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sábado, 12 de julho de 2014

«Eu, homossexual e ex-activista gay, vivo segundo os ensinamentos da Igreja. E sou feliz»

Philippe Ariño, autor de «Homossexualidade contra corrente» 

Philippe Ariño encontrou a felicidade na fé e a castidade...
E denuncia a tristeza maquilhada da vida gay
Actualizado 22 de Maio de 2014

Benedetta Frigerio / Tempi.it

«A homossexualidade é a primeira forma de homofobia».

Quem fala assim é Philippe Ariño, homossexual espanhol de 34 anos, que actualmente ensina idiomas em Paris.

Blogger e participante do mundo do activismo LGBT, começou-se a falar dele em 2011, quando revelou que tinha mudado de vida. Em 2013 guiou em primeira linha a batalha contra a legalização do “matrimónio para todos” francês e é autor do livro (agora em italiano) Omosessualità controcorrente, que em França vendeu mais de dez mil cópias.

Foi ele quem aconselhou Frigide Barjot, ex-porta-voz da Manif pour tous, que não falasse de heterossexualidade, porque «então se perde não só a batalha, mas também a guerra».

Entrevistado por Tempi.it, Ariño explica que «para salvar o ser humano de si mesmo há que ir à origem do problema. É o que tentamos fazer na rua com os Veilleurs» [os "veladores", os que estão "em vela"].

- Conte-nos a sua história. Como cresceu?
- Tinha uma péssima relação com o meu pai e quando era adolescente não conseguia ter amizades masculinas. Depois entendi e admiti que as minhas tendências homossexuais eram o sintoma de uma “ferida”; só desta maneira o meu sofrimento começou a diminuir.

Ser homossexual é um sofrimento, não é uma escolha ou um pecado ou algo inócuo: conheço mais de noventa pessoas com pulsões homossexuais que foram violadas. Agora o mundo LGBT odeia-me pelo que digo, mas repito-o também a eles: a homossexualidade é uma ferida que não se alivia tendo relações. Se não o admites, nunca terás paz.

- Quando mudou o seu modo de entender a homossexualidade?

- Em 2011 descobri a beleza da continência. Tinha começado a reconhecer que algo não ia bem e voltei à igreja. Durante uma conferência falei da minha condição e dei-me conta de que me ajudava. Não só isso: explicando o meu drama consegui ajudar muitas pessoas, inclusive homens e mulheres casados.

- Foi difícil?
- Encontrei um caminho, mas há muitos. Outros também conseguem superar estas pulsões; eu descobri que reconhecendo a minha ferida e oferecendo-a a Cristo e à Igreja a minha condição dolorosa convertia-se numa festa. Ao não praticar a homossexualidade não estou dizendo que “não” às minhas pulsões, mas “sim” a Deus: é um sacrifício para ter o melhor, o máximo, algo que antes não tinha. Nós pensamos que o Senhor nos quer só si estamos bem: é o contrário, Ele ajuda a quem o necessita e se ofereces os teus limites Ele faz grandes coisas. 

- Porque as relações homossexuais não o faziam feliz?
- Quando tinha relações com outros homens olhava-os de maneira possessiva, sentia satisfação no momento. Mas estava só e nunca me sentia completo. Nesses momentos ficas com a ilusão de poder viver a sexualidade como os outros, mas a verdade é que a sexualidade se pode viver só na diferença sexual.

- Que mudou concretamente na sua vida actual?
- Antes sentia-a sempre inferior aos homens, porque a homossexualidade é invejosa. Agora, depois de descobrir que Deus me ama e que sou seu filho, desejado e amado, não me sinto inferior a nenhum homem. E assim, depois de muitos anos, descobri a beleza da amizade masculina, que não mudaria com as relações do passado, quando fingia que conseguia realizar-me como o homem e a mulher nas relações.

