenich e sua reação paciente diante da rejeição sofrida. De fato,
abundam na história da Igreja situações em que fundadores proféticos,
imbuídos de uma inspiração particular do Espírito Santo, não são bem
compreendidos pelas pessoas do seu tempo e, muitas vezes, pela própria
hierarquia da Igreja. As provas, às quais são submetidos, não são mais
que o caminho querido por Deus para comprovar a veracidade da profecia e
a vigência da missão que lhes foi confiada.
Com o Fundador do Movimento de Schoenstatt não foi diferente. O Padre
José Kentenich passou por difíceis perseguições em diferentes momentos
da sua vida. Por três anos e meio (1941-1945) foi prisioneiro do regime
nazista e sobreviveu ao “inferno de Dachau”, campo de concentração ao
sul da Alemanha, para onde eram enviados os religiosos considerados
inimigos do Nacional Socialismo. A prova mais difícil, contudo, ainda
estava por vir. A partir de 1949 sua obra foi submetida a uma Visitação
Apostólica, conduzida pelo Santo Ofício. Aspectos concretos da prática
pedagógica do Movimento eram vistos com desconfiança e considerou-se
mais adequado afastar o fundador da sua fundação.
O Padre Kentenich cumpriu seu exílio na cidade de Milwaukee, norte
dos Estados Unidos. Manteve-se inabalável em suas convicções e continuou
defendendo-as. Enfrentou, contudo, esse tempo com paz interior,
confiança inabalável na Providência e sorriso no rosto, sem jamais
difamar ou falar mal da Igreja. A maioria das pessoas que conviviam com
ele não tinha nem ideia de que ele estava exilado. Carregou esta pesada
cruz durante longos quatorze anos (o paralelo com as quatorze estações
da via sacra é inevitável), que só foram interrompidos graças ao
Concílio Vaticano II.
Com os “novos ventos” que invadiram a Igreja, estava preparado o
terreno para que, finalmente, a Igreja hierárquica pudesse entender o
carisma de Schoenstatt e a profecia do seu fundador. No dia 22 de
outubro de 1965, às vésperas do final do Concílio, o Papa Paulo VI
assinou o decreto em que se suspendiam as acusações e se reabilitava o
Padre José Kentenich. Uns dias depois, o Papa o recebeu em audiência e o
Fundador lhe prometeu “a colaboração de Schoenstatt para a realização
da missão pós-conciliar da Igreja”. Apesar da mobilização de bispos e
cardeais, as circunstâncias demonstraram que, mais que obra humana, sua
reabilitação foi um milagre e uma graça da Mãe Três Vezes Admirável, a
quem consagrou sua vida e sua Obra. Já com 80 anos de idade, ele pôde
retornar a Schoenstatt, às margens do Reno, na Alemanha, onde passou os
últimos três anos da sua vida trabalhando intensamente pela obra que
Deus lhe havia inspirado.
Por seu pedido explícito gravou-se em seu túmulo uma frase que resume a sua vida: “Dilexit ecclesiam”
(Amou a Igreja). Ao invés de distanciá-lo, as incompreensões sofridas
reforçaram ainda mais seu amor à Igreja e a certeza do carisma recebido.
Se a obra não fosse de Deus, melhor que não existisse, foi sempre a sua
convicção. Ao celebrar os 50 anos destes acontecimentos, a Família de
Schoenstatt renova seu compromisso de amar e servir a Igreja com o
coração missionário e o compromisso profético do seu fundador.
(22 de Outubro de 2015) © Innovative Media Inc.
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