O papa destaca a emergência humanitária e pede medidas aos países envolvidos
Cidade do Vaticano, 14 de Julho de 2014 (Zenit.org)
No encontro “Colóquios México-Santa Sé sobre imigração
internacional e desenvolvimento”, realizado hoje, 14 de Julho, na
capital mexicana, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro
Parolín, leu uma mensagem enviada pelo papa Francisco.
O Santo Padre denuncia a "emergência humanitária" representada pelo
aumento do número de crianças que migram desacompanhadas para os
Estados Unidos e exigiu medidas urgentes para protegê-las.
Referindo-se
às ameaças que os migrantes padecem, o papa destacou os perigos que emboscam as crianças enquanto elas viajam, absurdamente sozinhas, da
América Central e do México rumo aos Estados Unidos.
"Esta é uma categoria de migrantes que, da América Central e do
México, atravessam a fronteira com os Estados Unidos em condições
extremas, em busca de uma esperança que, na maior parte das vezes, acaba
sendo vã", disse o pontífice, que pediu a "atenção da comunidade
internacional diante deste desafio" e medidas concretas por parte dos
países envolvidos.
O secretário de Relações Exteriores do México, José Antonio Meade,
manteve hoje uma reunião de trabalho com os ministros de Relações
Exteriores da Guatemala, Fernando Carrera Castro, de Honduras, Mireya
Agüero de Corrales, e de El Salvador, Hugo Roger Martínez Bonilla, bem
como com o conselheiro do Departamento de Estado norte-americano, Thomas
Shannon.
Reproduzimos o texto completo da mensagem do papa Francisco:
* * *
Desejo dirigir a minha saudação aos organizadores, relatores e
participantes do “Colóquio México-Santa Sé sobre mobilidade humana e
desenvolvimento”. A globalização é um fenómeno que nos interpela,
especialmente em uma das suas principais manifestações: a emigração.
Trata-se de um dos “sinais” destes tempos que vivemos e que nos
recordam as palavras de Jesus: “Por que não julgais vós mesmos o que é
justo?”. Não obstante o grande fluxo de migrantes presentes em todos os
continentes e em quase todos os países, a migração é vista ainda como
uma emergência ou como um fato circunstancial e esporádico, embora já
tenha se tornado um elemento característico e um desafio para as nossas
sociedades.
É um fenómeno que traz consigo grandes promessas junto com múltiplos
desafios. Muitas pessoas obrigadas a emigrar sofrem e, com frequência,
morrem tragicamente; muitos dos seus direitos são violados; elas são
obrigadas a se separar das famílias e, lamentavelmente, continuam sendo objecto de atitudes de racismo e de xenofobia.
Perante tal situação, repito o que tive a oportunidade de afirmar na
Mensagem para a Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado deste ano: “É
necessária uma mudança de atitude para com os migrantes e refugiados
por parte de todos. Passar de uma atitude de defesa e de medo, de
desinteresse ou de marginalização, que, no fim das contas, equivale
precisamente à cultura do descarte, para uma atitude que tenha na base a
cultura do encontro, a única capaz de construir um mundo mais justo e
fraterno, um mundo melhor”.
Considero urgente, além disso, chamar a atenção para dezenas de
milhares de crianças que emigram sozinhas, não acompanhadas, para
escapar da pobreza e das violências: esta é uma categoria de migrantes
que, da América Central e do México, atravessa a fronteira com os
Estados Unidos da América em condições extremas, em busca de uma
esperança que, na maioria das vezes, acaba sendo vã. O número dessas
crianças aumenta dia a dia.
Tal emergência humanitária reclama, em primeiro lugar, intervenção
urgente: que esses menores sejam acolhidos e protegidos. Estas medidas,
porém, não serão suficientes se não forem acompanhadas por políticas de
informação sobre os perigos de uma viagem dessa natureza e, acima de
tudo, de promoção do desenvolvimento nos seus países de origem.
Finalmente, é necessário, diante deste desafio, chamar a atenção de
toda a comunidade internacional para que sejam adoptadas novas formas de
migração legal e segura.
Desejo um grande sucesso à admirável iniciativa do Ministério de
Assuntos Exteriores do governo mexicano ao organizar um colóquio de
estudo e reflexão sobre o grande desafio da emigração e, de coração,
concedo a cada um dos presentes a minha Bênção Apostólica.
(14 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc.
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