- Quem, como você, renegou o seu passado não é muito amado na comunidade LGBT. Como vive a relação com o mundo que frequentava?
- Puseram-me na lista negra. Ameaçam-me e classificam-me de homofóbico, mas não teria resistido com eles: é um mundo de mentiras, que exteriormente se mostra alegre e por dentro está cheio de raiva e de tristeza. A maioria dos actos homofóbicos e dos insultos contra as pessoas com a minha tendência provêm de pessoas que tem feridas como a minha, que gritam e vociferam porque são frágeis.

Os activistas aplaudem-te quando falas, mas és olhado só pela tua sexualidade, como se fosses um animal ou um individuo de série B que tem que ter direitos especiais. Por isto digo que somos os piores inimigos de nós mesmos. Na Igreja, por outro lado, encontrei pela primeira vez alguém que me acolheu como pessoa, tendo em conta tudo o que é Philippe. 

- Você sustêm nos seus encontros que a homossexualidade se está propagando, porquê?
- A identidade é cada vez mais frágil. Propaga-se porque o homem e a mulher, também os que vivem juntos, frequentemente não reconhecem a beleza da diferença e já não se encontram. Não sabem porque se casam, estão juntos mas estão por sua vez sós, vivem a relação de maneira egoísta e não entram em comunhão. Fica só o sentimento, até que este dure. Porque os dois sexos se sentem tão longe e afastados um do outro?

Creio que quando se corta o vínculo com Deus tudo se converte no nosso inimigo e então também a suspeita insinua-se entre o homem e a mulher. Por outro lado, as pessoas deveriam casar-se para ajudar-se mutuamente a voltar a Quem as criou: onde não chega o homem, chega a mulher. De contrário fica só a possessão que divide. E tudo isto danifica os filhos. Se não partimos desta consciência, nunca resolveremos o problema. Se jogamos a partida em outros campos, já a temos perdido.

- A que se refere?
- A ministra francesa da Justiça, Christiane Taubira, mãe da lei sobre os matrimónios gay, começou dizendo que tinha que distinguir entre matrimónio heterossexual e homossexual. Isto é uma mentira terminológica que não se ajusta à realidade e que não devemos aceitar. Há que dizer que não existe a heterossexualidade, existem só o homem e a mulher, diferentes e complementares.

Além disso, não se deve excluir do debate a questão homossexual em si mesma. Se se está propagando é responsabilidade de cada um de nós entender que é e de onde vem, fazendo compreender a todos o que enfrentamos. Pelo mesmo motivo sempre digo que não é suficiente fazer um discurso cujo ponto de partida seja o direito das crianças, mas no qual se omite e tolera com indiferença as relações homossexuais. Só entendendo o sofrimento que dele se deriva e o facto de que se trata de uma amizade ambígua, incapaz de amor, compreende-se que o único álveo de crescimento para uma criança é a família com mãe e pai.

Inclusive nos pares do mesmo sexo mais estáveis, onde se procura o respeito, não há felicidade. Conheço alguns e frequentemente são precisamente eles os que me entendem. Durante uma conferência, um homem que tinha uma convivência estável desde há 20 anos disse-me: «Que razão tens!». Outras perguntam-se: «Mas que vida estamos vivendo?». Se um entende isto já não pode dizer: «Pobres, deixemos que vivam como querem» e passar por caritativos como sucede hoje.

- Que se passará com as crianças que cresceram numa “nova” família?
- Se a criança não aprende a beleza da diferença, não será capaz de amar. Uma sociedade que finge que exalta as diferenças, mas depois as trata como uma ameaça, está educando uma geração que não saberá acolher o outro. Vivemos num mundo que se nega a olhar de frente a realidade, com as suas contradições e os seus limites, como o da sexualidade, hoje percebido como um perigo. Esta deformação da realidade humana está conduzindo a um colapso antropológico. E quanto mais avancemos neste sentido, mais crescerão as formas de solidão, neuroses e violência.

- Que se pode fazer?
- Como disse, respeitar a realidade e tentar voltar a entender a sua finalidade. No que a mim respeita, digo que Cristo, a sua verdade e a Igreja são a via para amar, ser amado e servir.

(Tradução de Helena Faccia Serrano, Alcalá de Henares)


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