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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Chile: preocupação com proposta de lei abortista

Elizabeth Bunster apresentou ao Santo Padre o Projecto Esperança, para mulheres que já abortaram


Roma, 02 de Fevereiro de 2015 (Zenit.org) Sergio Mora


A presidente do Chile, Michelle Bachelet, assinou neste sábado o seu projecto de lei de aborto, de acordo com o programa exposto na campanha eleitoral. A Igreja católica se opôs à despenalização da prática, inclusive nos casos de risco para a vida da mãe, inviabilidade fetal e estupro. Além disso, a Igreja destacou que não aceita realizar abortos em suas estruturas de saúde, embora a proposta do governo limite gravemente a objecção de consciência e defina que as instituições deverão realizar os abortos. O projecto de lei do governo começará a ser discutido em Março no congresso, depois das férias de Fevereiro.

O reitor da Universidade Católica, Ignacio Sánchez, foi categórico: “Se há médicos da Rede da Universidade Católica dispostos a fazer abortos, deverão ir trabalhar em outros lugares. Em nossa Rede UC Christus não faremos abortos. Nossos princípios e valores não vão mudar por causa de um determinado projecto de lei. Isto é definitivo”.

Na semana passada, uma das directoras do Projecto Esperança no Chile, Elizabeth Bunster, se encontrou com o Santo Padre na audiência no Vaticano e lhe expôs o trabalho de acompanhamento a mulheres que abortaram, dentro de um processo de perdão e cuidados psicológicos e espirituais promovido pela iniciativa.

Segundo o site da Conferência Episcopal do Chile, Elizabeth Bunster vem acompanhando há 15 anos a dor das mulheres que viveram um aborto. “Alguns vêem o aborto como uma solução, mas não é. Em todos estes anos, temos visto e sentido a dor permanente de muitas das mulheres que abortaram. Não é que seja uma lembrança dolorosa; é uma dor constante, uma ferida aberta, porque cada momento tem alguma conexão com a ausência desse filho”.

Depois de escutá-la atentamente, o papa disse que esta é uma preocupação que ele traz no coração e as incentivou a continuar trabalhando.

“Para nós foi uma bênção. Sabemos da dor de muitas mulheres que sofrem em silêncio, e aquele ‘continuem trabalhando’, que ele até nos reiterou quando ia se afastando, eu entendo como uma mensagem para protegermos em nosso país a grande riqueza que é o cuidado total da vida desde a concepção, e para não aceitarmos o aborto em nenhuma circunstância, especialmente por causa de tanto sofrimento que ele causa à mulher, com sequelas que tiram a paz e a alegria”, declarou Elizabeth.

“Este é um apelo que temos de fazer aos nossos políticos, aos nossos parlamentares, para que eles não considerem o ser humano como o problema que tem que ser eliminado, mas, pelo contrário, para que eles dêem apoio concreto à mulher grávida em situações críticas. Nunca uma mãe vai esperar que uma lei, uma sociedade, lhe entregue a morte como solução. A mãe sempre vai ter a esperança, inclusive nas circunstâncias mais difíceis, de ir em frente. Mas não podemos juntar a uma situação difícil, traumática, como um estupro, por exemplo, outra alternativa que é um segundo trauma”.

Elizabeth Burnster entregou ao papa o livro “Senhor, onde está meu filho?”, com uma série de depoimentos de mulheres e homens que viveram a experiência do aborto.

Em 1983, uma amiga de Elizabeth acabou abortando porque não tinha ninguém que a apoiasse numa situação complexa de gravidez. Foi então que nasceu a preocupação da actual assistente social, que, na época, era estudante universitária. Junto com seu marido Raúl Díaz, com quem tem 7 filhos, e com outros colegas, ela fundou naquele ano um lar para acolher mulheres grávidas.

Hoje, Elizabeth é também a coordenadora de uma nova iniciativa de apoio a gestantes em situação vulnerável, a Coordenação Chile é Vida (www.chileesvida.cl), que reúne mais de 70 projectos de norte a sul do país.

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