Card. Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong em entrevista à Asia News fala da ambiguidade e problemas de diálogo entre o Vaticano e China e urgência de ordenar bispos clandestinos.
Roma, 11 de Julho de 2014 (Zenit.org)
“Me permiti sugerir ao Papa Francisco nas páginas do
Corriere della Sera que se Pequim o convidar a ir à China, o pontífice
deve ter cuidado porque, actualmente, eles não têm intenção sincera de
dialogar”, disse o Cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong em
entrevista à agência Asia News.
O prelado disse ter recordado ao vaticano o método mentiroso de
diálogo dos comunistas chineses. “Em outras ocasiões escrevi a Roma
recordando-lhes o método usado pelos comunistas chineses para vencer os
nacionalistas: é o diálogo! Fingiram que dialogavam, mas enquanto
dialogavam combatiam e conquistavam”.
Mons. Ma Daqin, que está em prisão domiciliar há dois anos por ter
pedido para sair da Associação Patriótica, é um dos nomes de mártires
vivos que o card. Zen cita nesta entrevista. O card. Zen falou que Mons.
Daqin enviou uma mensagem para ser enviada ao Papa Francisco: “que não
tenha medo de dizer a verdade, sem preocupar-se da situação de Ma. ‘Não
se preocupem comigo, preocupem-se pela verdade’.
E como dialogar com quem não quer dialogar? “Na China destroem
igrejas; eliminam cruzes; publicaram o “livro azul” onde afirmam que a
religião é uma ameaça para a sociedade socialista... é uma situação que
não incentiva o diálogo”, diz o prelado.
“A minha impressão é que onde existe um clero numeroso e unido, a
Igreja consegue resistir. Mas é preciso incentivá-los. Por isso,
esperamos que a Santa Sé não se iluda com o diálogo, mas confie na
clareza, na verdade, incentivando o testemunho dos fieis”.
“Além do mais, do que temos que ter medo? Temos medo de que rompendo o
assim chamado diálogo, o governo comece a ordenar bispos ilícitos. E
então? Estes permanecem excomungados e os fieis os evitam! E por que ter
medo de ordenar bispos clandestinos? Porque se teme que ordenando-os,
eles sejam colocados nas prisões? Mas, são eles mesmos que afirmam que
não temem. Eles só têm medo de que Roma fique em silêncio, e ficam sem
saber se estão fazendo bem ou mal... é necessário clareza para ser fieis
aos princípios da Igreja. O povo de Deus na China tem direito à
clareza”, argumentou.
O prelado, porém, afirma que é preciso fazer todo o possível para o
diálogo, mas se esse não é possível, é “preciso actuar rápido porque a
nossa Igreja está perecendo”. (Asia News / Red.TS)
(11 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc.
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