
Declaração em Bruxelas
7MARGENS | 16/07/2025
A Pax Christi Internacional “apoia inequivocamente” Francesca Albanese, relatora especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinianos ocupados desde 1967”, repudiando, ao mesmo tempo, as sanções que o regime de Trump decidiu aplicar a esta representante das Nações Unidas.
Numa declaração em várias línguas, publicada esta segunda-feira, dia 14, em Bruxelas, aquela ONG católica internacional considera que as sanções “representam uma tentativa deliberada de silenciar vozes importantes que defendem a justiça, a paz e a dignidade humana”.
Referindo-se ao mais recente relatório produzido por Francesca Albanese – intitulado Da Economia da Ocupação à Economia do Genocídio – a Pax Christi sublinha que ele expõe em pormenor como interesses corporativos lucram com a ocupação ilegal da Cisjordânia e a contínua destruição de Gaza, por parte de Israel.
O trabalho da relatora especial da ONU “identifica as corporações cúmplices na perpetuação de um complexo sistema de dominação e opressão” e constitui “um apelo crucial à comunidade internacional – indivíduos, organizações e países – para romper com os compromissos comerciais que obstruem o florescimento dos direitos humanos, a promoção do bem comum e a busca por justiça para todos os povos”, nota ainda a Pax Christi.
A declaração cita palavras de Albanese, segundo a qual “a paz não é um sonho distante; é uma responsabilidade que carregamos juntos, baseada na verdade e na justiça”. Nessa linha, reafirma o “compromisso com a não violência, a verdade e a esperança duradoura de que a justiça será alcançada”.
A Pax Christi Internacional exige, por isso, “um cessar-fogo imediato e ilimitado e a salvaguarda das vidas e dos direitos palestinos”. Ao mesmo tempo, apela a todos os estados e atores para que “protejam a independência e a segurança de todos os relatores especiais e assegurem a sua capacidade irrestrita de denunciar abusos de direitos humanos”.
A posição inédita dos Estados Unidos de aplicar sanções à conhecida relatora especial da ONU para os direitos humanos na Palestina deveu-se essencialmente a dois motivos: ter instado o Tribunal Penal Internacional a investigar, perseguir e deter cidadãos dos EUA e de Israel, pelas responsabilidades que detêm nos ataques na Cisjordânia e no genocídio em Gaza; e por denunciar, no seu relatório mais recente, grandes empresas de vários setores económicos por, direta ou indiretamente, colaborarem no esforço de guerra e nos crimes contra a humanidade.
Esta medida desencadeou na internet um amplo movimento de solidariedade, que levou à proposta do nome de Francesca Albanese para prémio Nobel da Paz, que, no caso da organização Avaaz, ultrapassou já as 800 mil assinaturas.
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