Particular interesse é voltado ao binómio família-media
Roma, 30 de Junho de 2014 (Zenit.org) Jorge Henrique Mújica
A Santa Sé divulgou o texto que servirá de base para o
trabalho do sínodo dos bispos de Outubro deste ano, em Roma, que, por
vontade do papa Francisco, abordará os desafios pastorais da família no
contexto da evangelização.
Desde que foi revelada a temática central do sínodo, especulou-se
quase exclusivamente que o tema giraria em torno da permissão de
comungar que viria a ser concedida às pessoas divorciadas civilmente e
unidas a outros cônjuges em novas núpcias civis. O texto-base, porém,
vai muito além desta problemática específica. Um exemplo de particular
interesse é a atenção dedicada ao binómio família-media.
A relação entre os meios de comunicação e a família é tocada na
segunda parte do documento (intitulado “A pastoral da família perante os
novos desafios”), em especial na secção “Situações críticas internas à
família”. São dois os números que falam mais especificamente sobre
“Dependências, meios de comunicação e redes sociais”: o número 68 e o
69.
O número 68 aborda o tema concentrando-se na dependência da internet e
das redes sociais e nos problemas relacionais consequentes:
“A televisão, os smartphones e os computadores podem se tornar um
impedimento real para o diálogo entre os membros da família, por
alimentarem relações fragmentadas e alienação: mesmo na família,
verifica-se a tendência ao uso crescente da tecnologia na comunicação.
Deste modo, acabam-se vivendo relações virtuais entre os membros da
família, nas quais os meios de comunicação e o acesso à internet
substituem cada vez mais as relações reais […] Existe a possibilidade de
que o mundo virtual se transforme em uma autêntica realidade
substitutiva […] As respostas destacam reiteradamente que estes
instrumentos se apoderam inclusive do tempo livre da família”.
O número 69 enfatiza o excesso informativo, o “aumento exponencial da
informação recebida, que, com frequência, não é acompanhado por um
aumento da qualidade, além da impossibilidade de se verificar sempre a
credibilidade das informações disponíveis on line”.
O “instrumentum laboris” apresenta os meios de comunicação, portanto,
como um desafio para a família. Não se trata de uma sentença sobre a
bondade ou maldade dos meios de comunicação, e sim de uma consideração
do seu uso como um desafio no ambiente do lar.
No primeiro caso, pode-se agregar uma consideração a mais: estamos
diante das primeiras gerações “criadas digitalmente”, já que, em muitos
lares, a convivência se concretiza só através de dispositivos móveis
carentes de senso relacional autêntico, mas que dão a impressão
psicológica de proximidade. No segundo caso, temos uma saturação
noticiosa que, no longo prazo, forma pessoas incapazes de discernir,
julgar e emitir pareceres ponderados. Tratando-se de fenómenos vistos
como situação crítica interna à família, pressupõe-se que só dentro dela
podem ser encontradas as soluções autênticas.
O “instrumentum laboris” reúne as contribuições de todos os episcopados do mundo e as respostas enviadas à secretaria do sínodo dos bispos pelos dicastérios da cúria romana, pela União de Superiores Gerais e por associações, universidades, grupos e indivíduos.
(30 de Junho de 2014) © Innovative Media Inc.
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