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sábado, 12 de julho de 2025

Núncio na Ucrânia denuncia ataques cada vez mais frequentes a Kiev

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Leão XIV e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Castel Gandolfo nesta quarta-feira. Foto © Vatican Media

Edifício da Nunciatura atingido

 | 11/07/2025

A Nunciatura Apostólica de Kiev está entre os numerosos edifícios atingidos pelo ataque maciço russo com drones e mísseis balísticos lançados sobre a capital ucraniana na noite de 9 para 10 de julho. “Vi com meus próprios olhos e ouvi que alguns drones sobrevoaram a Nunciatura e as casas. Não sei o que procuravam”, disse o arcebispo Visvaldas Kulbokas, núncio na Ucrânia, ao Vatican News.

“Os ataques à cidade estão a intensificar-se cada vez mais, são muito mais frequentes e muito mais intensos do que os ataques – ainda que intensos – dos últimos três anos. Também esta noite e nas primeiras horas desta manhã, houve dezenas e dezenas de mísseis e drones”, relatou, numa entrevista dada esta quinta-feira, 10 de julho.

Para o prelado, “o que é preocupante é que se vê que os drones têm como alvo os bairros civis”. A Nunciatura localiza-se no bairro Shevchenkivskyi, onde estão também muitas embaixadas, e as estatísticas dizem que este é o bairro mais atingido em número de mísseis e drones de toda a Ucrânia, excluindo as cidades próximas da linha de frente, como Zaporizhzhia, Kharkiv, Kherson, Odessa e Sumy.

Os estilhaços das mais recentes explosões caíram a poucos metros da sua casa e causaram o pânico entre a população local. “Quando ouvimos explosões tão poderosas, não há como dormir e, portanto, descemos porque é preciso estar pronto para abandonar o prédio caso ele incendeie. Ficar nos andares superiores seria muito imprudente, porque lá não daria tempo de deixar o prédio, como acontece com todas as casas civis quando são atingidas. Para quem sobrevive, o problema é conseguir sair das casas a tempo, porque os drones, além da onda da explosão, têm o combustível a queimar. Além disso, tanto hoje quanto nos últimos dias, é impossível abrir as janelas porque toda a cidade está a arder, queimando o material tóxico do combustível dos mísseis e dos drones. Por algumas horas, é muito perigoso respirar o ar da cidade”, acrescentou o representante da Santa Sé.

Estes ataques aconteceram um dia depois de Leão XIV ter recebido em audiência o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na sua residência de férias em Castel Gandolfo. foi discutido o “conflito em andamento e a necessidade urgente de uma paz justa e duradoura”, informa o comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Durante o encontro, foi também reiterada “a importância do diálogo como o caminho melhor para pôr fim às hostilidades”. Leão XIV “expressou o seu pesar pelas vítimas e renovou as suas orações e proximidade ao povo ucraniano, incentivando todos os esforços para libertar os prisioneiros e encontrar soluções partilhadas”.

O Papa reafirmou ainda a sua disponibilidade de receber os representantes da Rússia e da Ucrânia, no Vaticano, “para negociações”, destaca o comunicado.




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