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terça-feira, 15 de julho de 2014

Francisco envia mensagem para reunião no México sobre imigração de menores desacompanhados

O papa destaca a emergência humanitária e pede medidas aos países envolvidos


Cidade do Vaticano, 14 de Julho de 2014 (Zenit.org)


No encontro “Colóquios México-Santa Sé sobre imigração internacional e desenvolvimento”, realizado hoje, 14 de Julho, na capital mexicana, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolín, leu uma mensagem enviada pelo papa Francisco.

O Santo Padre denuncia a "emergência humanitária" representada pelo aumento do número de crianças que migram desacompanhadas para os Estados Unidos e exigiu medidas urgentes para protegê-las.
Referindo-se às ameaças que os migrantes padecem, o papa destacou os perigos que emboscam as crianças enquanto elas viajam, absurdamente sozinhas, da América Central e do México rumo aos Estados Unidos.

"Esta é uma categoria de migrantes que, da América Central e do México, atravessam a fronteira com os Estados Unidos em condições extremas, em busca de uma esperança que, na maior parte das vezes, acaba sendo vã", disse o pontífice, que pediu a "atenção da comunidade internacional diante deste desafio" e medidas concretas por parte dos países envolvidos.




O secretário de Relações Exteriores do México, José Antonio Meade, manteve hoje uma reunião de trabalho com os ministros de Relações Exteriores da Guatemala, Fernando Carrera Castro, de Honduras, Mireya Agüero de Corrales, e de El Salvador, Hugo Roger Martínez Bonilla, bem como com o conselheiro do Departamento de Estado norte-americano, Thomas Shannon.

Reproduzimos o texto completo da mensagem do papa Francisco:

* * *

Desejo dirigir a minha saudação aos organizadores, relatores e participantes do “Colóquio México-Santa Sé sobre mobilidade humana e desenvolvimento”. A globalização é um fenómeno que nos interpela, especialmente em uma das suas principais manifestações: a emigração.

Trata-se de um dos “sinais” destes tempos que vivemos e que nos recordam as palavras de Jesus: “Por que não julgais vós mesmos o que é justo?”. Não obstante o grande fluxo de migrantes presentes em todos os continentes e em quase todos os países, a migração é vista ainda como uma emergência ou como um fato circunstancial e esporádico, embora já tenha se tornado um elemento característico e um desafio para as nossas sociedades.



É um fenómeno que traz consigo grandes promessas junto com múltiplos desafios. Muitas pessoas obrigadas a emigrar sofrem e, com frequência, morrem tragicamente; muitos dos seus direitos são violados; elas são obrigadas a se separar das famílias e, lamentavelmente, continuam sendo objecto de atitudes de racismo e de xenofobia.


Perante tal situação, repito o que tive a oportunidade de afirmar na Mensagem para a Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado deste ano: “É necessária uma mudança de atitude para com os migrantes e refugiados por parte de todos. Passar de uma atitude de defesa e de medo, de desinteresse ou de marginalização, que, no fim das contas, equivale precisamente à cultura do descarte, para uma atitude que tenha na base a cultura do encontro, a única capaz de construir um mundo mais justo e fraterno, um mundo melhor”.


Considero urgente, além disso, chamar a atenção para dezenas de milhares de crianças que emigram sozinhas, não acompanhadas, para escapar da pobreza e das violências: esta é uma categoria de migrantes que, da América Central e do México, atravessa a fronteira com os Estados Unidos da América em condições extremas, em busca de uma esperança que, na maioria das vezes, acaba sendo vã. O número dessas crianças aumenta dia a dia.

Tal emergência humanitária reclama, em primeiro lugar, intervenção urgente: que esses menores sejam acolhidos e protegidos. Estas medidas, porém, não serão suficientes se não forem acompanhadas por políticas de informação sobre os perigos de uma viagem dessa natureza e, acima de tudo, de promoção do desenvolvimento nos seus países de origem.


Finalmente, é necessário, diante deste desafio, chamar a atenção de toda a comunidade internacional para que sejam adoptadas novas formas de migração legal e segura.


Desejo um grande sucesso à admirável iniciativa do Ministério de Assuntos Exteriores do governo mexicano ao organizar um colóquio de estudo e reflexão sobre o grande desafio da emigração e, de coração, concedo a cada um dos presentes a minha Bênção Apostólica.

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